As 3 posturas essenciais para uma proclamação inteligente - Estudo Bíblico sobre Evangelismo e Missões

Atos 17.16-34

De toda a obra da criação de Deus, o homem é o único ser que dispõe de raciocínio. Ele foi criado à imagem e semelhança de Deus. Ele possui razão, mas também é o único que tem sede pelo sagrado, preocupando-se com as questões espirituais, cultivando a fé.

No exercício da evangelização não basta falar da fé; é importante desenvolver a missão da igreja de forma inteligente, com os olhos em Deus, mas com os pés na terra. O bom senso deve acompanhar a prática evangelística da igreja, ensinando aos que evangelizam a lidar com as pessoas e com o mundo.

O apóstolo Paulo em sua rica experiência missionária tem muito a ensinar; Oração e perseverança estimularam e sustentaram o seu ministério; mas também, métodos adequados, aplicados pela sabedoria de Deus, de forma inteligente, produziram resultados favoráveis à expansão do reino.

Na segunda viagem, os missionários alcançaram importantes cidades no mundo grego: Filipos, Tessalônica, Beréia, Atenas e Corinto.

Na cidade de Atenas, em uma parada aparentemente rápida, o apóstolo enfrentou grande desafio: pregar o evangelho para intelectuais (os filósofos gregos) em um lugar que era considerado “um símbolo, o monumento da cultura, a cidade dos filósofos ", como descreve José Comblin.

Cada cristão é um evangelista. E em nossa caminhada, surgem muitas oportunidades semelhantes às do apóstolo Paulo. O bom senso e a inteligência devem ser utilizados por todos aqueles que anunciam a Palavra de Deus.

A partir dessa rica e desafiante experiência do apóstolo é possível aprender posturas sérias e conscientes ao se proclamar o evangelho, das quais destacamos:

1. O cristão deve manifestar um profundo respeito pelos ouvintes

Atenas era uma cidade dominada pela idolatria, como muitas cidades pelo mundo. O apóstolo chega a ficar “revoltado” com tal situação (v. 16).

No entanto, ele não foi agressivo para com idólatras, manifestando um profundo respeito pelos religiosos de seu tempo, embora não concordasse com suas opiniões. Deus odeia a idolatria, mas ama ao idólatra e deseja que ele chegue ao pleno conhecimento da verdade.

Infelizmente, muitas portas se fecham porque “em nome da verdade”, alguns pregadores bem intencionados não respeitam as opiniões divergentes das pessoas que poderiam ser alcançadas para Cristo, mas que passam a evitar qualquer contato com os evangélicos, tornando-se “vacinadas” contra a Palavra.

É preciso compreender que as pessoas são criadas nos meios mais diversos, recebendo influências várias em sua formação. O evangelista precisa aprender a apresentar a mensagem da salvação de forma inteligente respeitando o ouvinte, mesmo não concordando com suas opiniões.

Quando se tem um bom produto não há necessidade de se desfazer do produto dos outros. Ao invés de agredir ou assustar o pecador, a proclamação inteligente vai apresentar a mensagem salvadora de Cristo, crendo que:

João 8.32
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”

2. O cristão deve se identificar simpaticamente com os ouvintes

Pelo amor ao evangelho, Paulo sofreu acusações e ofensas da parte dos atenienses. Mesmo assim, ele preferiu se identificar com os seus ouvintes, sendo simpático e interessado pela realidade do outro.

Ele não despreza a filosofia dos gregos, nem rejeita as suas ponderações. Pelo contrário, ele elogia o interesse dos atenienses pelos assuntos religiosos (vv. 22,23).

Deus também se identificou conosco na pessoa de Jesus, que conviveu de perto com os pecadores, sofreu as nossas dores, desafiando a todos para o seguirem. Mas, ele continuou a ser o mesmo.

A leitura do Evangelho segundo João informa que Jesus se identificou com diversas pessoas em diferentes locais:

  • em uma festa de casamento (Jo 2)
  • com um religioso de nome Nicodemos (Jo 3)
  • com uma mulher samaritana (Jo 4)
  • com pessoas deficientes (Jo 5 e 9)
  • com multidões famintas (Jo 6)
  • com uma mulher adúltera (Jo 8)
  • com um amigo que morreu (Jo 11), etc.

É indispensável a identificação com a pessoa ou grupo a ser alcançado se sentindo parte do povo e sendo aceito pelo povo.

Não somos seres extraterrenos; exercemos a nossa missão de "sal", "luz" e "fermento" por intermédio da identificação e contato com a “terra”, o “mundo” e a “massa”. Estamos no mundo, mas não somos do mundo (Jo 17.10,14-17).

3. O cristão deve agir estrategicamente para alcançar os ouvintes

Para alcançar os ouvintes, o apóstolo Paulo se utilizou de estratégias bem definidas. Por exemplo: ele sempre comparecia às sinagogas no dia de sábado, para tomar a palavra e transmitir a mensagem evangélica. No caso de Atenas, além de comparecer às sinagogas, Paulo prega na praça pública e consegue uma oportunidade para falar a pessoas ilustres no Areópago — uma pequena e retirada praça própria para discussões. Felizmente, o apóstolo se encontra devidamente preparado para enfrentar situações como essas.

Através de sua estratégia, muitas pessoas puderam ser alcançadas pelo evangelho. Não houve uma grande aceitação. Muitas vezes, as colheitas não são tão grandes como as semeaduras. Mas pessoas importantes da sociedade ateniense aderiram à fé.

É lamentável observar que após quase vinte séculos de cristianismo, campos, congregações e pontos de pregação são abertos sem definir as estratégias para a implantação do evangelho. Muitas vezes, comete-se o erro de não haver um estudo sério da realidade, com o levantamento de dados e a definição da filosofia missionária a ser adotada. Antes de se iniciar, é importante que algumas perguntas sobre o "campo" sejam respondidas com dados concretos, como por exemplo:

  • Qual a área geográfica que se pretende alcançar?
  • Quais os melhores métodos para este “campo"?
  • Quais os recursos e instrumentos disponíveis?
  • Qual a melhor literatura a ser utilizada?
  • Quais as igrejas já existentes na região?
  • Enfim, qual a melhor estratégia a ser utilizada para alcançar os ouvintes?
  • Então, vamos utilizar a nossa “mente” a serviço da evangelização?

Que Deus possa conceder sabedoria, entendimento e discernimento espirituais aos cristãos para que cumpram fielmente a sua missão, mas com sensatez e inteligência.

Para pensar

É indispensável a identificação com a pessoa ou grupo a ser alcançado se sentindo parte do povo e sendo aceito pelo povo. Não somos seres extraterrenos; exercemos a nossa missão de “sal”, “luz” e “fermento” por intermédio da identificação e contato com a "terra", o "mundo” e a “massa”. Estamos no mundo, mas não somos do mundo (Jo 17.10,14-17).

Autor: Wilson Emerick de Souza


Lista de estudos da série

Fundamentos da Missão: Por que Evangelizar?

1. Novo nascimento: o evangelho que transforma tudo – Estudo Bíblico 

Estratégias de Evangelismo: Métodos e Abordagens

14. A estratégia de Paulo no supermercado da fé – Estudo Bíblico sobre Atos 17 

Semeando Vida

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