Império Romano, Judaísmo e Filosofia: O mundo antes do Cristianismo no século I


Destaques do Artigo:
🌍 Sincretismo religioso: deuses romanos, mistérios helênicos e cultos orientais.
⚖️ Moralidade em crise: corrupção das elites vs. virtude nas classes médias.
🏛️ Filosofias falhas: Epicurismo e Estoicismo sem respostas para o pecado e a morte.

Sincretismo religioso no Império Romano: De Augusto às religiões mistéricas
A velha religião dos deuses e das deusas da Grécia e de Roma, que conhecemos através da história da mitologia clássica, tinha perdido quase toda a sua vitalidade e influência ao tempo do advento do Cristianismo. 

Não obstante as formas do seu culto serem, então, de certo modo, ainda conservadas, os homens cultos geralmente não mostravam crença nessa religião; nem mesmo entre o povo comum exercia ela muita influência.

O imperador Augusto que reinava ao tempo quando Cristo nasceu, muito se preocupou com esse declínio da velha e tradicional religião e envidou esforços extra-ordinários para revivê-la, sendo quase tudo em vão. Todavia, não se pode afirmar que esta época se caracterizava pela irreligiosidade.

Augusto também estabeleceu a religião do Estado. Conforme o seu desenvolvimento posterior veio ela a se constituir em veneração de imagens e estátuas dos imperadores que então reinavam e dos que os antecederam, como símbolos do poder de Roma. O Estado foi endeusado como nos modernos regimes totalitários.

Tomaram vitalidade considerável certos cultos primitivos e a adoração de divindades associadas a certas localidades, ocupações ou profissões, aspectos da vida, etc.

Os antigos mistérios helênicos exerciam grande atração nas massas. Esses mistérios eram cerimônias secretas e dramáticas que realçavam certas idéias concernentes à perpetuação da vida.

O orfismo, antigo movimento grego de religião mística que ensinava doutrinas de salvação e vida depois da morte, era representado por muitas irmandades. 

Mais poderosas e mais influentes, porém, eram as religiões orientais que sei espalharam nas margens do Mediterrâneo, tendo conseguido muitos adeptos.

Da Frígia, veio o culto da Mãe dos deuses e o culto de Attis. Do Egito, veio o culto de Isis com Serápis ou Osíris! 

Essas religiões exerciam influência no começo da era cristã. Mais tarde, a mais popular das religiões orientais, a deusa Mitras, veio do leste da Ásia Menor e era a deusa mascote do exército romano por onde ele ia.

Essas religiões misteriosas tinham uma semelhança superficial com o Cristianismo, por organizarem sociedades agrupando indivíduos independentemente de raça ou posição social, os quais faziam refeições em comum, por praticarem certas abluções que eram consideradas como purificação espiritual e, em muitos casos, pelo culto de divindades que supostamente tinham sofrido a morte e ressuscitado, comunicando, assim, vida imortal aos seus seguidores.

Em aspectos mais profundos essas religiões muito se distanciavam do Cristianismo.

Foi uma era de religiosidade aquela em que o Cristianismo alcançou as suas primeiras conquistas. Nesse tempo havia muito interesse no conhecimento das várias formas de religião e muita ansiedade por ideias e crenças que trouxessem mais satisfação à alma. O mundo estava cheio de curiosidade e anseios espirituais. 

É significativo que em relação ao Cristianismo houvesse três coisas preeminentes: uma crença progressiva num Deus universal; um sentimento de culpa, de pecado, muito generalizado e, em consequência, um anseio, um desejo intenso de purificação, e, por fim, um grande interesse nos problemas do além túmulo.

Já dissemos que antes do aparecimento do Cristianismo a melhor religião existente era o judaísmo. Mas este não podia satisfazer plenamente às necessidades do mundo.

Mesmo enquanto Jesus vivia, o judaísmo deu provas de que não era capaz de se constituir uma religião universal. Isto se verifica no caráter dos seus líderes que eram os sacerdotes, os saduceus e os mestres, os fariseus.

Subestimamos o valor dos fariseus em virtude da oposição deles a Jesus. Mas apesar do seu vigor moral, entre os fariseus da Palestina desenvolvia-se um estreito preconceito racial com o objetivo de limitar a religião judaica exclusivamente ao povo judeu e, por isso, se opunham à obra missionária entre os gentios, obra que tinha sido iniciada durante o cativeiro.


Crise filosófica: Por que Epicurismo e Estoicismo falharam no século I
O grande movimento filosófico grego chegou a seu fim no que se relaciona com a pesquisa da verdade, muito tempo mesmo antes da era cristã. Quando surgiu o Cristianismo, o pensamento grego não fazia mais progresso. 

Duas filosofias gregas, o Epicurismo e o Estoicismo, tinham alcançado considerável crédito, ou melhor, estavam muito em voga no império romano, durante os primeiros anos do Cristianismo.

Mas nenhuma delas satisfazia a mente dos homens no que respeitava às questões fundamentais e urgentes, como as do pecado e da vida futura que, por assim dizer os preocupavam. Ambas essas filosofias eram falhas como método de vida. O Epicurismo era muito superficial, interesseiro, egoísta!

O Estoicismo, não obstante seus nobres ensinos de moral exercerem larga influência, era muito falho no que respeitava à simpatia humana. Entre os homens de raciocínio profundo havia um forte sentimento de insatisfação e um desejo ardente de encontrar solução para os problemas cruciais da vida.

Por ocasião da morte da filha, Plínio, o Moço, escreve a um amigo:

"Dá-me algum alívio, algum conforto que seja grande e forte, tal que eu nunca tenha ouvido ou lido. Porque tudo o que tem chegado ao meu conhecimento e de que me posso lembrar não me ajuda, pois minha tristeza é por demais profunda para ser removida pelo que sei”



Decadência moral: A sociedade romana entre a corrupção e a virtude
Tem-se pintado, habitualmente, o estado moral do mundo civilizado durante os primeiros tempos do Cristianismo com as mais negras cores, como se não existisse qualquer coisa boa digna de menção. Os fatos que conhecemos não justificam, de todo, esse julgamento. 

Talvez essa ideia seja o resultado da leitura generalizada dos escritos satíricos daquela época que vergastavam os vícios da "sociedade", e dos escândalos referidos pelos biógrafos da aristocracia.

As classes mais altas, sem dúvida, estavam tremendamente corrompidas. Entre as classes média e baixa, todavia muitos homens e mulheres levavam vida virtuosa com alguns gestos de nobreza e de bondade.

Quando, porém reunimos os elementos favoráveis e os desfavoráveis o resultado é, realmente, negro. A época era decadente Os homens tinham seus espíritos perturbados e dessatisfeitos. 


As religiões e filosofias então existentes exerciam pouca influência sobre a vida. Como resultado disso, o nível moral era baixo. Nada existia que pudesse melhorar a situação até que o Cristianismo começou a exercer a sua influência.

A tendência da sociedade era para um constante declínio moral. Em consequência de tudo isso havia um sentimento de cansaço e de vácuo entre muitos homens e especialmente entre os melhores e mais inteligentes deles. 

Foi a um mundo entenebrecido, sem esperança e muito corrompido que os primeiros missionários cristãos trouxeram suas boas novas de Salvação.

ÍNDICE

A preparação para o Cristianismo 
02 - Como era o mundo no surgimento do cristianismo ⬅️ Você está aqui! 

A fundação e expansão da Igreja 

A Igreja antiga (100 - 313) 

A Igreja antiga (313- 590) 

A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073) 

A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294) 

Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517) 

Revolução e reconstrução (1517 - 1648) 

A era da Reforma (1517 - 1648) 

O cristianismo na Europa (1648 - 1800) 

O Século 19 na Europa 

O Século 20 na Europa 

O cristianismo na América 

Semeando Vida

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