Atos 1.8
Introdução
Evangelização é o processo pelo qual Deus, através do poder do Espírito Santo, torna possível aos homens ouvirem e aceitarem o evangelho de Jesus Cristo. Sem a operação dinâmica do Espírito Santo não pode haver uma comunicação efetiva do evangelho.
Desejo iniciar esta lição com as palavras acima, pois elas destacam a importância da presença e da atuação do Espírito Santo na tarefa evangelística. Atualmente creio ser necessário uma reafirmação do ensino bíblico acerca do Espírito Santo na evangelização da igreja.
Isso deve-se ao fato de vivermos um momento em que praticamente todo o processo de evangelização está baseado em metodologias importadas e descontextualizadas, em técnicas mercadológicas e no tão secularizado conceito de sucesso onde o único resultado possível da evangelização é o mega- crescimento da igreja.
E neste contexto, já instalado na igreja evangélica brasileira, que precisamos parar para estudar um pouco sobre o Espírito Santo na evangelização.
Creio que o ponto de partida para este estudo é o reconhecimento que o Espírito Santo tem uma participação essencial na tarefa evangelística da igreja e do cristão, a ponto de não podermos realizar essa obra a não ser em submissão ao Espírito e na capacitação que ele nos concede.
Em realidade, é fundamental de nossa parte uma constante atitude de humildade e busca da presença do Espírito Santo em nossa vida e missão. E importante observar alguns aspectos da obra do Espírito Santo na evangelização:
1. O ESPÍRITO SANTO É UM ESPÍRITO TESTIFICANTE
O Espírito dará testemunho de Jesus (Jo 15.26). Efetivamente, em qualquer lugar ou momento em que o Espírito Santo se manifeste, o aspecto evangelístico da missão da igreja, dentre outros, se estenderá de forma natural e espontânea.
O que procuro deixar claro aqui é que o Espírito Santo é a primeira pessoa que se dedica ao cumprimento da Grande Comissão, ou seja, testemunhar o evangelho é uma obra que o próprio Espírito realiza. Ele é a principal testemunha da salvação em Cristo. Apenas pelo seu poder os homens podem experimentar a salvação.
2. O ESPÍRITO SANTO CONSCIENTIZA E CONVENCE DA HISTÓRIA E DO SIGNIFICADO DA OBRA DE CRISTO
O Consolador convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7-11). Somente através da atuação do Espírito Santo, homens e mulheres que vivem afastados de Deus podem reconhecer a historicidade e o poder redentor de Jesus Cristo.
E o Espírito Santo, portanto, o único capaz de convencer as pessoas do seu verdadeiro estado de pecado e culpa perante Deus, da suficiência do sacrifício de Jesus que nos restaura em justiça aos olhos do Pai, bem como da garantia completa da salvação que nos é concedida uma vez que o príncipe deste mundo foi julgado e condenado.
Em outras palavras, é o Espírito Santo quem convence homens e mulheres de sua alienação de Deus e de sua falência moral e espiritual.
O Espírito Santo é quem nos convence da santidade absoluta de Deus, de sua disposição de salvar e de sua redenção realizada por Cristo. E o Espírito que gera fé onde ela nunca existiu, produzindo vida significativa e eterna.
3. O ESPÍRITO SANTO É QUEM NOS CAPACITA PARA A TAREFA EVANGELÍSTICA
E recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas... (At 1.8).
O poder a que se refere o v.8 não é aquele poder absoluto e real que Deus reservou para si próprio (v.7), mas refere-se à capacitação especial que o Espírito Santo nos concede para que possamos testemunhar de Jesus Cristo entre todos os povos e em cada dimensão da vida humana.
Esta capacitação do Espírito, ou como muitos preferem dizer, "poder", não pode ser almejada por nós como um fim em si mesmo.
Na verdade, o Espírito Santo nos capacita de forma especial para a proclamação do evangelho.
Olhando por este aspecto, ainda precisamos reconhecer a importância da participação da igreja e dos cristãos no ministério evangelístico. Se por um lado a ação e a presença do Espírito Santo são fundamentais na evangelização, por outro lado, não podemos ser negligentes com a responsabilidade evangelística que recebemos de Deus.
Todos aqueles que crêem em Cristo são, ao mesmo tempo, vocacionados para a pregação do evangelho de Cristo (Mc 16.15) e capacitados pelo Espírito Santo para o cumprimento desta vocação (At 1.8).
Portanto, não nos cabe nenhuma atitude ou posicionamento acomodados em relação ao evangelismo. Não podemos pensar que o evangelismo seja uma obra do Espírito sem a nossa participação ativa e responsável.
Ao contrário, a evangelização é uma tarefa que devemos assumir, investir e realizar no poder do Espírito, submissos ao seu mandato, seguindo seu direcionamento!
4. O ESPÍRITO SANTO É A NOSSA PRINCIPAL FORÇA MOTIVADORA PARA A EVANGELIZAÇÃO
Refiro-me a uma força interna e pessoal, à vocação e à constante motivação que ele nos concede. Refiro-me, também, à uma força externa, usando-se de oportunidades concretas e convencendo as pessoas da graça de Deus.
Neste sentido, creio ser importante frisar que nossa motivação para o evangelismo deve originar-se em Deus e que nossa confiança nos resultados da evangelização deve ser fundamentalmente colocada na ação do Espírito Santo. Esta ênfase dá-se devido ao grande assédio aos métodos evangelísticos por nossa parte.
Não restam dúvidas quanto à importância do bom uso de boas metodologias. Entretanto, elas não representam a essência do evangelismo e não podemos pôr sobre elas nossa confiança nem torná-las em base da missão.
As metodologias mudam, adaptam-se, O conteúdo do evangelho a ser pregado, a presença e a ação do Espírito e o exercício responsável da vocação evangelística e missionária da igreja permanecem.
Conclusão
Quero concluir sugerindo algumas implicações iniciais desta lição para a vida da igreja e dos cristãos:
A. É fundamental que todo o trabalho evangelístico e missionário seja realizado por nós tendo como base o relacionamento pessoal com o Espírito Santo;
B. Não podemos envolver-nos na evangelização confiados em nossas habilidades pessoais e eclesiásticas, tais como nossos dons, talentos e recursos humanos, financeiros ou tecnológicos;
C. A evangelização não pode, também, ser equivalente a uma ou mais metodologias específicas, tais como "plantar igrejas", "quatro leis espirituais", "evangelismo explosivo", "G12", etc. Os métodos podem ter sua importância, mas a evangelização deve priorizar uma ação submissa e dependente do Espírito Santo;
D. É o poder do Espírito Santo que dinamiza, capacita e direciona a igreja e os cristãos na tarefa evangelística, bem como convence os incrédulos da graça de Deus em Cristo;
E. E o Espírito Santo quem produz em nós uma nova vida baseada no evangelho e nas Escrituras, para que possamos servir aos demais como uma demonstração do amor de Deus ao mundo.
Esperamos que, através desta lição, cada um possa redobrar sua confiança em Deus e na obra do seu Espírito. Desejamos, também, que todos possamos investir nossas vidas, tempo, energia e bens na missão evangelizadora e transformadora que temos recebido de Jesus Cristo, sem deixar de lado uma atitude de humilde submissão à Palavra de Deus e à capacitação do Espírito Santo.
Aplicação
1. Em seu envolvimento na obra evangelística da igreja, qual tem sido o seu nível de dependência pessoal do Espírito Santo? Como isso tem acontecido?
2. Sendo o Espírito Santo quem dinamiza a obra evangelística, de que forma você pode buscar sua capacitação para exercer este ministério?