61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão

Thomas Chalmers
B - A ESCÓCIA

1. O Despertamento Religioso
A apatia religiosa do século XVIII, na Escócia, foi em grande parte eliminada por um despertamento espiritual surgido nos primeiros anos do século XIX, devido principalmente à influência do reavivamento da Inglaterra. 

A experiência do grande Thomas Chalmers bem o ilustra. Seu ministério, a princípio, era formal e sem vida. Seu interesse maior era pelos próprios estudos e não pela situação espiritual do seu povo. 

Mas operou-se nele uma revolução espiritual. A sua fé foi aprofundada e fortalecida e ele, então, foi possuído de grande entusiasmo e consagração a Cristo.

Tornou-se um pastor dedicado e pregador poderoso do Evangelho. E fenômeno semelhante verificou-se em muitos ministros da Escócia. Este novo espírito verificou-se na própria vida da Igreja da Escócia.

Foram organizadas novas paróquias e construídos novos templos para atender ao crescimento das populações das cidades, onde muita gente vivia em verdadeiro paganismo por causa da negligência das igrejas.

A igreja despertou e compreendeu os seus deveres missionários, e, em 1829, mandou à índia Alexandre Duff, nobre líder do tipo elevado de missionários escoceses.



2. Descontentamento - Rompimento

Revolta contra o “patrocínio leigo”
O reavivamento religioso foi em grande parte a causa de uma revolta na igreja da Escócia contra o sistema do "Patrocínio Leigo" (indicação do ministro por um poderoso landlord).

Uma vida espiritual mais profunda nas igrejas levou muita gente a opor-se a tal sistema, que permitia um ministro ser escolhido por um homem que podia ser ou não membro da igreja, ou mesmo por um indivíduo sem religião.

Outra causa da revolta foi o movimento democrático, Já forte na Escócia e em toda a parte da Europa. O sentimento sempre crescente dos Direitos do Homem, inspirou um desejo generalizado de o povo mesmo escolher seus próprios ministros.

A igreja em conflito com o estado
A revolta contra o "patrocínio leigo" tomou vulto em 1834 com a aprovação, pela Assembleia Geral, do veto, o qual consistia em que, se a maioria dos chefes de famílias numa paróquia, discordava da nomeação do ministro feita pelo "patrono", o presbitério podia recusar-se a instalá-lo.

O assunto foi levado às cortes civis" e a decisão foi contrária ao veto. Assim, a lei determinava que a Igreja da Escócia não tinha liberdade de escolher seus próprios ministros. Para muitos, na igreja, essa situação era intolerável. Só havia uma saída: era abandonar a igreja oficial.

A cisão
Foi assim que se verificou a histórica "Cisão" de 1843. Mais de um terço dos seus ministros e milhares de membros deixaram a Igreja da Escócia e organizaram a Igreja Livre.

Entre estes estava a maioria dos ministros e dos leigos mais espirituais e mais consagrados de todo o país.

Os seus líderes foram realmente os mais dedicados ministros. A igreja por eles organizada era presbiteriana, tendo o mesmo credo e governo da igreja que tinham deixado.

3. As Igrejas da Escócia Após a Cisão

A igreja livre da Escócia
Em virtude do esplêndido trabalho organizado por Chalmers e da extraordinária generosidade do seu povo, a Igreja Livre, logo ao iniciar-se, estava muito bem provida de recursos.

Por toda a parte havia congregações e presbitérios. Em quatro anos, mais de setenta igrejas foram construídas. No primeiro ano foi fundada uma Escola Teológica.

Todos os missionários da Igreja escocesa, exceto um, uniram-se à Igreja Livre que logo assumiu a manutenção deles.

Através de toda a sua história a Igreja Livre sempre manteve seu alto padrão quanto ao zelo e habilidade de seu ministério, sua cultura religiosa, seu trabalho cristão no país, seu espírito de justiça social, suas missões e seu pensamento religioso progressivo.



A igreja da Escócia
Para a igreja oficial, a cisão foi também um estímulo. Reuniu suas forças e entrou num período de grande atividade e crescimento.

Em 1874, foi abolido o "patrocínio leigo" e as igrejas puderam escolher seus ministros. A igreja assim, alcançou a simpatia popular e foi a causa do seu crescimento em número e influência nas suas variadas atividades.

A igreja Presbiteriana Unida
Logo após a cisão foi organizada outra igreja presbiteriana na Escócia. No século XVIII, duas igrejas tinham sido organizadas pelos que se separaram da igreja oficial. Em 1847, uma dessas e duas outras que surgiram de disputas posteriores se reuniram e formaram a Igreja Presbiteriana Unida da Escócia.

Igreja Unida Livre
Foi deste modo que três fortes igrejas presbiterianas existiram e militaram na Escócia na segunda parte do século XIX. Por essa época desenvolveu-se forte desejo de união entre os protestantes.

A partir de 1890 trabalharam juntas as Igrejas Livre e Unida, em 1900 elas se reuniram e tomaram o nome de Igreja Unida Livre da Escócia.

Por Robert Hastings Nichols

ÍNDICE

A preparação para o Cristianismo
01 - A contribuição dos Romanos, Gregos e Judeus
02 - Como era o mundo no surgimento do cristianismo

A fundação e expansão da Igreja
03 - Jesus e sua Igreja
04 - A Igreja Apostólica Até o Ano 100

A Igreja antiga (100 - 313) 
05 - O mundo em que a Igreja vivia (100 - 313)
06 - Características da Igreja Antiga (100-313)

A Igreja antiga (313- 590) 
07 - O mundo em que a Igreja vivia (313 - 590)
08 - Características da Igreja Antiga (313-590)

A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073) 
09 - O mundo em que a Igreja vivia (590-1073)
10 - Características da Igreja no início da Idade Média 
11 - O cristianismo em luta com o paganismo dentro da Igreja

A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294) 
12 - A Igreja no Ocidente - O papado Medieval - Hildebrando
13a - Inocêncio III
13b - A Igreja Governa o Mundo Ocidental
14 - A guerra da Igreja contra o Islamismo - As cruzadas 
15 - As riquezas da Igreja
16 - A organização da Igreja
17 - A disciplina e a lei da Igreja Romana
18 - O culto da Igreja
19 - O lugar da Igreja na religião
20 - A vida de alguns líderes religiosos: Bernardo, Domingos e Francisco de Assis
21 - O que a Igreja Medieval fez pelo mundo
22 - A igreja Oriental

Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)

23 - Onde a Igreja Medieval falhou
24 - Movimentos de protesto: Cataristas, Valdeneses, Irmãos
25 - A queda do Papado
26 - Revolta dentro da igreja: João Wycliff e João Huss
27 - Tentativas de reforma dentro da Igreja
28 - A Renascença e a inquietude social como preparação para a Reforma

Revolução e reconstrução (1517 - 1648) 
29 - A Reforma Luterana
30 - Como Lutero se tornou reformador
31 - Os primeiros anos da Reforma Luterana
32 - Outros desdobramentos da Reforma Luterana
33 - A Reforma na Suíça - Zuínglio
34 - Calvino - líder da Reforma em Genebra
35 - A Reforma na França
36 - A Reforma nos Países Baixos
37 - A Reforma na Escócia, Alemanha e Hungria

O cristianismo na Europa (1648 - 1800)
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - O Pietismo
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
48 - Restauração
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda

O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu

O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres 
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico

O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929

Semeando Vida

Profundidade Teológica e Orientação Espiritual para Líderes e Estudiosos da Fé

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