A dupla infalível para fortalecer sua igreja - Estudo Bíblico sobre Evangelismo e Missões

Atos 20.17-38

Introdução

Um dos problemas mais comuns que as igrejas evangélicas enfrentam é o da deserção de membros, isto é: pessoas que são batizadas, mas se afastam. Ao mesmo tempo, um dos desejos mais fortes que crentes (líderes e liderados) consagrados têm, é o de que suas igrejas sejam ativas, fortes, dinâmicas, crescentes e saudáveis.

Para alcançar este alvo, muitos estimulam suas comunidades a realizarem grande número de atividades. Estão sempre em busca de novos programas, novas atividades para suas igrejas. Há quem pense que não é necessário nem sequer ter base bíblica para as programações que implantam em suas igrejas. O que importa, pensam, é funcionar.

A Bíblia, nossa regra única de fé e prática, apresenta modelo para a igreja em missão no mundo. A partir do texto de Atos 20.17-38 é possível extrair princípios que mostram como uma igreja pode ser fortalecida, pela prática da evangelização e do discipulado.

1. A igreja é fortalecida pelo trabalho de evangelização

Quando evangeliza, a igreja cumpre ordem expressa de Jesus (Mc 16.15). A igreja se realiza quando evangeliza. Bom exemplo a ser citado é o da igreja de Antioquia (At 11.19-26).

É interessante observar que, em todos os textos de Atos que falam sobre a igreja de Antioquia, a mesma é apresentada como comunidade que praticava um intensivo programa de evangelização, aliado a um forte trabalho de discipulado dos novos crentes.

Nos vs. 20-21 do texto em estudo, Paulo diz: "jamais deixando de vos anunciar cousa alguma proveitosa, e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo".

O texto mostra que, para Paulo, a evangelização tem que ser:

Didática - o apóstolo diz que "ensinava" enquanto evangelizava. O que se pode aprender daí é que é uma evangelização inteligível, isto é: quem a ouve, entende. Nada de palavras difíceis ou raciocínios complicados, que impressionam os ouvintes, mas não comunicam.

Dirigida a todos - Conforme o texto, a evangelização é dirigida "tanto a judeus como a gregos". Em outras palavras: a mensagem do Evangelho é dirigida a todas as pessoas, de todas as posições sociais, culturais, econômicas, raciais ou religiosas. Quem anuncia o Evangelho não pode escolher a quem vai anunciar.

Diversificada - O anúncio do Evangelho deve acontecer de maneira inteligível, a todas as pessoas, e de maneira diversificada. Isso é mostrado no texto quando diz que Paulo anunciava "publicamente e também de casa em casa". Paulo não se limitava a um único método evangelístico. A igreja também deve usar uma variedade de métodos. Desde que sejam moralmente admissíveis, e, acima de tudo, fiéis à autoridade da Palavra de Deus.

Doutrinária - A evangelização praticada por Paulo tem como conteúdo doutrinário "o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo". Em nosso tempo, muitos praticam uma "evangelização" sem conteúdo doutrinário.

Anunciam muita coisa, mas deixam de lado o conteúdo central da mensagem apostólica, tão bem resumido em At 20:21. Muitos "evangelizam" pregando que Deus resolve problemas e dá bênçãos, mas não anunciam a mensagem que lembra ao ser humano que este precisa se arrepender de seus pecados.

Vale lembrar que a necessidade de arrependimento foi o tema da pregação de João Batista (Lc 3.8) e de Jesus (Mc 1.15).

2. A evangelização é complementada pelo discipulado

Prosseguindo em seu emocionante discurso de despedida, Paulo diz: "porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus" (v 27). O texto mostra que a missão da igreja vai além de apenas pregar o Evangelho a quem possa interessar, pois inclui o discipulado, seu complemento obrigatório.

Pouco adiante, no v. 31, Paulo abre seu coração de pastor ao dizer que discipulou aqueles crentes "com lágrimas". O modelo bíblico é claro: sem discipulado, não há evangelização. E sem evangelização, não há igreja.

Há igrejas conhecidas por seu ministério evangelístico. Outras, por seu programa de ensino. A igreja não deve se polarizar. Evangelização e discipulado são dimensões de uma mesma missão. A saúde da igreja está no seu ministério de ensino, que complementa o ministério evangelístico.

Há casos até de igrejas que dizem não querer pastores que sejam mestres. Biblicamente falando, esta recusa é absurda. Pois conforme o relato de Paulo registrado em Atos, uma igreja só é verdadeiramente forte se discipula os que dela se aproximam.

3. Evangelização e discipulado só são eficazes pela graça de Deus

Já se aproximando do final de seu discurso, Paulo diz: "agora pois encomendo-vos ao Senhor, e à palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados".

Ele não estaria mais pessoalmente presente com a igreja de Éfeso. Mas sabe que pregou para eles a palavra de Deus, e que o Deus da Palavra estaria para sempre com eles. Paulo expressa sua confiança que a graça divina confirmaria o trabalho de evangelização e discipulado acontecido naquela igreja.

Pela graça de Deus, o ser humano é salvo (Ef 2.8-9). Pela graça de Deus, o salvo é fortalecido (2Tm 2.1). Pela graça de Deus, os salvos aprendem a viver em santidade (Tt 2.11-13). Pela graça de Deus, que é melhor que a vida (Sl 63.3), a evangelização e o discipulado encontram eficácia.

Na graça de Deus, evangelistas e mestres encontram um freio para uma possível arrogância, que pode levá-los a crer que a igreja cresce por sua própria capacidade. Na graça de Deus, evangelistas e mestres encontram consolo e força para prosseguir na caminhada da missão, quando são atacados por tentações.

A igreja precisa ter consciência que só será bem sucedida na evangelização e no discipulado pela ação da graça de Deus, e não por seus próprios esforços.

Conclusão

Atos 20.17-38 é excelente ponto de partida para uma reflexão séria sobre a evangelização, uma dimensão da missão da igreja no mundo. O texto ressalta também aspectos importantes presentes na missão, como o do relacionamento entre os líderes da igreja.

Observa-se que o texto apresenta uma relação de carinho entre Paulo e os presbíteros da igreja de Éfeso. Uma liderança unida possibilita o trabalho de evangelização e discipulado. Por outro lado, uma liderança dividida compromete tanto a evangelização como também o ensino. A igreja deve estar coesa na missão de evangelizar e discipular.

Aplicação

Verifique se há alguém diferente em sua igreja. Manifeste sua simpatia a esta pessoa. Não tenha medo de ter amizade com ela. Ajude-a na caminhada da fé. Vale a pena agir assim em relação aos mais novos na fé. Não limite sua amizade apenas aos membros do grupo do qual você já faz parte.


Como posso colocar Jesus em primeiro lugar em minha vida?

Temos a ordem em Mateus 6:33: Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Falando nisto, a palavra que Jesus usa neste mandamento é a palavra grega protos, que é um pouco mais forte do que a palavra primeiro em nossa língua. Em inglês (e também em português), a palavra primeiro parece ser apenas um número numa sequência de números consecutivos.

O que encontramos no mandamento de Jesus é um conceito mais pesado de prioridade principal e ele nos diz para fazermos de seu mandamento uma questão de prioridade máxima. Esta é uma questão de estabelecermos prioridades e objetivos. Isto tem que vir antes.

Agora como continuamos a agir? Como um cristão cresce na graça e em devoção, amor, apreciação e obediência pelas coisas de Deus? Em teologia falamos sobre os meios de graça: oração, leitura das Escrituras, comunhão com outro cristãos, culto nas assembléias dos santos. Estes são os tipos de coisas que nos ajudam a manter nossas prioridades em ordem.

Permitam-me ser bem prático, até encarar isto do ponto de vista psicológico. Somos pessoas com desejos variados. Temos conflitos de desejos. Todos nós, cristãos, gostaríamos de ser capaz de apertar um botão e dizer: "De agora em diante vou colocar Deus em primeiro lugar em minha vida." Isto funciona até que algo diferente ocupa nosso desejo e, então, não queremos que Deus esteja em primeiro lugar em nossa vida. Se tivéssemos Deus constantemente em primeiro lugar em nossas vidas, nunca pecaríamos. Mas sempre que pecamos é porque, naquele momento, gostaríamos de fazer algo diferente de obedecer a Deus. Como nos tornamos mais firmes no propósito de colocar a Deus em seu lugar próprio em nossas vidas? Ou mais objetivamente, como nos tornamos mais obedientes?

Eu diria que uma das coisas que precisamos fazer é reconhecer nossa fragilidade e nossa fraqueza e o fato de que temos um desejo continuado e uma inclinação para pecar, mas estes desejos pelo pecado e pela desobediência não são constantes. É como apetite físico. Há uma analogia aqui. Sei que é mais fácil fazer dieta logo depois do jantar. A hora difícil de fazer dieta é pouco antes do jantar. Meus desejos físicos não são constantes, eles mudam de acordo com a hora em que comi pela última vez, etc. Reconheço isto em mim mesmo, e sei que, se vou desenvolver uma constância maior, talvez eu precise de ajuda. Posso entrar num programa onde eu tenha um sistema de auxílio para me ajudar, assim como Os Vigilantes do Peso.

É assim que acontece com o desenvolvimento espiritual. Sabemos que nossos desejos espirituais não são sempre constantes. Esta é a razão pela qual quando nos sentimos bem e desejamos ser obedientes, fortalecemos o novo homem e enfraquecemos o velho homem fazendo uso diligente dos meios de graça que Deus nos deu.

Boa Pergunta!, RC Sproul, Editora Cultura Cristã, p. 145.


Lista de estudos da série

Fundamentos da Missão: Por que Evangelizar?

1. Novo nascimento: o evangelho que transforma tudo – Estudo Bíblico 

Estratégias de Evangelismo: Métodos e Abordagens

14. A estratégia de Paulo no supermercado da fé – Estudo Bíblico sobre Atos 17 

Semeando Vida

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