Números


Negueve, região desértica ao sul de Israel. Parte deste "grande e terrível deserto" (Deuteronômio 8:15) que segundo a narrativa do livro de Números, Israel percorreu em 38 anos. 

Título 
Arithmoi é o título da versão grega dos Setenta (século III A.C.); Numeri, na Vulgata latina, simplesmente porque esse livro compreende dois recenseamentos do povo de Israel: o primeiro efetuado após a saída do Egito, no começo do segundo ano de sua peregrinação no deserto (cap. 1); o segundo, 39 anos mais tarde, imediatamente antes que a nova geração de Israel penetrasse em Canaã (cap. 26). 

Os israelitas designam o quarto livro de Moisés pelas primeiras palavras do texto hebraico: "No deserto". Esse título corresponde muito melhor ao assunto desses 36 capítulos, que narram mais de 38 anos de experiências do povo eleito: desde a partida do Sinai até a chegada às planícies de Moabe. 



Primeira Seção (cap. 1-10) 
O livro do Êxodo permitiu-nos seguir Israel até o monte Sinai, onde Deus lhe comunicou Suas ordenanças e Suas leis. O Levítico é inteiramente consagrado às prescrições sacerdotais dadas pelo Senhor durante o primeiro ano após a saída do Egito. 

Os 10 primeiros capítulos de Números descrevem acontecimentos que duraram apenas algumas semanas: preparativos ordenados por Deus antes da partida do Sinai. Esta partida teve lugar no 20º dia do segundo mês do segundo ano (10:11): 

  • Recenseamento do povo — cap. 1 
  • Organização do acampamento — cap. 2 
  • Recenseamento e funções dos levitas — cap. 3e4 
  • Pureza no acampamento — cap. 5 e6 
  • Ofertas dos príncipes — cap. 7 
  • Consagração dos levitas - cap. 8 
  • Celebração da segunda Páscoa e presença da nuvem — cap. 9 
  • Trombetas anunciando a partida — cap. 10 

Segunda Seção (cap. 11-21) 
O povo de Israel poderia ter vencido em 11 dias a distância que separa o Sinai de Canja (confira Deuteronômio 1:2). 

Em vez disso permaneceu quase 40 anos nesse "grande e terrível deserto" (Deuteronômio 1:19), até que perecesse toda a geração rebelde, mediante o castigo divino (Números 14:33-34; 1 Coríntios 10:5; Hebreus 3:16-17). 

Cabe a esta seção de Números contar-nos os principais acontecimentos desses 40 anos. Essa narração gira essencialmente em torno de 7 ocasiões particulares em que Israel se tornou culpado, murmurando contra Deus. 

  • Murmuração após a primeira etapa da viagem - 11:1-3. 
  • Murmuração contra o alimento - 11:4-35. 
  • Murmuração de Miriã e Arão a respeito de Moisés - cap. 12. 
  • Murmuração após o relatório dos 12 espias chegados de Canaã – cap. 13-14. 
  • Murmuração de Coré e seus companheiros, contra a autoridade - cap. 16-17. 
  • Murmuração em Meribá: falta de água - cap. 20. 
  • Murmuração em Hor: as serpentes ardentes - cap. 21. 


Terceira Seção (cap. 22-36) 
Em contraste com os anteriores, estes quinze capítulos preenchem uma época relativamente curta: a etapa que vai dos dias nas planícies de Moabe até a véspera da entrada em Canaã. 

As vitórias sobre Seom, rei dos amorreus e sobre Ogue, rei de Basã (21:21-35), permitiram um rápido avanço no itinerário que conduzia à Palestina. 

Israel já se encontrava na proximidade do Jordão, em frente a Jericó. Então Balaque, rei de Moabe, assalariou o adivinho Balaão para amaldiçoar a Israel (Números 22; 2 Pedro 2:15), mas este não pôde amaldiçoar o povo que o Senhor tinha abençoado (Números 23-24; comparar Judas 11). 

Recorreu então a uma pérfida estratégia: ensinou às filhas de Midiã a tentar e corromper os filhos de Israel (confira 31:16 e Apocalipse 2:14) e isto resultou em uma terrível praga (Números 25; 1 Coríntios 10:8), seguida de uma brilhante desforra (Números 31). 

Algumas tribos israelitas decidiram então ocupar o território em que estavam (Números 32), renunciando assim a habitar no país da promessa. 

Números 33 resume as etapas da viagem, através do deserto, até as planícies de Moabe; enquanto os capítulos 34-36 dão novas instruções a respeito da entrada em Canaã. 

É o prelúdio do Deuteronômio, essencialmente consagrado às últimas advertências de Moisés, comunicadas durante os dois últimos meses dos 40 anos de peregrinação pelo deserto. 

O livro de Números e o crente 
O apóstolo Paulo disse: "Ora, estas cousas se tomaram exemplos para nós” (1 Coríntios 10:6). Em diversas ocasiões o Novo Testamento se refere a essas experiências penosas do povo da antiga aliança, para que delas tiremos as lições necessárias (Atos 7:39-42; 1 Coríntios 10:1-13; Hebreus 3-4; Apocalipse 2:14, etc). 

Murmurações e queixas sempre comprometem a marcha cristã e a vida de fé. É possível aos filhos de Deus sair do Egito (o mundo), para em seguida morrer no deserto de uma vida infrutífera, sem nunca entrar na posse de sua herança espiritual. 



Acontece também, às vezes, que o crente se acomoda a uma posição que lhe parece confortável, na metade do caminho preparado por seu Senhor, mais ou menos como essas tribos que se estabeleceram a leste do Jordão e ficaram aquém do plano que Deus tinha para elas. 

O livro de Números é um manual de instrução para nossa marcha cristã diária, colocando constantemente diante de nós a extraordinária fidelidade de Deus em face da constante infidelidade do homem. 

Porém, tudo não é negativo nesse livro; pelo contrário, nele se encontram promessas de bênçãos (6:24-27), e admiráveis ilustrações da salvação em Jesus Cristo, em particular: 

  • no florescimento da vara de Arão (confira Números 17 e Romanos 1:4) 
  • na novilha vermelha (confira Números 19 e Hebreus 9:13-14) 
  • na serpente ardente (confira Números 21:4-9 e João 3:14-16) 
  • nas cidades de refúgio (confira Números 35 e Colossenses 2:10) 
ÍNDICE

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