Boa notícia para os ossos secos: O segredo para receber vida em meio à desolação – Estudo Bíblico sobre a Restauração

Texto central: Ezequiel 37.1-14

Introdução

Através da Palavra, Deus se comunica conosco. Deus fala. Deus se dá a conhecer. É impossível ao homem caído conhecer a Deus, ainda que a própria criação o revele (SI 19.1-4, Rm 1.20-21).

O poder da Palavra manifestou-se no mundo desde a criação. Do nada, Deus criou todas as coisas. Deus disse e tudo se fez. No evangelho de João lemos que, por meio da Palavra, tudo foi feito (Jo K3).

E neste estudo? Para que serve a comunicação profética registrada na Bíblia? Estará Deus distante da realidade humana? Sabemos que hoje Deus continua trabalhando por meio de sua Palavra (para advertir - 1 Co 10.11; "para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra para educar" 2 Tm 3.16-17).

A Palavra de Deus é relevante em todo o tempo, passado, presente e futuro. Convido você para, em espírito de oração e reflexão, mergulharmos juntos neste universo da Palavra, crendo antes de mais nada que a Palavra do Senhor permanece eternamente (IPe 1.25).

1. A fonte da palavra

"Veio sobre mim a mão do Senhor; e ele me levou pelo Espírito do Senhor...então profetizei segundo me fora ordenado” (Ez 37.1,7)

O profeta é um servo da Palavra de Deus. Ele entende que quem está falando é o Senhor dos Exércitos.

A maneira como o profeta fala, não deixa dúvidas de que ele recebeu a palavra do Senhor:

  • "Vai, e diz a este povo...” (Is 6.9a);
  • "...Eis que ponho na tua boca as minhas palavras” (Jr 1,9b);
  • "... Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém..." (Jr 2.1,2a),
  • "...Assim diz o Senhor Deus... Quer ouçam quer deixem de ouvir, porque são casa rebelde, hão de saber que esteve no meio deles um profeta. Tu, ó filho do homem, não os temas,... Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes” (Ez 2.4-7);
  • "Palavra do Senhor, que foi dirigida a Oséias...” (Os 1.1a);
  • "Disse-me o Senhor:.”. (Os 3.1a);
  • "Palavras, que, em visão, vieram a Amós..." (Am 1.1a);
  • "...Vai, e profetiza ao meu povo Israel" (Am 7.15b);
  • "Palavra do Senhor, que em visão veio a Miquéias..." (Mq 1.1a);
  • "Palavra do Senhor que veio a Sofonias..." (Sf 1.1a);
  • "... Assim diz o Senhor dos Exércitos:..." (Zc 1.3a);
  • "...nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação, because nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.20,21).

A convicção e a segurança dos profetas tinham uma fonte muito clara: o que estavam falando era proveniente de Deus. O profeta era arauto, oficial que anunciava a palavra do Rei Eterno. O profeta é ministro da Palavra, está a serviço da Palavra.

Deus não transmitiu sua mensagem através dos profetas de forma mecânica, quer dizer, Deus não lhes "ditava" todas as mensagens que Ele queria transmitir ao povo.

No entanto, quando nos referimos ao registro da palavra dos profetas, precisamos lembrar que tudo o que foi registrado nas Escrituras é "inspirado", da plena vontade de Deus.

Muitas vezes os profetas foram intérpretes da vontade de Deus para o povo e o registro de sua interpretação é inspirado. Geralmente eles surgiram num tempo de necessidade e falaram interpretando a vontade de Deus de diversas maneiras: através do ensino, da interpretação, do juízo e através das promessas.

Toda esta pregação tinha como fonte o próprio Deus. Deus é o autor do ensino, Deus dá a interpretação dos fatos naturais e sobrenaturais, Deus é quem manda o juízo como punição contra a quebra da Aliança e é o mesmo Deus quem faz as promessas de restauração. O instrumento usado é o profeta. Ele é o meio pelo qual Deus se faz conhecido.

Assim fica claro que, para o profeta, bem como para todo o povo israelita, Deus é o Deus que se comunica, é o Deus da relação, é o Deus que fala, diferente dos outros deuses que “Tem boca e não falam; tem olhos e não veem; tem ouvidos e não ouvem..." (SI 115.5, 6a).

A tarefa confiada aos profetas era a de dizer, anunciar a palavra do Deus que se comunica. "Vai... diz", ordenava o Deus da Palavra ao confiar uma missão a qualquer profeta, fosse ele Moisés, Isaías, Amós, Jeremias, etc... Será que cremos na origem divina da palavra profética registrada nas Escrituras? Mostramos isso de modo prático?

2. O alcance da palavra

"Profetiza a estes ossos e dize-lhes: ossos secos, ouvi a palavra do Senhor." (Ez 37.4)

Fazendo um apanhado de vários textos, notamos que os profetas pregavam em todos os lugares.

Diante dos reis

A palavra dos profetas alcançou a monarquia em Israel. Algumas vezes o rei pedia ajuda ao profeta (2Sm 7.1-17; 2Rs 3.11-20; 5.3-14; 19.1-4; 22.1-28; Dn 5.10-31).

Outras vezes, o profeta simplesmente passava a determinação de Deus (2 Sm 12.1-15; IRs 21.17-20; Jr 27.12,13). Assim, percebemos que, quer fosse procurado ou não, quer fosse ouvido ou não, quer fosse respeitado ou não, o profeta estava sempre pronto a comparecer diante do próprio rei e anunciar-lhe a Palavra do Senhor.

No santuário concorrido

O profeta queria que a Palavra do Senhor atingisse o maior número possível de pessoas. O templo era lugar de muita movimentação. Portanto, seguindo orientação divina, lá estava o profeta anunciando a Palavra do Senhor (Jr 7.2; 19.14; 26.2; 36.5,6; Am 7.10-17).

Na cidade

Podia ser nas ruas, no mercado, nas praças ou mesmo na entrada da cidade, onde o povo pudesse ouvir. O profeta vai diante do rei, vai diante dos religiosos e vai ao povo em geral (Jn 3.1-4; Na 3.1; Jr 5.1; 6.11; 17.19).

Ao mundo inteiro

Toda terra deveria ouvir a palavra do Senhor, o mundo devia se curvar suplicante diante do Deus que fala, que executa a justiça e o juízo (Mq 1.2; J1 1.2).

Deus enviou os profetas para falarem diante de todas as pessoas, mesmo que elas se tornassem endurecidas, mesmo que se fechassem contra a palavra do Senhor. Por isso os profetas queriam que suas palavras chegassem tanto às massas como aos que detinham o controle do país.

Não se intimidaram, ao contrário, aproveitaram todas as oportunidades para comunicarem os desígnios de Deus. No caso de Ezequiel, a palavra profética chegou até mesmo aos ossos secos.

Uma palavra para nós: Deus desejou que sua palavra, mediante a pregação dos profetas, chegasse até nós.

A palavra profética venceu o tempo, as dificuldades culturais e linguísticas, os falsos profetas e todos os demais obstáculos, para ser uma palavra para nós hoje. Qual o nosso desafio hoje? Por que a Palavra chegou até nós? Será que ela tem alguma relevância hoje? Isso nos conduz à próxima divisão.

3. A aplicação da palavra

"Porei em vós o meu Espírito e vivereis, e vos estabelecerei na vossa própria terra. Então sabereis que eu, o Senhor, disse isto e o fiz, diz o Senhor1' (Ez 37.6).

Segundo o texto acima, Deus diz e faz cumprir o que diz, promete e faz cumprir sua promessa. O povo, ouvindo a palavra do profeta e vendo a ação de Deus, saberia que Iahweh é Deus. Deus estava trabalhando com o povo dentro do seu contexto e trazendo-lhes uma palavra para seu próprio tempo.

Não temos profetas ou apóstolos, como nos tempos bíblicos, para nos trazer a palavra de forma direta como aqueles homens faziam. Porém, precisamos ouvir a Palavra de Deus e, para isto, temos as Escrituras, a Bíblia.

Mas como podemos ter uma palavra para os nossos dias sendo que a Bíblia foi escrita há tanto tempo atrás? Como podemos ter as questões tão sérias dos nossos dias respondidas pela Escritura? Este é o nosso propósito nesta seção.

Nossa tarefa hoje é tentar entender a Bíblia e aplicá-la em nossa vida. A Bíblia, por ser a Palavra de Deus registrada, é um livro relevante. Nela, Deus nos revela quem Ele é, quem nós somos, e o que Ele quer que façamos.

Neste sentido eu não preciso fazer a Palavra de Deus relevante. Assim como ela respondeu às questões de ontem, because as questões básicas são as mesmas, ela responde às questões de hoje. Desta forma, a Escritura é prática e pode ser entendida por nós.

O profeta tinha uma palavra para sua época. Num tempo de crise, incertezas, desesperanças, lá estava o profeta anunciando a Palavra de Deus. Ele respondia às questões de sua época de maneira bastante prática. Suas respostas, baseadas nas verdades eternas de Deus, não eram abstratas e descontextualizadas.

O profeta tinha a missão de desafiar, questionar e criticar as atitudes do povo que não se moldavam à verdade de Deus. Assim, ele dava as diretrizes para que o povo vivesse de acordo com a vontade do Senhor.

Nos momentos em que a monarquia só servia para a manutenção do status quo, em que a política era para manter o povo satisfeito como se de nada necessitasse, o profeta surgia como questionador da situação. É nesse sentido que o ensino profético é questionador, contextualizado e prático.

Podemos afirmar, sem nenhuma dúvida, que a mensagem do profeta é:

Esclarecedora

O profeta traçava o perfil de vida que Deus requeria do homem. Ele esclarecia a vontade de Deus (Mq 3.1-4; 6.8; Is 58.1-14; Am 5.21-27; MI 1.6-10).

Desafiadora

Exigindo mudança. A palavra profética sempre vinha em termos de exortação e de promessa. A vida ímpia das autoridades, dos religiosos e do povo em geral, culminava com a exortação ao arrependimento e ameaça. Mas o profeta sempre oferecia uma alternativa, isto é, quando fizessem a vontade de Deus, quando mudassem de comportamento e de postura, receberiam as promessas da Aliança.

Conclusão

Notamos que todo dinamismo, coragem, audácia e intrepidez do profeta, estavam assentados na convicção plena de estar apresentando uma mensagem que era palavra especial de Deus para um momento específico.

Por que se submeteriam à perseguição e enfrentariam a própria morte se não tivessem convicção da fonte e do alcance da sua mensagem? (Hb 11.32-38)

E que mensagem teriam se não se dirigissem às questões urgentes ligadas à vida do povo de Deus em seus próprios dias? Como poderiam ter sido chamados de atalaias do Senhor se não avisassem a nação de um perigo real e próximo?

A mensagem de Deus é eterna e o pecado humano se manifesta em todas as épocas. Mas cada época tem características peculiares. Nos dias de Ezequiel a mensagem do vale dos ossos secos trouxe alento para o povo de Deus e a esperança da restauração.

O que esta palavra tem a nos dizer hoje? E ainda uma palavra de conforto para nós, igreja do século XX?

Desafio

Passamos por diversas dificuldades. Muitos querem viver uma vida cristã festiva, sem assumir um compromisso com Deus.

Não estamos vivendo também num vale de ossos secos? Não seria o momento para analisarmos nossa vida diante de Deus? Você não quer assumir hoje um compromisso com o Senhor?

Autor: Luiz Henrique Filho

Semeando Vida

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