II. O PROTESTANTISMO NO CONTINENTE
A - A ALEMANHA
Enfraquecimento religioso
O início do século XIX encontrou o protestantismo alemão muito enfraquecido.
A derrubada dos governos provocada por Napoleão, tinha sido um golpe muito sério na organização eclesiástica, pois as igrejas dos Estados protestantes da Alemanha eram igualmente igrejas oficiais.
A vida religiosa continuou sofrendo da fraqueza dominante até os fins do século XVIII.
Reavivamento, novas organizações
Cedo, porém, surgiu um poderoso avivamento na religião. Com ele veio a reabilitação das organizações religiosas. Em 1817, uma nova igreja nacional chamada Evangélica, que incluía luteranos e reformadores, foi organizada na Prússia.
Este exemplo foi geralmente seguido nos outros Estados protestantes da Alemanha. A união, todavia, não foi aprovada pelos luteranos restritos e alguns deles organizaram igrejas independentes.
O aspecto intelectual da religião
O principal aspecto desse reavivamento foi um grande incremento do estudo da teologia e da Bíblia. Imediatamente a Alemanha começou a exercer poderosa influência no pensamento religioso da Inglaterra e da América.
Esta atividade do protestantismo alemão quanto ao lado intelectual da religião e a influência exercida sobre o pensamento religioso em outros países continuaram até a Primeira Grande Guerra.
Governo eclesiástico
Em 1873, o governo deu nova constituição às igrejas evangélicas da Prússia, que então abrangia dois terços do império alemão.
Segundo esta constituição a igreja era governada por um sínodo gerai, sínodos provinciais e sínodos distritais. O controle do Estado antes existente tornou-se mais rígido ainda, e de modo algum auxiliava a vida das igrejas.
Em diversos Estados protestantes a situação quanto à organização era a mesma existente na Prússia. Havia também igrejas reformadas e luteranas separadas e outras pequenas denominações protestantes.
De um modo geral, pode-se dizer que os grupos protestantes e romanos da Alemanha em 1900, eram mais ou menos os mesmos do tempo quando se acabou a Guerra dos Trinta Anos. Naquele ano, 62% da população do país eram protestantes e 36% eram católicos-romanos.
B - A FRANÇA
Napoleão colocou o protestantismo na mesma base do catolicismo romano, isto é, ambos recebiam auxílio do governo e estavam sob seu controle.
Fortificaram-se, assim, as duas igrejas: a Reformada e a Luterana. A primeira, muito maior, continuou seguindo as diretrizes dos huguenotes. Pelo meio do século surgiu uma divisão na Igreja Reformada.
Depois de um reavivamento generalizado do cristianismo Evangélico, um número considerável de leigos e ministros julgou que a igreja não estava suficientemente satisfeita com tais ensinos. Estes leigos e ministros se separaram e formaram igrejas independentes do controle estatal.
Perto do fim do século, as Igrejas Reformadas divergiam teologicamente e separaram-se dois sínodos. Assim, no começo do século, o protestantismo francês estava bastante dividido.
No entanto, a sua vida religiosa era vigorosa era muito ativa. Havia cerca de seiscentos e cinqüenta mil protestantes, número pequeno, porém, muito influente na vida nacional.
C - HOLANDA, SUÍÇA, ESCANDINÁVIA, HUNGRIA
Na Holanda, a Velha Igreja Reformada, organizada no século XVI, ainda era a igreja oficial embora praticamente independente.
No meio do século XIX, como aconteceu na França, houve um forte reavivamento evangélico e os que foram por ele atingidos ficaram descontentes com o ensino da igreja oficial.
Organizaram uma igreja livre que tomou o nome de Cristã Reformada, a qual, já ao fim do século, tinha-se tornado muito forte. Havia muitas igrejas protestantes pequenas e um número considerável de igrejas católicas.
Na Suíça, a vida religiosa continua a ser regulada pelos Cantões, separadamente, como tinha sido desde a Reforma, exceto quando em 1874 a constituição federal garantiu plena liberdade de consciência e de culto.
O catolicismo e o protestantismo tinham mais ou menos o mesmo número de adeptos no país, como no século XVI, mais de três quintos protestantes, os demais católicos.
Cada Cantão tinha a sua própria igreja ou igrejas estabelecidas, isto é, oficiais, pois em alguns cantões tanto o protestantismo como o romanismo eram oficialmente reconhecidos.
Em outros cantões foram organizadas, durante o século, algumas igrejas livres, em parte devido ao reavivamento evangélico, como os que se verificaram na França e na Holanda. Na Dinamarca, Noruega e Suécia, a igreja Luterana permaneceu oficializada, como ao tempo da Reforma.
Quase todos os habitantes desses países pertencem a essa igreja, mas todos eles gozavam de plena liberdade religiosa. Mais de um quinto da população húngara era protestante. Destes, um terço era luterana e os demais, quase todos da raça magiar, eram calvinistas.
Por Robert Hastings Nichols
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