Apocalipse 18.1-24 - A profecia da queda: os aliados de Roma



Por Ray Summers

Por toda esta seção, a ideia principal na mente do escritor é a queda de Roma. Ele a vê de diferentes pontos, e repete o fato para dar-lhe ênfase.

Grande parte do capítulo 18 é vazada na linguagem que o Velho Testamento emprega ao se referir à antiga cidade de Babilônia. Nos dias de João, isto já se tinha cumprido. Usa-se aqui agora para descrever a destruição desta Babilônia do Novo Testamento — Roma.

Apocalipse 18.1-3
1 - Depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo, que tinha grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua glória.
2 - Então, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável,
3 - pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria.

O primeiro anjo da visão anuncia a queda de Babilônia por causa de sua prostituição espiritual. Isto inclui a descrição de como os negociantes do mundo tomaram parte na sua devassidão e prostituição, fazendo-se aliados seus na prática do mal. Um parágrafo subsequente nos mostrará a ruína deles, juntamente com a do Império.

Apocalipse 18.4-8
4 - Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos;
5 - porque os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos iníquos que ela praticou.
6 - Dai-lhe em retribuição como também ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo as suas obras e, no cálice em que ela misturou bebidas, misturai dobrado para ela.
7 - O quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento e pranto, porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver!
8 - Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou.

Uma segunda voz alerta o povo de Deus para que não se associe com essa mulher devassa, para que não tenha parte alguma com os pecados dela, pois, do contrário, sofrerá algumas de suas pragas ou golpes.

Afiança-se-lhes que os pecados dela já chegaram até os altos céus, e Deus já anotou tudo isso. Agora (versículo 6) ela vai receber punição exemplar e proporcional aos seus desvios. Ela se orgulhara, se enchera de vanglória e chegara mesmo a dizer: “Nunca verei o pranto”.


Agora ela vai receber castigo duplo por todo o mal que praticou. Dentro de "uma hora" de modo assaz rápido — pragas, fome, lamentações e morte virão visitá-la, e ela será inteiramente esmagada. Esta é a descrição da destruição dela.

Mas, e os aliados dela? São apresentados em dois grupos, que fazem lamentações e que choram sobre ela. Roma estava firmada sobre duas coisas: a conquista territorial e a expansão comercial. Agora os dois grupos pranteiam e choram sobre ela, porque, indo-se ela, eles também se vão.

Primeiro, são os reis da terra que lamentam a sua queda. Estes são os seus aliados que, sujeitos ao seu poderio, tomaram parte em sua prostituição espiritual e em suas iniquidades. Ao redor dela, choram e pranteiam, porque num momento foi destruída a grande cidade.

Apocalipse 18.9-10
9 - Ora, chorarão e se lamentarão sobre ela os reis da terra, que com ela se prostituíram e viveram em luxúria, quando virem a fumaceira do seu incêndio,
10 - e, conservando-se de longe, pelo medo do seu tormento, dizem: Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo.

Em segundo lugar, são os mercadores da terra que choram a sua destruição, porque agora já não têm mais mercado onde colocar seus produtos.

Apocalipse 18.11-20
11 - E, sobre ela, choram e pranteiam os mercadores da terra, porque já ninguém compra a sua mercadoria,
12 - mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho finíssimo, de púrpura, de seda, de escarlata; e toda espécie de madeira odorífera, todo gênero de objeto de marfim, toda qualidade de móvel de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore;
13 - e canela de cheiro, especiarias, incenso, unguento, bálsamo, vinho, azeite, flor de farinha, trigo, gado e ovelhas; e de cavalos, de carros, de escravos e até almas humanas.
14 - O fruto sazonado, que a tua alma tanto apeteceu, se apartou de ti, e para ti se extinguiu tudo o que é delicado e esplêndido, e nunca jamais serão achados.
15 - Os mercadores destas coisas, que, por meio dela, se enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo medo do seu tormento, chorando e pranteando,
16 - dizendo: Ai! Ai da grande cidade, que estava vestida de linho finíssimo, de púrpura, e de escarlata, adornada de ouro, e de pedras preciosas, e de pérolas,
17 - porque, em uma só hora, ficou devastada tamanha riqueza! E todo piloto, e todo aquele que navega livremente, e marinheiros, e quantos labutam no mar conservaram-se de longe.
18 - Então, vendo a fumaceira do seu incêndio, gritavam: Que cidade se compara à grande cidade?
19 - Lançaram pó sobre a cabeça e, chorando e pranteando, gritavam: Ai! Ai da grande cidade, na qual se enriqueceram todos os que possuíam navios no mar, à custa da sua opulência, porque, em uma só hora, foi devastada!
20 - Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa.

Mencionam-se aqui mais ou menos trinta artigos que eram objetos de grande comércio. Para conseguir esse comercio e intercâmbio, os negociantes tiveram que tomar parte nos males do Império. 

Agora, caem com ele. Nada que seja moralmente mau pode ser economicamente bom. E o mesmo destino terá toda e qualquer nação que cair neste pecado.

E os mercadores e os marinheiros que transportavam tais artigos se puseram de longe e lançaram terra sobre as suas cabeças, e lamentaram a destruição da cidade.

A destruição de Roma pelo fogo, no tempo de Nero, foi coisa insignificante, comparada à ira de Deus descarregada sobre todo o Império e seus aliados. A ruína aqui foi total. E desce o pano, a este segundo triunfo, e o ato termina.

É um triste quadro de desolação. Mas, para os cristãos, é um quadro que os enche de alegria e regozijo, porque testemunham mais uma prova do poder de Deus e de sua iminente libertação.


A Pedra: a Destruição da Cidade de Roma
O terceiro triunfo retrata graficamente a destruição da cidade de Roma. Primeiro, fora o Império; depois, seus aliados; e agora, dum só golpe, cai por terra a cidade de Roma. Usa-se a repetição para ênfase e dar certeza plena.

Apocalipse 18.21
21 - Então, um anjo forte levantou uma pedra como grande pedra de moinho e arrojou-a para dentro do mar, dizendo: Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca jamais será achada.

De fato os cristãos, leitores de João, precisavam disto. Um anjo forte ergueu no espaço uma pedra enorme e atirou-a para dentro do mar, e afirmou que aquilo ilustrava a maneira pela qual Roma cairia, e já não mais seria achado o seu lugar. Então descreveu a cessação das três maiores atividades da vida de Roma:

Apocalipse 18.22-23
22 - E voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e de clarins jamais em ti se ouvirá, nem artífice algum de qualquer arte jamais em ti se achará, e nunca jamais em ti se ouvirá o ruído de pedra de moinho.
23 - Também jamais em ti brilhará luz de candeia; nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá, pois os teus mercadores foram os grandes da terra, porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria.

As diversões. Estas cessariam. Já não se ouviria mais a voz da música — dos harpistas, dos trovadores, dos flautistas, dos trombeteiros.

Os negócios também cessariam. Nenhum artista de arte humana se acharia mais nela, e a voz do moinho também morreria.

A vida doméstica se acabaria. A luz da candeia já não brilharia mais festivamente nos lares da cidade e nem se escutaria mais a alegre voz do esposo e da esposa.

Com a destruição desses três tipos de atividade, Roma, a grande cidade, estaria morta. E nada mais se acharia em suas ruas, a não ser o sangue dos mártires — a causa de sua destruição. 

Ela está destruída; o sangue dos mártires, no entanto, permanece para testificar eternamente contra ela e para testemunhar a fidelidade dos cristãos.

Apocalipse 18.24
24 - E nela se achou sangue de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a terra.
Aqueles que se opõem a esta interpretação objetam que a cidade de Roma ainda hoje existe. É verdade, mas já não é mais aquela cidade perseguidora dos dias de João. A conjunção e várias forças trouxe o fim àquela Roma, e isso de há muito.

O movimento cristão, que a Roma antiga tentou inutilmente sufocar, avançou vitorioso; e permanece vivo e ativo a desafiar outras Romas de todos os séculos, que certa e igualmente serão levadas ao pó, como aquela, se intentarem embargar-lhe a vitoriosa marcha.

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