Ezequiel


A época
Muito moço ainda, Ezequiel assiste ao desmoronamento dos últimos anos do reino de Judá. Fazia mais ou menos 25 anos que ele fora levado cativo por Nabucodonosor para a Babilônia, com a elite dos habitantes de Jerusalém.

Depois de se estabelecer nas margens do rio Quebar, na Mesopotâmia, ele exerce as funções de sacerdote para com os refugiados de seu povo.

Então Deus começa a falar-lhe, e durante cerca de 23 anos continuará a Se revelar a ele. Os comentadores atribuem a esses acontecimentos as datas de 600 a 570 antes de Jesus Cristo.

Ezequiel, o filho do homem
Seu papel é particularmente ingrato. O Senhor o chama para ser uma sentinela que advirta o povo dos perigos que o esperam.

A responsabilidade das almas permanece sobre ele, mesmo quando os judeus do cativeiro recusavam-se a ouvi-lo. Sua missão é imperiosa!

"Nem a muitos povos de estranho falar, e de língua difícil, cujas palavras não possas entender; se Eu aos tais te enviasse, certamente te dariam ouvidos. Mas a casa de Israel não te dará ouvidos, porque não Me quer dar ouvidos a Mim; pois toda a casa de Israel é de fronte obstinada e dura de coração. Eia pois, vai aos do cativeiro, aos filhos do teu povo, e, quer ouçam quer deixam de ouvir, fala com eles e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus" - Ezequiel 3:6, 7, 11.

Ezequiel conhecia de antemão a sorte que lhe estava reservada. Zombariam dele, criticá-lo-iam e o rejeitariam.

Não foi sem razão que Deus o designou por 91 vezes filho do homem, o título da rejeição que Seu Filho bem-amado tomaria 6 séculos mais tarde (79 vezes no Novo Testamento).



Ezequiel, o sinal
Para se fazer compreender por um surdo, são necessários gestos. Israel tornou-se surdo à voz do seu Deus.

Falar-lhe-á, então, por gestos: os atos de Ezequiel, que se tornará mesmo momentaneamente mudo (24:27 e 33:22), vão demonstrar, através de numerosas parábolas muito sugestivas, a sorte que espera os judeus impenitentes. "Porque por sinal te pus à casa de Israel", Ezequiel 12:6.

Jerusalém é representada por um tijolo, seus habitantes por cabelos e o invasor por navalha (cap. 4 e 5).

A deportação é prefigurada pela mudança do profeta (cap. 12); depois uma videira estéril demonstra a inutilidade deste povo, afastado de sua vocação (cap. 15), enquanto os usurpadores são representados como águias arrancando o ramo de um cedro, (cap. 17).

Assim se sucedem imagens muito variadas: as uvas verdes (cap. 18), o leãozinho (cap. 19), a panela fervente (cap. 24), o rebanho (cap. 34), os ossos (cap. 37).

Ezequiel, o profeta
Como em outras passagens da Escritura, a linguagem por parábolas convém a um período de decadência moral e espiritual (confira Mateus 13 e Apocalipse 2 e 3); mas a interpretação desses sinais não deixa nenhuma dúvida: castigo do povo eleito, deportação, destruição, e depois reabilitação e volta à pátria.

Eis porque os acontecimentos do século XX não deixam de nos maravilhar, cumprindo de maneira magistral as profecias desse sacerdote refugiado, pronunciadas há mais de 25 séculos.

Os últimos capítulos de Ezequiel (40 a 48) pintam certos aspectos do restabelecimento messiânico do povo eleito. Jerusalém será habitada pelo Príncipe da paz, cujo nome será: "O SENHOR está ali" (48:35).



O plano do livro
A interpretação de certas passagens do profeta Ezequiel deve ser objeto de pesquisa aprofundada e de um estudo sistemático dos textos paralelos.

Por outro lado, os seus 48 capítulos podem ser resumidos de um modo particularmente simples e claro, pois seguem em sua estrutura uma perfeita simetria.

a) O pecado de Israel e os julgamentos que merece (cap. 1-24)
1 - Visão da glória de Deus (cap. 1)
2 - A rebelião do povo (cap. 2). Parêntese: a vocação do profeta (cap. 3)
3 - Quatro profecias ilustradas (cap. 4 e 5)
4 - Proclamação aos montes de Israel (cap. 6)
5 - Condenação moral de Israel (cap. 7)
6 - Deus Se retira de Jerusalém (cap. 8 e 9)
7 - Nova visão da glória de Deus (cap. 10 e 11)
8 - Profecias contra Jerusalém (cap. 12 a 24)

b) A restauração de Israel e os julgamentos sobre as nações (cap. 25 a 48)
1 - Profecia contra as tribos dos arredores (cap. 25)
2 - Profecia contra Tiro (cap. 26 a 28)
3 - Profecia contra o Egito (cap. 29 a 32)

Parêntese: a responsabilidade do profeta e o ponto central de seu ministério

4 - Profecia contra os chefes de Israel (cap. 34)
5 - Profecia contra Edom (cap. 35)
6 - Profecia sobre a volta de Israel à sua pátria (cap. 36 a 37)
7 - Profecia contra Gogue, o inimigo do norte (cap. 38 e 39)
8 - Profecia sobre a restauração do templo e o reino messiânico (cap. 40 a 48)

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