Lamentações de Jeremias



O autor e o texto
Nos mais antigos documentos hebraicos, a profecia de Jeremias e as Lamentações faziam parte do mesmo rolo e eram considerados como um só livro, de 57 capítulos.

Só mais tarde estes cinco capítulos foram colocados à parte, em razão de seu tema particular e de sua forma literária.

Cada um dos 22 versículos dos capítulos 1, 2 e 4, bem como cada grupo de 3 dos 66 versos do capítulo 3, começa por uma nova letra do alfabeto hebraico. Encontra-se essa forma literária no Salmo 119 e nos demais Salmos alfabéticos.

Os lamentos de Jeremias apresentam, pois, no texto original, um aspecto que as nossas traduções não podem reproduzir exatamente.

O cap. 5 de Lamentações tem um caráter muito particular: a 2ª frase de cada versículo é mais curta que a primeira, e a leitura em voz alta devia marcar um ritmo langoroso, um pouco semelhante a um ralentando em música, para melhor frisar a amplitude do desastre material e do declínio espiritual de Sião.



As circunstâncias históricas
Jerusalém tinha sucumbido sob longo cerco dos caldeus (confira 2 Reis 24:10-25:4). Nebuzaradã, chefe dos guardas de Nabucodonosor, havia queimado o templo do Senhor, o palácio real e todas as casas de alguma importância (2 Reis 25:8-9).

Os invasores demoliram os muros da cidade (2 Reis 25:10) levando cativos para a Babilônia os príncipes, os homens valorosos, os carpinteiros e os ferreiros (2 Reis 24:14-16; 25:11). Jerusalém devia, pois, oferecer um aspecto de trágica desolação.

Se 70 anos mais tarde essa desolação provoca as lágrimas de Neemias (Neemias 1:3-4), quanto mais a Jeremias, que ali está no momento, como única testemunha do Senhor no meio daquele drama.

Como devia sentir a necessidade de se lamentar sobre a cidade de Sião, à qual se prendiam tantas promessas e bênçãos.

O Espírito de Cristo em Jeremias
O profeta do 6º século antes de Jesus Cristo sofria amargamente, enquanto contemplava a angústia da "filha de Sião".

Ele se afligia pensando nas oportunidades de graça recusadas por Judá e nas infelicidades que o futuro reservava ainda para a cidade, por haver desdenhado as súplicas dos enviados do Senhor.

Seis séculos mais tarde o Senhor Jesus chorou sobre Jerusalém (Lucas 19:41-44), exprimindo decepção semelhante. Sião recusava de novo os convites do amor divino.

Assim, pois, pelo Espírito de Cristo que estava nele (1 Pedro 1:11), Jeremias profetizava a dolorosa experiência do Filho de Deus.

O Senhor Jesus, por Sua vez, teve paciência com Jerusalém (Mateus 23:35), mas aí foi crucificado. Sobre o Gólgota, Jesus Cristo sofreu Seu suplício perante a multidão que acorreu para assistir ao espetáculo (Lucas 23: 27-28, 35, 48-49), então, nos Seus sofrimentos suportados em silêncio, cumpriram-se as palavras do profeta.

"... Vós todos que passais pelo caminho, considerai e vede se há dor igual à Minha" - Lamentações 1:12).
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