Apocalipse 10.1-11 - Trazendo a Mensagem Celestial: A Comissão Amarga e Doce do Anjo de Apocalipse


Por Ray Summers 

Neste ponto interrompe-se o progresso regular dos juízos introduzidos pelas trombetas; e se interrompe justamente do mesmo modo como se deu entre o sexto e o sétimo selos, para dar lugar a duas visões consoladoras.

Apocalipse 10.1-11
1 - Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo;
2 - e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra,
3 - e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes.
4 - Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas.
5 - Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu
6 - e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já não haverá demora,
7 - mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas.
8 - A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra.
9 - Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel.
10 - Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo.
11 - Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.

A primeira está contida no capítulo 10, e a segunda no capítulo 11, versículos de 1 a 13. Já no versículo 14 do capítulo 11, volta-se à série das trombetas, indo daí até o final do capítulo.

Este é o maior dos entreatos regularmente colocados entre o sexto e o sétimo símbolos de uma série. Contém o anúncio de uma pronta retribuição, apresentada em quatro quadros.

O anjo e os sete trovões (10:1-7) compreendem a primeira do entreato. João vê um anjo mui forte, radiantemente vestido, descendo do céu.

É um mensageiro da vingança da de Deus. Parece haver pouca base para a interpretação dada por Richardson (Richardson, op. ext., p. 101), quando diz que este anjo é o próprio Cristo. 

Noutros lugares, os anjos são mensageiros, e aqui parece dar-se o mesmo. Ele traz na mão um pequeno livro aberto. Um de seus pés descansa em terra firme e o outro no mar, indicando que a mensagem que traz é endereçada a todo o mundo. 

Clama com voz muito forte, como o bramido do leão. Esse bramido é, sem dúvida, para atrair a atenção de todos para aquilo que vai dizer.

Antes de poder anunciar sua mensagem, "os sete trovões fizeram ouvir suas vozes". O trovão é símbolo de aviso. Em todas as outras passagens preliminares em que ocorrem trovões (8:5; 11:19; 16:18), são anúncios prévios de juízos da ira divina, o que provavelmente se dá aqui também. 

Com os sete selos, as sete trombetas e as sete taças, aparece o aviso prévio dos sete trovões. Foi dito a João que escrevesse o que viu e ouviu.

Obedecendo à ordem recebida, começou a escrever os avisos dos sete trovões. Uma voz do céu, porém, fez com que ele parasse, e lhe ordenou que selasse as coisas que os sete trovões anunciaram. 

A razão deste proceder nos é dada nos poucos versículos seguintes — é que não haveria mais avisos ou admoestações. O anjo, que assim fora interrompido, levantou então a mão e anunciou o último veredicto solene— "Não haverá mais demora". 

E continuou, para anunciar o fato de que, ao soar da sétima trombeta, se revelaria afinal o mistério de Deus.

Os avisos dados pelas seis trombetas tinham sido suficientes; os homens não se arrependeram; então, o castigo viria sem mais delongas. Por essa razão, não se permitiu a João que escrevesse os avisos proclamados pelos sete trovões. Não haveria mais avisos, nem mais demora.

O livrinho na mão do anjo é a segunda coisa de importância neste capítulo (10:8-11). A voz do céu se ouviu novamente, instruindo a João para que avançasse e tomasse o livrinho da mão do anjo.



Recebeu-o juntamente com instruções do anjo para que o comesse, assegurando-lhe o anjo que a princípio o livrinho lhe seria doce em sua boca, mas amargo no ventre.

Eis que, havendo João comido o livrinho, notou que as palavras do anjo eram verdadeiras. Daí, foi João comissionado para profetizar a muitos povos.

É grande a controvérsia acerca do conteúdo desse livrinho. Alguns acham que contém a visão do capítulo 11.

Outros acham que contém uma segunda revelação, que começa com o capítulo 12 e vai até o final do Apocalipse.

Ainda outros mais acham que contém simplesmente a comissão de pregar o juízo de Deus contra os homens que O rejeitaram. 

Todas estas ideias têm evidências pró e contra. Estudando-se melhor o contexto inteiro, parece que o conteúdo do livrinho tem relação com coisas tristes e calamidades.

Isto é verdade quanto a Ezequiel 2:8 em diante. Quando Ezequiel engoliu o livro, foi encarregado de pronunciar lamentações e ais sobre o antigo Israel. 

Assim também se dá com o livrinho agora, e, ao que parece, contém ele uma mensagem que significa para João tristeza, à medida que a for anunciando.

Parece, portanto, tratar-se duma mensagem de caráter geral:


  • ais sobre homens que merecem o juízo divino, pelo fato de O terem rejeitado; 
  • ais sobre os cristãos, por se acharem nas mãos de seus inimigos; 
  • ais sobre a Igreja, em conflito com o grande poderio mundial de Roma; 
  • ais sobre Roma e sobre a sua grande derrocada. 
  • Talvez se trate de uma combinação de tudo isso, já que João iria profetizar "a muitos povos, e nações, e línguas, e reis".

Os entendidos quase que são unânimes quanto ao que significa João comer o livrinho. Simboliza que João conheceria bem a mensagem nele contida. Ele assimilaria bem a mensagem, tornando-a parte de si mesmo.

Na boca de João o livrinho seria doce, simbolizando, sem dúvida, a doçura, a alegria de receber de Deus uma revelação e o prazer que sentiria em ver que Deus lhe confiava a responsabilidade daquela mensagem. 

Todos os pregadores conhecem essa alegria. Também os pregadores, que sentem bem a alegria dessa responsabilidade, conhecem a amargura que provém da entrega da divina mensagem de condenação aos pecadores.

Não importa saber quanto João conhecia a respeito do modo ou até onde sofreriam os homens cujos maus atos clamavam pelo castigo do céu; o que se sabe é que, só ao pensar na entrega dessa mensagem, o coração de João se enchia de amargura e tristeza.

De fato, o pensar nas terríveis consequências do desencadear da revelada cólera divina sobre os pecadores impenitentes é já em si coisa bastante amarga e acabrunhadora, mesmo deixando-se de parte a ideia da necessidade de tal juízo.

ÍNDICE

21 - O anúncio da desforra - Apocalipse 10.1-11
22 - A medição do Templo e as duas testemunhas - Apocalipse 11.1-19

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