Isaías significa "Salvação de Jeová", e é chamado o profeta messiânico, pelas muitas profecias sobre o Messias e seu Reino Glorioso.
O profeta nasceu e viveu os primeiros anos de sua mocidade num dos períodos mais prósperos de Israel, sob o reinado do extraordinário Rei Uzias. “A sua terra está cheia de prata e de ouro, e não tem conta os seus tesouros..." (Isa. 2:7).
Mas, com a abundância de bens veio o luxo, a libertinagem e abandono a Deus (Is. 3:16-23; 5:11-22; 28:1; 32:5). Os ricos abusavam dos pobres para perverter a justiça e roubar os indefesos (Is. 1:23; 3:14,15). O pior era a hipocrisia religiosa. O povo estava insensível à voz de Deus (Is. 6:9-10).
Com a morte do Rei Uzias, que morreu leproso por causa de desobediência a Deus (II Cro. 26:16-23), toda a nação ficou em grande desalento e prostração.
O próprio profeta ficou em grande tristeza. Então vivendo tremenda crise, ele foi ao templo e lá teve uma nova compreensão da sua fé, pela visão recebida, de Deus, no seu alto e sublime trono.
Foi nesse dia que ele se tornou um verdadeiro profeta. Após dizer: “Eis-me aqui, envia-me", Deus lhe disse: "Vai".
1. A pessoa do profeta
Pouco se sabe a seu respeito além do que está no próprio livro, Filho de Amós (não o profeta), irmão do Rei Amazias (II Reis 14:1). Portanto, pertencia a uma família de boa posição social e política e recebeu uma formação aristocrática. Seus escritos são a experiência do mais alto nível intelectual da época.
Soube analisar com seriedade e nobreza e inteligente penetração, os problemas sociais, políticos e espirituais, não só do seu povo, mas também de outros povos vizinhos. Profetizou durante o reinado de quatro Reis de Judá, de 742 a 701 antes de Cristo.
2. Destaques do livro
a) Consciência de uma situação
É de estarrecer a qualquer um, o que está no início do capítulo primeiro de Isaías. A descrição do pecado, feita pelo profeta, mostra como ele tinha real consciência da situação.
Filhos revoltados contra Deus (5,2). Quem peca está em rebelião contra a vontade de Deus. Povo sem entendimento (5.3). A situação de quem está no pecado é de completa alienação, sem qualquer entendimento. Abandonaram a Deus (5.4). Viraram as costas para Deus, para a luz, para a vida.
Caminharam para trás (5.4). Ninguém gosta de caminhar para trás, mas quem vive no pecado não está fazendo outra coisa senão isto. Estão doentes.
O pecado não significa apenas ato exterior: tem uma abrangência total. Quem está no pecado, espiritualmente está doente. Esta era a situação de Israel: de afastamento de Deus e depravação moral.
Numa situação assim, o culto não tinha nenhum valor para Deus.
Diz o Senhor
De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? Estou farto dos holocaustos de carneiros... (Is. 1:11). Pelo que, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos... (Is. 1:15).
Eis o apelo:
Isaías 1.16-17
Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade dos vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem...
Promessa:
Isaías 1.18
Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que vossos pecados são como escarlata, eles se tornarão brancos como a neve...
Deus sempre está pronto para um acerto de paz com o pecador. O profeta estava consciente da situação do povo e do que Deus poderia fazer.
b) A mensagem messiânica
O Messias aparece neste livro de diversas maneiras:
1. Como o Emanuel - (Is. 7:14). Deus disse a Acaz que pedisse um sinal, mas este não pediu. Contudo Deus lhe deu: “Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel".
2. Como Deus forte e Príncipe da Paz - (Is. 9:6) “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
3. O Reinado do Justo Rei - (Is. 32:1-5-; 15-20). “Eis aí está que reinará um rei com Justiça, e em retidão governarão príncipes".
4. O Messias sofredor - (Is. 53). O Messias um dia terá seu Reino Glorioso, mas o profeta viu, também, o seu sofrimento para arrancar a humanidade da situação de Condenação e esmagar a Satanás e seus anjos.
5. O Reino do Messias - (Is. 60-66). Nestes capítulos o profeta prevê a volta de Israel à sua terra, voando como pombas (Is. 60:8); as riquezas das nações fluindo para a Palestina (is. 60:5); Jerusalém nunca mais será cidade desamparada (Is. 62:4); o Reino de paz e Justiça será estabelecido: “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha com o boi..."" (Is. 65:25); tudo será novo: “Pois eis que vos crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das cousas passadas, jamais haverá memória delas" (Is. 65:17).
c) Isaías e o novo testamento
O profeta Isaías, é sem dúvida, o mais citado no Novo Testamento. Os quatro evangelhos citam Is. 40:3 para mostrar que João Batista era aquele que “clamava no deserto".
Quando o anjo anunciou a Maria o nascimento de Jesus, citou Isaías 9:6,7. No batismo de Jesus, houve o cumprimento do que está profetizado em Isaías 1:1-2 e 61:1.
A "pedra de tropeço e rocha de ofensa”, mas “pedra aprovada, pedra preciosa, angular" citada em (Is. 8:14 e 28:16), é mencionada muitas vezes no Novo Testamento (Lc. 20:17; Rom. 9:33; I Pd. 2:4-10). “Quão formosos são os pés dos que anunciam cousas boas!", palavras de Isaías 52:7 que Paulo cita em Rom. 10:15.
O apóstolo Pedro também cita Isaías. "Pois toda a carne é como erva e toda a sua glória como a flor do campo; seca-se a erva e cai a sua flor". (Is. 40:6-8; I Pd. 1:24-25).
d) Rolo do mar morto
O livro de Isaías tem um privilégio que os outros livros proféticos não têm. É que em 1947, foram encontrados, perto do Mar Morto, dois rolos deste livro. Num está o livro quase completo, noutro, uma terça parte dele.
O mais importante é que, sendo manuscritos do segundo século antes de Cristo, são os documentos mais antigos de toda a Bíblia. O mais interessante é que o seu texto confere com o da Bíblia que tem sido usado através dos séculos, variando apenas em pequeninos detalhes. Isto é maravilhoso.
Autor: Rev. Felipe Dias