Atos 4.1-22
Hoje as pessoas são bombardeadas a todo momento com um sem número de proclamações. Nas praças, nos templos, no rádio e na televisão é fácil ouvir e ver alguém pregando.
Entretanto, tem havido muitas proclamações que devem ser profundamente questionadas.
São aquelas pregações centralizadas no próprio pregador, centralizadas nas necessidades emocionais e materiais dos ouvintes, centralizadas na denominação a que pertence o pregador, enfim, proclamações desprovidas de respaldo bíblico, tendenciosas, perniciosas.
O estudo de hoje propõe uma análise da proclamação cristocêntrica, isto é, centralizada em Cristo, a autêntica e inconfundível proclamação que se espera da igreja.
Será que a mensagem proclamada pela igreja cristã hoje tem sido uma mensagem verdadeiramente centralizada na Pessoa de Cristo?
O texto deste estudo faz referência à prisão de Pedro e João pelas autoridades religiosas judaicas por causa da proclamação cristocêntrica e das obras por eles realizadas em nome de Jesus.
Vejamos, pois, as marcas desta proclamação.
1. QUANTO AO CONTEÚDO A PROCLAMAÇÃO CRISTOCÊNTRICA APRESENTA A JESUS
O próprio significado do termo indica que a proclamação cristocêntrica aponta para o Senhor Jesus Cristo. Ela está centralizada nele e promove o seu nome incomparável.
Quando de sua entrada triunfal em Jerusalém, Jesus foi aclamado por numerosa multidão que dizia:
"Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! e que ó Rei de Israel!" (Jo 12.12,13).
Jesus deve ser sempre o ponto central, pois tudo converge nele; aprouve a Deus que nele residisse toda a plenitude (CI 1.15-20).
O texto de Atos 5.42 diz o seguinte acerca dos apóstolos:
"E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo".
Ainda no livro de Atos encontramos outras referências do mesmo teor (9.19,20; 28.30,31). Na primeira carta aos Coríntios o apóstolo Paulo fala do conteúdo de sua pregação dizendo:
"Nós pregamos a Cristo crucificado" (I Co 1.23).
A proclamação apostólica é, portanto, inconfundivelmente cristocêntrica. Paulo considera anátema, isto é, maldito, aquele que prega outro evangelho que vá além do puro e autêntico evangelho de Cristo (G1 1.1-9).
A igreja precisa zelar pela qualidade do evangelho anunciado porque hoje é grande a tentação de falsificar a mensagem para que ela se torne mais facilmente aceita.
O que ocorre muitas vezes não é evangelização, mas uma jogada de “marketing” religioso visando vantagens financeiras, em que o nome de Cristo deixa de ser a coisa mais importante.
2. QUANTO À BASE A PROCLAMAÇÃO CRISTOCÊNTRICA FUNDAMENTA-SE NA BÍBLIA
É importante entender que a proclamação não pode ser considerada cristocêntrica simplesmente pelo fato de conter o nome de Cristo (Mt 7.21-23).
Ela precisa ser um testemunho embasado na Palavra de Deus. Os apóstolos viam no Antigo Testamento, nas profecias messiânicas, a base de sua mensagem. Nos primeiros capítulos do livro de Atos já podemos perceber isto com clareza (2.21; 2.34-36; 3.22,23; 4.25,26; 8.32,33; 13.32,33).
Os crentes de Bereia, convencidos disto examinavam as Escrituras para atestar a veracidade e exatidão da mensagem proclamada (At 17.10-12).
Qualquer proclamação por mais interessante e atraente que seja, se não for respaldada pela Palavra de Deus deve ser rejeitada.
Em meio ao fervor evangelístico verificado hoje a igreja precisa observar se tudo o que tem sido proposto possui base bíblica.
Fundamentação bíblica é um critério inegociável para se avaliar a qualidade da proclamação no sentido de ser ou não cristocêntrica. E por isso que “pregar a Cristo" e "pregar a Palavra” são expressões sinônimas.
3. QUANTO À EFICÁCIA A PROCLAMAÇÃO CRISTOCÊNTRICA É SINGULAR
É singular porque é a única proclamação que apresenta a Jesus como o único Caminho, a única Porta, o único Nome “dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos" (v. 12).
Esta proclamação aponta a única possibilidade estabelecida por Deus para que o homem seja liberto e alcance a salvação eterna (Jo 8.31,32,36; 10.9; At 16.30-32).
Hoje tem surgido muitas propostas religiosas para se alcançar a felicidade e a plena realização pessoal, independentemente da Pessoa do Senhor Jesus Cristo.
Muitos têm se esforçado na tentativa de provar a eficácia de proclamações vazias, anticristãs, que negam o Nome de Cristo ou que o subestimam como condição para o encontro com Deus e a consequente satisfação e salvação da alma.
Porém, aqueles que se deixam iludir são levados por estas falsas proclamações, experimentam a frustração que pode atingir um nível irreversível. Perdem-se no emaranhado de ideias antibíblicas confusas e mentirosas, não chegando onde desejam porque “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, o homem. O qual a si mesmo se deu em resgate por todos" (I Tm 2.5,6).
4. QUANTO AO ANÚNCIO A PROCLAMAÇÃO CRISTOCÊNTRICA É INEVITÁVEL
Conforme o relato do texto, os apóstolos foram presos porque anunciavam uma mensagem cristocêntrica. Porém, mesmo tendo sido ameaçados pelas autoridades que lhes ordenaram não pregassem em nome de Jesus, Pedro e João com firmeza e determinação responderam:
"Julgai se é justo diante de Deus ouvir-nos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos" (vv. 19,20).
Aquele que conhece e já foi alcançado pela mensagem cristocêntrica não tem como deixar de anunciá-la aos outros. O testemunho da mulher samaritana confirma isto (Jo 4.39-42).
O apóstolo João no início de sua primeira carta escreve: “O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco (I Jo 1.1-3).
A igreja não pode, portanto, se omitir na tarefa de fazer conhecido o precioso nome de Cristo. Esta deve ser a sua constante mensagem. pois para este propósito foi resgatada e estabelecida no mundo:
"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9).
PARA PENSAR
Tem havido muitas proclamações que devem ser profundamente questionadas. São aquelas pregações centralizadas no próprio pregador, centralizadas nas necessidades emocionais e materiais dos ouvintes, centralizadas na denominação a que pertence o pregador, enfim, proclamações desprovidas de respaldo bíblico, tendenciosas, perniciosas.
Autor: Eneziel Peixoto de Andrade