Atos 4.5-31; 5.29
É lamentável constatar que alguns cristãos se intimidam e revelam medo diante de excelentes oportunidades para a proclamação do evangelho.
Às vezes, diante de autoridades eminentes, de pessoas letradas, e amigos em geral, tais cristãos se sentem desencorajados e desmotivados a apresentar e defender a pessoa do Senhor Jesus Cristo.
Entretanto, o que se espera de cada cristão autêntico é um posicionamento de determinação e coragem em toda e qualquer situação para anunciar o evangelho de Cristo.
A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que foram corajosas, intrépidas na proclamação das Boas Novas do reino, dentre as quais o de Paulo e seus cooperadores quando estiveram em Filipos (I Ts 2.1,2).
O texto básico apresenta os apóstolos Pedro e João após o episódio da cura de um homem coxo, sendo aprisionados e julgados. Eles falaram com intrepidez diante das autoridades, narrando exatamente os fatos como ocorreram. A sentença final foi para que eles não falassem nem ensinassem em o nome de Jesus (v. 18).
Diante disso, esses homens de Deus revelaram uma tremenda convicção religiosa e coragem, pelo que declararam:
“Pois nós não podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos" (v. 20).
Estas palavras expressam que a proclamação do evangelho não pode ser interrompida, e precisa ser cumprida com muita coragem.
É preciso fortalecer essa ideia, pois se percebe que há cristãos desencorajados nesta tarefa, chegando alguns a ter inibição e vergonha de transportar publicamente uma Bíblia. Vejamos mais alguns aspectos desta proclamação corajosa:
1. A proclamação corajosa é fruto de uma verdadeira convivência com Cristo
Pedro e João eram homens iletrados, mas demonstravam intrepidez diante das autoridades do Sinédrio. E essas autoridades “... reconheceram que haviam eles estado com Jesus" (v. 13).
Não há dúvida de que o encontro, a convivência, e o intenso relacionamento com Jesus proporcionam esta coragem.
Ao investir os discípulos na Grande Comissão, ordenando-lhes que fossem e fizessem discípulos de todas as nações, Jesus prometeu aos seus proclamadores:
Mateus 28.20
"E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século"
Quando o cristão se conscientiza desta importante companhia, ele se sente fortalecido para desenvolver, de maneira ousada, dinâmica e corajosa, a tarefa da proclamação.
Estando em plena comunhão com o Senhor Jesus, o cristão se sente encorajado para enfrentar os obstáculos e desafios da missão, podendo dizer confiantemente tal qual o apóstolo Paulo:
Filipenses 4.13
"Tudo posso naquele que me fortalece"
Paulo vivia em constante comunhão com Deus; era um corajoso proclamador, e diante dos perigos da missão, dá o seu brilhante testemunho:
2 Timóteo 4.17-18
"Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças para que por meu intermédio a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará também de toda obra maligna, e me levará salvo para o seu reino celestial"
Tendo uma profunda comunhão com este Senhor que assiste, que reveste de forças, que livra e que nos leva a salvo, podemos ser porta-vozes de uma proclamação corajosa.
2. A proclamação corajosa é fruto de um verdadeiro compromisso com o Reino de Deus
O texto-base aponta claramente para uma proclamação corajosa que era fruto do compromisso com o reino de Deus. Não se pode deter o ímpeto de se proclamar, pois nos corações dos servos de Deus estava a consciência do compromisso da tarefa.
Quando os cristãos reconhecem e levam a sério esse compromisso, a proclamação se torna corajosa. Os apóstolos disseram: “Não podemos deixar de falar” (v. 2). Já em Atos 5.29 eles declaram: “Antes importa obedecer a Deus do que aos homens”.
É preciso que exista muita coragem, pois certa vez Jesus disse “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos” (Mt 10.16). Essa coragem não implica em se defender a prática de atitudes violentas, grosseiras e antiéticas. O Pr. Valdir Steuernagel disse:
"Simplicidade e humildade são, no meu parecer, palavras-chave para se obter êxito na evangelização”.
Um exemplo notável de compromisso com o reino de Deus se pode observar no apóstolo João. Em Apocalipse 1.9 ele declara que foi enviado para a ilha de Patmos "por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus”.
Para ele os interesses do reino estavam acima da sua própria vida. Ele descreveu:
1 João 1.3
"O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros..."
Ele pagou um elevado preço pelo seu corajoso compromisso com o reino de Deus, terminando os seus dias exilado naquela ilha.
3. A proclamação corajosa é fruto da unção do Espírito Santo
Observa-se, conforme o versículo 8, que os apóstolos possuíam coragem na proclamação porque eram homens que estavam cheios do Espírito Santo. O verso 31 faz menção a uma reunião de oração repleta da presença dinâmica do Espírito Santo, sendo que o resultado dessa presença foi o seguinte:
"... e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus". Realmente, quem concede esse poder para proclamar é o Espírito Santo de Deus que habita na vida dos cristãos autênticos (At 1.8).
Sem esse revestimento do Espírito Santo é impossível confrontar corajosamente as forças das trevas, fazendo prevalecer o evangelho do Senhor Jesus. Na força do Senhor é que cumprimos, com intrepidez, a tarefa da proclamação.
Não sendo fruto de uma verdadeira espiritualidade, a proclamação, além de tímida e ineficaz, poderá expor ao ridículo o nome de Cristo e a dignidade do evangelho.
É preciso, portanto, que estejamos devidamente habilitados, vestindo-nos da armadura de Deus para que nos seja dada, no abrir na nossa boca a palavra para com intrepidez fazer conhecido o mistério do evangelho, do qual somos embaixadores, para que em Cristo sejamos ousados para falar, como nos cumpre fazê-lo. É isto que nos ensina o apóstolo Paulo (Ef 6.10-20).
A Bíblia apresenta Estêvão, homem cheio do Espírito Santo, que, corajosamente, cumpriu a sua missão de proclamar e testemunhar a sublimidade das Boas Novas de salvação, passando para a história da Igreja Cristã como o primeiro mártir (At 6.5; 7.55).
A iminência da morte não foi capaz de intimidá-lo. Isto é resultado de uma vida repleta da unção do Espírito.
Será que hoje existe a mesma ousadia decorrente da presença do Espírito Santo na vida de cada cristão?
Para pensar
É preciso que exista muita coragem, pois certa vez Jesus disse “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos” (Mt 10.16). Essa coragem não implica em se defender a prática de atitudes violentas, grosseiras e antiéticas. O Pr. Valdir Steuernagel disse: "Simplicidade e humildade são, no meu parecer, palavras-chave para se obter êxito na evangelização”.
Autor: Anderson Sathler