28 - A Renascença e a inquietude social como preparação para a Reforma


VII. A RENASCENÇA COMO UMA PREPARAÇÃO PARA A REFORMA
Já um grande movimento se processava na vida da Europa, movimento que produziu a energia necessária para a revolução religiosa. 

Os séculos XIV, XV e XVI foram a era da Renascença, aquele despertar da natureza humana que se processou tão extensa e profundamente que foi necessária uma nova palavra para descrevê-la: Renascimento.

Todas as faculdades da natureza humana foram maravilhosamente despertadas e todas as atividades humanas apresentaram extraordinário progresso. A mente humana fez novas e esplêndidas conquistas em todas as direções.

Descobertas e invenções
Grandes descobertas geográficas, entre elas as de Colombo e de Cabral, surgiram no oriente e no ocidente, de sorte que a forma e o tamanho exatos da terra foram determinados. 

Mais maravilhosa ainda foi a descoberta do Sistema Solar de Copérnico, revolucionando as ideias humanas a respeito do universo em que viviam os homens.

Grandes empreendimentos foram alcançados nas invenções mecânicas, entre as quais a mais influente foi a invenção da imprensa (1450). Por ela as idéias e os conhecimentos foram mais rapidamente espalhados do que dantes.

A mente humana foi assim ainda mais despertada e fortificada para futuros empreendimentos, o maior dos quais veio a ser a Reforma Protestante. 

A Reforma não teria ocorrido enquanto os livros tivessem de ser escritos à mão. A imprensa divulgou os livros que despertaram a mente humana e aprofundaram as pesquisas da verdade.



Comércio e política
As descobertas geográficas provocaram a rápida expansão do comércio e da indústria e despertaram em todas as nações europeias veemente desejo de colonização. 

Na esfera política a nova fase manifestou-se num rápido desenvolvimento da vida nacional e do poder político, tanto na França como na Espanha e na Inglaterra.

Ressurgimento da cultura
Uma das causas principais de todo este despertar foi que ele pôs a mente da Europa em contacto com a cultura e a civilização da Grécia e de Roma elementos esses que a Idade Média desconheceu.

Isto aconteceu principalmente em virtude do novo conhecimento do grego que, por séculos, era uma língua desconhecida na Europa. 

Assim, todo o maravilhoso mundo do pensamento clássico, da literatura e da arte, foi repentinamente descoberto. Diante deles os homens se deslumbraram e foram despertados para grandes empreendimentos.

As obras da Renascença na arte e na literatura, inclusive alguns dos mais preciosos tesouros do mundo, algumas das suas maiores expressões, alcançaram desse modo inspiração para a sua realização.

O reavivamento da cultura produziu os reformadores
É neste aspecto da Renascença, chamado renovação ou Renascimento da Cultura, que encontramos uma preparação direta para o advento da reforma na religião. 

A disseminação da língua grega contribuiu para que os homens lessem o Novo Testamento no original.

Com jubiloso entusiasmo, que assinalou toda a pesquisa desses cultores das letras antigas, muitos dos humanistas, como eram conhecidos os estudiosos dessa renovação cultural, penetraram no estudo profundo do Novo Testamento. 

Ali viram eles, deslumbrados, face a face, o ideal divino para a igreja cristã. E quando comparavam essa maravilha com o que contemplavam na Igreja ao redor de si, muitos desses humanistas tornaram-se reformadores destemidos. 

Isto se verificou especialmente na Alemanha e também na França e Inglaterra. João Colet de Oxford e o grande cultor do Novo Testamento, Erasmo, representam este resultado religioso do Reavivamento da Cultura. 

Esses homens expuseram o cristianismo segundo o revela o Novo Testamento e continuaram a profligar os males da igreja papal.



A Renascença e a Reforma
Esses humanistas interessados no problema religioso fortaleceram grandemente o espírito da reforma na igreja. Eles também provocaram um grande interesse pelo estudo da Bíblia, preparando desse modo homens leitores e indagadores das Escrituras para uma forma de religião mais verdadeira.

Finalmente todo o movimento da Renascença, por sua influência no ressurgimento e elevação da mente humana, habilitou-os a lançar fora as velhas ideias e a ingressar nos novos caminhos. 

Ela foi uma poderosa precursora da renovação que se aproximava nas ideias religiosas. Sem a Renascença a Reforma Protestante não teria ocorrido.

VIII. A INQUIETUDE SOCIAL COMO UMA PREPARAÇÃO PARA A REFORMA

Inquietação social na Alemanha
Outra investida de novas forças que muito contribuíram para preparar o caminho para a Reforma, foram as revoltas em virtude da inquietação social. Isto ocorreu principalmente na Alemanha.

Por mais de cem anos, a partir de 1400, os camponeses do sul da Alemanha vinham em contínuas disputas e odiosos protestos contra a opressão dos seus senhores, os nobres cujas terras eles cultivavam. 

Frequentemente estas explosões de protestos resultavam em choques armados. Nesses movimentos os camponeses tinham como aliados os pobres operários das cidades e toda sorte de pessoas que sofriam espoliação dos seus direitos.

Dois fatores religiosos estavam sempre presentes nestes distúrbios sociais. Um deles, era o ódio feroz aos sacerdotes por causa das suas explorações (ou extorsões de dinheiro) e a indiferença e recusa dos padres em fazer alguma coisa para libertar as classes oprimidas. O outro era um apelo aos princípios cristãos de justiça social.

Próximo ao fim do século XV, a inquietação tornou-se mais aguda e as revoltas mais freqüentes. Não obstante esmagados com tremenda crueldade, eles continuaram as revoltas. Uma alta repentina de preços e contínuas colheitas escassas pioraram a situação.

Assim, nos últimos anos que precederam a Reforma - a Alemanha, particularmente no sul, estava fervendo com o descontentamento amargo da pobreza que muitas vezes fez explodir o seu ódio em desesperadas rebeliões.

Neste descontentamento havia como temos visto, elementos favoráveis a uma nova ordem na religião. E a situação geral tornou muita gente com o espírito preparado para uma revolução religiosa como foi a Reforma.

Por Robert Hastings Nichols

ÍNDICE


A preparação para o Cristianismo

01 - A contribuição dos Romanos, Gregos e Judeus
02 - Como era o mundo no surgimento do cristianismo

A fundação e expansão da Igreja
03 - Jesus e sua Igreja
04 - A Igreja Apostólica Até o Ano 100

A Igreja antiga (100 - 313) 
05 - O mundo em que a Igreja vivia (100 - 313)
06 - Características da Igreja Antiga (100-313)

A Igreja antiga (313- 590) 
07 - O mundo em que a Igreja vivia (313 - 590)
08 - Características da Igreja Antiga (313-590)

A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073) 
09 - O mundo em que a Igreja vivia (590-1073)
10 - Características da Igreja no início da Idade Média 
11 - O cristianismo em luta com o paganismo dentro da Igreja

A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294) 
12 - A Igreja no Ocidente - O papado Medieval - Hildebrando
13a - Inocêncio III
13b - A Igreja Governa o Mundo Ocidental
14 - A guerra da Igreja contra o Islamismo - As cruzadas 
15 - As riquezas da Igreja
16 - A organização da Igreja
17 - A disciplina e a lei da Igreja Romana
18 - O culto da Igreja
19 - O lugar da Igreja na religião
20 - A vida de alguns líderes religiosos: Bernardo, Domingos e Francisco de Assis
21 - O que a Igreja Medieval fez pelo mundo
22 - A igreja Oriental

Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)

23 - Onde a Igreja Medieval falhou
24 - Movimentos de protesto: Cataristas, Valdeneses, Irmãos
25 - A queda do Papado
26 - Revolta dentro da igreja: João Wycliff e João Huss
27 - Tentativas de reforma dentro da Igreja
28 - A Renascença e a inquietude social como preparação para a Reforma

Revolução e reconstrução (1517 - 1648) 
29 - A Reforma Luterana
30 - Como Lutero se tornou reformador
31 - Os primeiros anos da Reforma Luterana
32 - Outros desdobramentos da Reforma Luterana
33 - A Reforma na Suíça - Zuínglio
34 - Calvino - líder da Reforma em Genebra
35 - A Reforma na França
36 - A Reforma nos Países Baixos
37 - A Reforma na Escócia, Alemanha e Hungria


O cristianismo na Europa (1648 - 1800)
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - O Pietismo
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
48 - Restauração
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda

O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu

O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres 
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico

O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929

Semeando Vida

Profundidade Teológica e Orientação Espiritual para Líderes e Estudiosos da Fé

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