Provérbios 17.17
Introdução
Uma das maiores oportunidades do cristão é a evangelização dos seus amigos. A amizade pode ser a maior estratégia de evangelismo, ao mesmo tempo que pode ser a maior razão de afastamento das pessoas de Cristo.
Dependerá do tipo de testemunho dado e do estilo de amizade. Orar por um amigo é o ato que precede a conversão deste.
Orar pelos amigos é buscar a bênção do Senhor sobre eles, é interceder junto ao Pai a fim de que eles também sejam alcançados pelo Senhor. Nesta lição queremos enfatizar algumas estratégias de evangelismo através da amizade.
1. O TESTEMUNHO
Neste tempo em que a imagem ganha força e destaque, o testemunho é a imagem da nossa fé. Não há espaço para discurso incoerente com a vida. O fato de os evangélicos crescerem muito no Brasil, mas o Evangelho não crescer na mesma medida, resultou numa "constantinização”¹ da fé cristã.
Há posturas e atitudes de arrepiar o crente bíblico, mas que já não assustam boa parte da nossa comunidade. Os modelos de "crentes" costumeiramente apresentados ao grande público, nem de longe lembram as atitudes de Jesus. Este fato redobra a importância do testemunho pessoal.
O que faço, fala mais alto do que o que falo. As minhas atitudes precisam demonstrar a fé que tenho, mesmo em meio a minha humanidade revelada, o que dá chances de falar da maravilhosa misericórdia do Senhor.
Testemunhar não é somente usar camisetas com mensagens bíblicas ou os lindos adesivos de carro. Testemunhar resume- se em dar imagem e som à sua fé em Cristo Jesus.
2. A ARTE DE REANIMAR O CORAÇÃO
Paulo escrevendo a Filemom afirma que este possuía um talento especial de reanimar o coração. Faz esta citação em duas ocasiões, v. 7 e 20, o que reforça sua importância. A força da expressão apresenta uma das marcas principais de Filemom.
Ele sabia como encorajar as pessoas e reanimar os corações. Este reforço era uma referência nele. Ele sabia como reanimar um coração cansado e aflito. Ele sabia usar a sua vida para encorajar os que atravessavam tempos de lutas e dificuldades.
Há muitos amigos nossos que estão ansiosos por ouvir uma palavra encorajadora. Uma palavra que produza um ânimo novo em seus corações tão bombardeados neste tempo. Saber reanimar um coração é ter a porta sempre aberta para falar daquele que dá coragem ao que tem medo e multiplica as forças daquele que não tem nenhum vigor.
Reanimar um coração é mostrar que apesar das evidências, há uma outra chance que só o Senhor pode nos abrir. Com certeza à sua volta há pessoas que estão sem muito estimulo e ânimo, Deus o está enviando para ser aquele que há de reanimar os corações.
3. ABRINDO O CORAÇÃO E AS PORTAS DE CASA
Em nosso tempo ninguém tem muito tempo. Nossas casas têm grades e muros. Nosso prédios têm porteiros e interfones. É difícil entrar na casa de alguém, e para muita gente a solidão é a única companhia.
Paulo certamente teve alguns amigos, e faz referências a muitas pessoas em suas despedidas. No entanto, há um casal que parece ter marcado em especial a sua vida. Trata-se de Priscila e Áquila.
Foi na casa deles que Paulo se hospedou, desenvolvendo com eles o ofício de fazer tendas. Aquela porta aberta serviu para o sustento de Paulo e proclamação da Palavra em Corinto.
O mesmo casal recebeu a Apolo e com mais exatidão lhe expôs o caminho de Deus. Podemos agir assim também em relação aos nosso amigos. Abrir o coração e também as portas da nossa casa para recebê-los.
Muitos não têm uma boa referência de família, de relacionamentos fortes e sólidos e tão somente o ambiente amoroso do lar pode resultar em mudanças profundas no seu interior. Muitos jovens e adolescentes não conhecem uma atmosfera saudável de família, onde há respeito e carinho mútuo. Muitos adultos carregam na memória tristes lembranças de intrigas e confusões familiares.
Quando abro as portas do meu lar, de fato abro também as portas do meu coração. Permito que este amigo venha e faça parte da minha intimidade, permito que me conheça mais de perto, e consequentemente conheça Aquele que é a razão da minha vida.
Conclusão
Lembre-se dos olhos nos olhos. As janelas da alma revelam o que se passa dentro do ser, e que muitas vezes não se consegue revelar. Quem olha nos olhos conhece, e assim pode participar ativamente e influenciar biblicamente.
O testemunho é a imagem da nossa fé. A incoerência entre discurso e prática tem a força de minar o coração daqueles que ansiosos estão por ouvirem a Palavra do Senhor.
Reanimar o coração é um talento a ser buscado e experimentado. Esta é uma arte que fortalece amizades e que aguça a curiosidade para se descobrir qual a razão de tanto ânimo e força.
Abrir as portas de casa e do coração vai atrair os amigos para o meu modo de vida, tipo de relacionamento dentro do lar e posturas pessoais, demonstrando bem claramente a fé que me sustenta e que me faz caminhar de maneira diferenciada.
Aplicação
Faça uma relação com os nomes de seus amigos. Em seguida, marque aqueles para os quais você já falou de Cristo. Ore por seus amigos e procure evangelizá-los.
¹ Essa expressão se refere ao que ocorreu no Império Romano quando o imperador Constantino se declarou cristão, no século IV d.C. Mesmo antes de ser oficializado, o Cristianismo se tornou popular, as igrejas cresceram, mas sem as conversões necessárias.
ΑΝΕΧΟ 1 - COMO PODEMOS APRESENTAR O EVANGELHO A UM AMIGO OU A UM MEMBRO DA FAMÍLIA QUE TALVEZ SEJA ATEU?
Não creio que jamais tenha havido um cristão que não tenha carregado ao longo de sua vida, um fardo pesado pelas almas das pessoas que lhe são mais queridas, quase sempre membros da família imediata ou amigos mais chegados.
Todos nós lutamos com isto. Como compartilhar nossa fé e comunicar aquilo que é tão importante e precioso para nós, e, estamos convencidos, que é tão importante para eles? Qual é a maneira mais eficiente de fazer isto?
Se eu soubesse a resposta para esta pergunta eu a embalaria e venderia porque há uma grande demanda. Durante minha infância espiritual, eu estava cheio de zelo pelas coisas de Cristo e desejava desesperadamente ver minha família entregar-se a ele.
Eu fiz tudo da maneira errada. Comportei-me de forma muito agressiva e praticamente os cansei terrivelmente citando as Escrituras para eles, deixando versículos em suas cabeceiras e todo este tipo de coisas que eles tomaram como minha desaprovação pessoal a seu respeito.
Não era isto que eu estava tentando comunicar, e não era isto que eu sentia a respeito deles, mas foi assim que eles entenderam. Quando me tornei cristão, fiquei tão empolgado que fui para casa e conversei com minha mãe e, cheio de entusiasmo, eu lhe disse: "Mamãe, adivinhe o que aconteceu comigo! Eu me tornei cristão."
E ela ficou completamente estonteada. Ela respondeu: "O que você quer dizer com eu me tornei um cristão? Você sempre foi cristão." E em vez de compartilhar de minha alegria pela fé recém-encontrada, ela se tornou muito, muito defensiva, porque o que ela me ouviu dizer foi: "Mamãe, você não me educou com o sistema certo de valores. Você não é cristã. Você não é digna de ser minha mãe."
Era isto que ela estava ouvindo. Portanto, temos de ser especialmente sensíveis com os sentimentos daqueles que são próximos a nós porque eles investiram muito no nosso relacionamento.
Se existe um lugar onde mereço ter o direito de ser ouvido este lugar é na companhia dos meus amigos. É onde achamos que menos precisaríamos de exigir o direito de sermos ouvidos porque já temos uma amizade estabelecida.
Pressupomos que, uma vez que somos amigos, eles ouvirão o que dizemos com seriedade e atenção. Mas quando vou a eles com algo que contém uma crítica velada sobre sua posição a respeito de Deus e de Cristo, eles tomarão isto como uma rejeição pessoal ou, pelo menos, como desaprovação.
Portanto, antes de explicar Cristo a eles ou defender a fé, preciso provar que sou amigo deles (ou que sou filho de meu pai ou de minha mãe, ou irmão de minha irmã) de forma que eles não se sintam como se eu estivesse fazendo uma ruptura radical em nosso relacionamento.
(Extraído do livro Boa Pergunta!, RC Sproul, Editora Cultura Cristã, p.206)