Visões da glória de Deus: As impressionantes revelações do profeta no exílio – Estudo Bíblico sobre o livro de Ezequiel

O livro de Ezequiel tem características especiais no Velho Testamento. O profeta usou muitas parábolas, provérbios e visões para transmitir a mensagem divina. É considerado o profeta apocalíptico.

1. Informações biográficas

Ezequiel foi profeta durante o cativeiro da Babilônia. Nabucodonosor viera a Jerusalém e levara dez mil dos mais destacados homens de Judá, entre os quais, além de pessoas de estirpe real, estavam Daniel e Ezequiel (I Cr. 36:6-7; Dn. 1:1-3; II Rs. 24:14-16).

Ezequiel foi contemporâneo de Daniel e Jeremias. Enquanto Jeremias ficou em Jerusalém com os judeus lá deixados até a época da invasão e destruição, Ezequiel atendeu o povo no cativeiro, procurando mostrar-lhe a realidade da situação e que o regresso não aconteceria em breve pois Jerusalém seria destruída.

Daniel alcançou grande fama no cativeiro (Ez. 15:14-20) além de cargos políticos destacados.

Ezequiel usou em suas mensagens muitos símbolos e visões. Ele viveu num período difícil no qual não havia liberdade religiosa. Ele usou o estilo apocalíptico para anunciar o juízo e as promessas de Deus tanto para Judá como para as nações pagãs.

Há muita semelhança entre a linguagem de Ezequiel e João que escreveu o Apocalipse, porque ambos preocuparam-se com um futuro definido pela ação poderosa de Deus.

Algumas visões de Ezequiel parecem estender-se ao livro do Apocalipse: Os querubins (Ez. 1 e Apoc. 4), Gogue e Magogue (Ez. 38 e Apoc. 20), a ordem de comer o livro (Ez. 3 e Apoc. 10), a nova Jerusalém (Ez. 40-48 e Apoc. 21), o rio da Água da vida (Ez. 47 e Apoc. 22).

2. Missão profética

Deus mandou Ezequiel pregar ao povo do cativeiro. Era ele próprio um cativo mas precisava orientar e advertir os compatriotas que viviam a mesma sorte. A responsabilidade do profeta era transmitir a mensagem “quer ouçam quer deixem de ouvir” (Ez. 3:11).

Ezequiel estava diante de um grande desafio pois não podia desanimar, mesmo sofrendo as agruras do cativeiro. As vezes somos tentados a fugir da responsabilidade alegando que os ouvintes são indiferentes (Ex. 4:1) ou que não sabemos falar com veemência (Jr. 1:6-7).

Ezequiel devia ser missionário ao seu próprio povo. É mais fácil ser missionário em terra estranha do que anunciar a Palavra do Senhor aos familiares e amigos.

Deus definiu claramente a missão do profeta: “eis que, não és enviado a um povo de estranho falar nem de língua difícil, mas à casa de Israel (Ez. 3:5,11). Deus sempre tem uma tarefa importante bem junto de nós, basta que estejamos atentos.

O cativeiro não fez o povo judeu voltar-se para Deus. Esse ato da Justiça divina pareceu ter levado o povo a uma indiferença religiosa mais acentuada e para os caminhos da impiedade. O povo adorava ídolos, levantava postes-ídolos nas colinas e profanava o santuário de Jeová (Ez. 5:11).

O profeta procurou explicar a intervenção divina e a permissão do cativeiro de Judá revelando que tudo redundaria no propósito final: “saberão que Eu sou o Senhor” (Ez. 6:7; 7:4; 11:10). Esta expressão ocorre 62 vezes no livro como uma nota marcante da sabedoria divina.

Outra ênfase da missão profética foi o dever de um atalaia. Deus mandou Ezequiel ser um atalaia. Ele não devia temer mas advertir o povo e se assim não agisse Deus requereria o sangue das suas mãos, o sangue desse povo (Ez. 3:16-21; 33:7).

A responsabilidade individual em anunciar a mensagem é algo impressionante. O apóstolo Paulo era tão fiel em sua missão de atalaia que podia dizer: “estou limpo do sangue de todos” (At. 20:26).

3. Mensagem profética

a) Julgamento divino sobre seu povo

O profeta Ezequiel fez predições antes da destruição de Jerusalém. Vivendo já na Babilônia ele sabia que todo o seu povo se tornaria cativo porque continuava impenitente.

Ezequiel foi convocado para afastar a falsa esperança dos cativos de que em breve poderiam voltar a Jerusalém. O profeta anunciou que muitos ainda seriam trazidos cativos à Babilônia e que a Cidade Santa, Jerusalém seria destruída (Ez. 3:17-21). Em determinados momentos o profeta silenciou (3:26; 24:27; 33:22), como uma advertência a falar somente o que Deus determinasse.

Os falsos profetas procuravam iludir o povo com esperanças infundadas (Ez. 13:18-21) prometendo o fim do cativeiro. Ezequiel foi colocado para anunciar o cumprimento da mensagem divina e a consumação do cativeiro.

b) Responsabilidade individual

Encontramos no capítulo 18 a mensagem de que Deus julga cada pessoa à vista da sua conduta individual (18:21-24). A geração que sofreu o cativeiro julgava-se menos culpada que seus pais, os provocadores da ira divina. Todavia o profeta instruiu que a responsabilidade do pecado é individual.

Diante de uma catástrofe espiritual há sempre uma crescente tendência para se apontar os culpados. Como a Igreja é uma comunidade e um corpo espiritual, todos sofrem e se tornam responsáveis diante dos problemas (I Cor. 12:26). A atitude de atirar pedra nos pecadores não nos isenta de nossas culpas (Mt. 7:1-5).

Todos nós somos responsáveis como verdadeiros atalaias, pelos fracassos e vitórias dos outros. Cumpramos a nossa missão avisando, advertindo e convocando todos ao arrependimento.

c) Juízo divino sobre os pagãos

Logo após a predição do cerco e destruição de Jerusalém (cap. 1 a 24), o profeta Ezequiel começou a anunciar a restauração de Judá. É a luz divina a brilhar no painel tenebroso do juízo divino. Antes de Judá ser restaurado como o “Israel de Deus”, as nações inimigas seriam julgadas.

O profeta prediz a destruição futura das potências estrangeiras dominantes e que tinham afligido Israel e Judá por longos anos. Deus pronunciou o seu juízo contra os vizinhos mais próximos de Israel, que o insultaram; depois para os inimigos mais distantes. Não apenas Amon, Moabe, Sidom, mas também as grandes potências de Tiro e Egito seriam combatidas e aniquiladas.

Deus não deixou impunes os pagãos. Apesar de serem usados como instrumentos de punição sobre Israel e Judá, os reis idólatras e iníquos seriam destruídos em tempo oportuno. O juízo do Senhor é misericordioso e justo. Ele não inocenta o culpado e nem condena o justo.

d) A glória do senhor

O profeta refere-se “a glória do Senhor” como símbolo da bênção divina.

Ele diz que a “glória do Senhor" se retirou de Jerusalém por causa do pecado e da idolatria (9:3). Primeiramente ela deixou os querubins e permaneceu no limiar da casa de Deus (JEz. 10:4), daí para a porta oriental (Ez. 10; 18-19) e por fim retirou-se completamente do templo e da cidade indo para o Monte das Oliveiras (Ez. 11:22-23).

Assim, pois, de maneira gradual a “glória do Senhor” abandonou o templo e a cidade santa. O cativeiro aconteceu com a ausência da “glória”, símbolo da bênção divina.

Ezequiel também fala da glória futura, como a grande esperança do novo Israel. A "glória do Senhor" retornará (Ez. 43:3-6) e encherá a casa de Deus (Ez. 44:4).

Os pastores de Israel haviam procedido impiamente e o rebanho estava disperso. O Senhor iria estabelecer um Pastor (Ez. 34:23).

A semente de David, herdeira do reino messiânico (II Sm. 7:16; SI. 89:20-36); Is. 7:13-14; Jr. 23:2-7; Ez.37:24-28; Os. 3:4-5; Lc. 1:30-33) e At. 2:29-31). Todos estes textos revelam que a bênção de Israel virá com o Messias, filho de Davi.

A restauração mencionada por Ezequiel não se refere aos que regressariam do cativeiro mas é o regresso dos que “virão de todas as nações” (Ez. 36:24). O cap. 37 que descreve a visão dos ossos secos prevê esse grandioso futuro.

Conclusão

O livro em estudo é indispensável porque apresenta um fato passado (cativeiro) e projeta o reino de Deus para o futuro (restauração de Israel). A leitura, cuidadosa com acompanhamento de um bom comentário bíblico favorecerá a compreensão dos planos divinos no passado e em nossos dias.

Autor: Rev. Oswaldo Hack

Semeando Vida

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