Daniel


A época
Sexto século antes de Jesus Cristo. Perto de 130 anos se passaram desde que as 10 tribos do norte (o reino de Israel) foram levadas em cativeiro para a Assíria. De 597a 586 A.C., os caldeus cercaram Jerusalém e acabaram por se apoderar dela.

Nabucodonosor deportou para a Babilônia cativos de Judá, em levas sucessivas (2 Reis 24:14-16; 25:11; 2 Crônicas 36:20). Entre eles, jovens de raça real que deviam ser instruídos na ciência dos caldeus, para servirem no palácio do rei (Daniel 1:3-5).

O autor
Daniel foi um deles. Seus três amigos, Hananias, Misael e Azarias, partilharam de sua decisão de não se deixar contaminar com os manjares reais, carnes previamente oferecidas em sacrifício aos deuses pagãos.

Deus honrou essa integridade (confira 1 Cor. 8; 10:19-21) e, depois de uma prova de 10 dias (Daniel 1:8-16), os quatro jovens hebreus encontraram graça diante do administrador real e depois, de toda a corte.

Interrogados por Nabucodonosor, mostraram ter mais sabedoria que seus companheiros submetidos ao regime das festividades reais.

O rei admitiu-os a seu serviço (1:12); mais tarde, ele lhes proporá a responsabilidade da província de Babilônia (2:49; 3:30).

Daniel concordará em ter as funções de primeiro ministro (2:48). Momentaneamente despojado sob Belsazar (5:12), ele voltou a esse cargo (5:29), que conservou sob a dominação persa, durante os reinados de Dario e de Ciro (6:3, 28).

Daniel foi, pois, um servo fiel, testemunhando de Deus junto aos mais poderosos monarcas de sua época, e isso durante os 70 anos do cativeiro de Judá (de Nabucodonosor até Ciro).



Os seis primeiros capítulos
Se bem que história e profecia sigam juntas neste livro, ele se divide essencialmente em duas seções: uma histórica e uma profética.

Os capítulos 1-6 relatam o desenrolar dos fatos acontecidos de um reino a outro (Nabucodonosor cap. 1-4 Belsazar, cap. 5, Dario, cap. 6).

Narrações admiráveis, onde o profeta depende do seu Deus (cap. 1), interpreta os sonhos do rei (cap. 2 e 4) e transmite as mensagens do Todo-Poderoso aos soberanos temporais (cap. 2, 4 e 5). Seus companheiros são lançados na fornalha ardente porque se recusaram a dobrar os joelhos ante uma estátua de ouro (cap. 3).

Daniel é lançado na cova dos leões porque não quis dirigir súplicas senão ao Senhor (cap. 6). E nos dois casos seus adversários tiveram que sofrer o castigo destinado a esses fiéis servos de Deus.

Os seis últimos capítulos
Daniel 7 retoma, em outras formas, o grande tema profético iniciado em Daniel 2, na interpretação do primeiro sonho de Nabucodonosor.

Sob forma figurada, as duas passagens anunciam a sucessão dos quatro impérios universais da antiguidade, abrangendo 10 séculos de história:

Daniel 2 / Daniel 7
A cabeça de ouro (cap 2) / o leão (cap 7) = império da Babilônia, Nabucodonosor.
O peito de prata (2) / o urso (7) = império dos Medos e dos Persas, Ciro.
O ventre de bronze (2) / o leopardo (7) = império da Grécia, Alexandre.
As pernas de ferro e barro (2) / o animal muito poderoso (7) = império de Roma, César.

Daniel 8 prevê as circunstâncias que se seguem ao domínio medo-persa, apresentando sob o emblema de um pequeno chifre, um impostor que perseguirá o povo judeu; essa predição realizou-se literalmente na pessoa de Antíoco Epifânio, , rei da Síria (175-164 A.C.), mas ela descreve também, em termos muito explícitos, a pessoa do Anticristo, ditador universal do fim dos séculos.

Daniel 9 e 11 também lhe fazem alusão, estendendo-se sobre as características do adversário de Deus (2 Tessalonicenses 2.1-12; 1 João 2.18 e 4.3; Apocalipse 13).

A par desses acontecimentos revolucionários, aparece a profunda piedade do profeta. Os caps. 9,10 e 12 nô-lo mostram orando e pleiteando diante de Deus a causa do seu povo, e a seguir recebendo a promessa das recompensas reservadas aos fiéis e vencedores (cap. 11.32-35; 12.2-3, 9-13).



Daniel 9, profecia única na Bíblia
É a única passagem do Velho Testamento que permite prever com precisão a data da morte de Jesus Cristo.

As 69 semanas de anos (483 anos) contados a partir do momento em que Artaxerxes (445 A.C.) deu ordem para reconstruir Jerusalém (Neemias 2:6-8) terminam exatamente no ano da crucificação (29 A.D.).

**Quanto à manifestação do Anticristo, correspondendo à 70ª semana, pertence ainda ao futuro; a obra expiatória realizada no Calvário abriu no calendário de Deus, uma era de graça para o mundo. Ela está como que interposta entre a 69ª e a 70ª semana de anos de Daniel 9:24-27.

Daniel era cativo dos caldeus e dos persas: 6 séculos mais tarde, um outro cativo, o apóstolo João, exilado em Patmos (Apocalipse 1:9) retomará, no último livro da Bíblia, o tema confiado ao profeta exilado na Babilônia. Não é, pois, sem razão que seu livro foi designado o Apocalipse do Velho Testamento.

A autenticidade do livro
A extraordinária precisão com que Daniel descreve o avanço dos acontecimentos políticos e militares sobrevindo entre o 5º e o 2º século A.C. (cap. 8-9 e 11) levou certos críticos a atribuir essa profecia a um autor diferente, que teria vivido em uma época posterior.

O homem natural nunca pode admitir o milagre da inspiração, nem conceber o papel do Espírito Santo inspirando os profetas a falarem da parte de Deus (2 Pedro 1:21).

O próprio Senhor Jesus Cristo referiu-se explicitamente ao profeta Daniel (Mateus 24:15), conferindo uma autoridade divina inegável a seus escritos. Sem hesitar, nós nos colocamos a Seu lado, aceitando sem reserva a paternidade de Daniel para o 5º livro profético do Velho Testamento.

**O cálculo é feito em anos de 360 dias, aos quais convém acrescentar 8 anos devido à diferença em relação aos anos do calendário juliano


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