Ser um profeta de Deus sempre trouxe alguma fama. Não estima, nem prestígio. Às vezes até ódio e perseguição. Mas não esquecimento. Imagine então um profeta que surge depois de 400 anos de espera.
Por isso multidões procuraram João Batista. Mas isso não o fez querer um lugar de destaque. Ele sabia que viera como precursor de Cristo. Que homem extraordinário! Vale a pena conhecê-lo melhor.
I. Um profeta surpresa
Isso mesmo. A chegada de João Batista causou surpresa, e muita. Não só pelo silêncio profético de 400 anos. Também pelas características de João Batista.
João nasceu provavelmente no ano 7 a.C., filho dos anciãos Zacarias (um sacerdote) e Isabel. Lucas nos informa que o menino teve um crescimento e desenvolvimento dinâmico e que permaneceu no deserto da Judéia até o momento de apresentar sua mensagem.
Ali ele recebeu a palavra de Deus, sua convocação para profetizar (Lc 3.2). Alguns sugerem que, enquanto esteve no deserto, João Batista pertenceu a alguma seita do tipo que vivia em reclusão, provavelmente os Essênios. Mas os objetivos de João (Lc 1.17) e sua mensagem não apoiam essa teoria.
João Batista é apresentado como precursor do Messias. Daí compreendermos que a sua prisão foi o sinal para o início do ministério de Jesus na Galiléia (Mc 1.14 e segs.).
Aliás, os próprios apóstolos jamais se esqueceram dele como um referencial (At 10.37; 13.24,25). Foi o começo de uma era maravilhosa. Ele veio anunciá-la. E como João Batista a anunciou?
II. O Messias chegou
De repente, a voz profetizada em Isaías 40.3 começou a ser ouvida. O arauto de Cristo e o que prepararia seu caminho iniciou o seu ministério. João Batista é apresentado pregando e batizando no deserto da Judéia. E ele precisaria mesmo de um amplo cenário.
É que numerosa multidão, de Jerusalém, de toda a Judéia e da região do Jordão foi encontrá-lo e ouvi-lo. Era muita gente. A mensagem franca do pregador provocou em todos uma só resposta: deviam converter-se. Essa resposta era mostrada quando se submetiam ao batismo que ele lhes ministrava.
Entre os arrependidos apresentavam-se fariseus e saduceus. Os primeiros eram conhecidos pelo seu legalismo religioso. Os últimos eram ferrenhos sócios do poder, ricos e secularistas.
O profeta João Batista não os deixa sem mensagem. Sem verdadeiro arrependimento eles não escapariam do julgamento de Deus. Não bastava entrar na fila do batismo.
E também não adiantava só mostrar a carteira de identidade e provar serem descendentes de Abraão. Deus não depende disso. Se quisesse filhos de Abraão, dignos do nome, ele poderia fazê-lo transformando pedras.
O profeta enfatiza que o machado já estava posto à raiz das árvores: a condenação estava próxima. O arrependimento exigido, ele não traria salvação, mas condenação. Como Malaquias havia anunciado (Ml 4.1-6), o dia do Senhor traria a destruição dos perversos.
III. Eis o cordeiro de Deus
Depois de muitos séculos de previsões e espera, afinal, um profeta de Deus pode dizer: Chegou! Foi esse o testemunho de João Batista, ocorrido em Betânia, além do Jordão, próxima ao Mar da Galiléia. Isso ocorreu provavelmente no começo de março do ano 27.
O episódio começa um dia antes de Jesus retornar do deserto, onde foi tentado. Tendo ouvido tratar-se de outro falso Messias, o Sinédrio envia uma comitiva oficial para interrogá-lo. Mas João Batista afirmou claramente não ser o Messias, nem o profeta Elias que eles esperavam, e nem o profeta prometido em Deuteronômio 18.15-18.
Ele prefere identificar-se com a voz anunciada em Isaías 40.3-6. Desse modo João Batista afasta qualquer destaque para a sua pessoa e aponta para o Messias. Quando a comitiva do Sinédrio lhe pergunta por que então ele batiza se não é o Cristo (o Messias), ele esclarece. Ele batiza com água (o símbolo), mas o que era simbolizado (o Espírito Santo) só o Messias poderia conferir.
Tão superior era o Cristo que João não era digno nem sequer de desatar-lhe as sandálias (a mais humilde das tarefas que um discípulo podia realizar em favor do seu Mestre).
Em seguida, quando Jesus está voltando do deserto, onde havia sido tentado, João Batista o vê e exclama: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo". Todos os longos séculos de espera profética havia terminado.
Conclusão
João Batista cumpriu sua missão na vida preparando pessoas para o encontro com Cristo. Isso tem tudo a ver com a nossa vida.
Não ajudamos muito as pessoas quando apenas nos limitamos a discutir pontos de vista, mesmo que seja a respeito de doutrinas bíblicas controvertidas.
O que precisamos fazer é, como João Batista, apresentar ao mundo Cristo, o Messias, o Cordeiro de Deus. Isso não significa que doutrinas não sejam importantes e que não haja um lugar para discuti-las. Mas significa que a pessoa de Cristo é que dará sentido a todos os conceitos.
João levou seus seguidores a Jesus. Ele mesmo, foi saindo de cena para que Jesus atraísse as atenções. Esse é, com certeza, um modelo que cada crente deverá seguir ainda hoje.