Daniel, em hebraico significa “Deus é Juiz". Segundo Ezequiel, profeta da mesma época, ele foi pessoa real (Ez. 14:14) que viveu cerca de cem anos dentro de um período de tremendos acontecimentos na história humana.
O livro que tem o seu nome focaliza os acontecimentos de sua época e, através de profecias, dá um vislumbre de tudo que vai acontecer com todas as nações até o “tempo do fim".
Daniel viveu sua infância e adolescência em terras de Judá. Depois, foi levado, como príncipe, para a Babilônia, com mais três companheiros. No exílio, foi preparado para as grandes responsabilidades administrativas, contudo, jamais se esqueceu de sua fidelidade a Deus, mesmo sendo duramente provado.
1. Conteúdo do livro
A primeira coisa que vemos é Daniel se preparando para o serviço do estado, num curso de três anos, no palácio real (Dan. 1:1-21).
Ele e seus três companheiros decidiram não se contaminar com as iguarias e com o vinho da mesa do rei. Por este ato de pureza e fé, Deus os abençoou grandemente, e o rei os escolheu para conselheiros.
1. O sonho da grande estátua
Este sonho era uma profecia (Dan. 2:1-49). O interessante é que veio por intermédio de um rei pagão. O fato é que Nabucodonosor sonhou e, ao acordar, não se lembrava do sonho. Os sábios do seu reino não tinham como ajudá-lo.
Então, Daniel, não só contou-lhe o sonho como deu-lhe a interpretação. Era uma grande estátua cuja cabeça era de ouro, o busto de prata, o ventre de bronze, as pernas de ferro, os pés de ferro e barro. De repente veio uma grande pedra e, batendo nela, fê-la toda em pedaços.
Daniel, por revelação de Deus, disse que cada parte dessa estátua significava reinos, sendo que a cabeça de ouro era o glorioso império babilônico. Os estudiosos do assunto dizem que nessa revelação temos toda a história do mundo até o momento da intervenção final de Deus.
2. Salvos do fogo
Até o capítulo seis, o livro de Daniel se ocupa de episódios ocorridos com ele, seus companheiros e com o Rei Nabucodonosor. Neste Daniel não aparece, só os seus companheiros. O rei fez uma enorme estátua de ouro (27,5 mt) e a colocou no Campo de Dura.
Era toda de ouro e, na sua inauguração, quando todo o reino de Babilônia se fazia presente por suas mais altas autoridades, ao toque dos instrumentos usados na cerimônia, todos deveriam se ajoelhar em adoração ao grande ídolo. (Dan. 3).
Mas, Sadraque, Mesaque e AbedeNego não se curvaram, pois não podiam quebrar o mandamento do Senhor. Em consequência disto foram lançados em uma fornalha aquecida muitas vezes mais que de costume.
Porém, Deus honra aos que o honram, não permitiu que se queimasse se quer um fio de cabelo de suas cabeças. O rei os viu no fogo e, com eles, o anjo do Senhor (Dn. 3:24,25).
3. O orgulho do rei é aplacado
Novamente por sonho, Deus falou a Nabucodonosor (Dan. 4). Agora sonhou com uma imensa árvore que enchia a terra com seus ramos, e foi dada uma ordem para que ela fosse derrubada deixando apenas o toco. Esta profecia se referia ao reino de Babilônia que seria derrubado e seu rei passaria por um período de loucura até que se humilhasse e reconhecesse o Deus Altíssimo como Senhor. E tudo se deu como foi profetizado.
4. Fim de um império
O fabuloso império babilônico teve o seu fim numa noite que o livro de Daniel registrou com precisão. Baltazar era o rei, em face da ausência de seu pai Nabonide, que estava no campo de batalha. O império formado de medos e persas, passava a dominar o mundo. Baltazar foi muito leviano.
Com o inimigo esmagando suas tropas resolve dar um banquete de orgia e profanação de coisas santas (Dan. 5). Trouxe os utensílios sagrados do templo de Jerusalém, para a sua mesa de bebedeira e prostituição.
Então para espanto e arrepio de todos, apareceu uma mão que escreveu na parede estas palavras que só Daniel pôde interpretar: MENE, TEQUEL E FARSIM.
Significam: Contou Deus o teu Reino, e deu cabo dele. Pesado foste na balança, e achado em falta. Dividido foi o teu reino e dado aos medos e aos persas (Dan. 5:25,28). Naquela mesma noite Baltazar foi morto e Dario, o medo assumiu o reino.
5. Daniel na cova dos leões
O império de Babilônia desapareceu, mas Daniel, mesmo envelhecido, é chamado para ser um dos conselheiros reais, isto é, um dos três presidentes de todos os oficiais do reino.
A sabedoria e a beleza do caráter de Daniel, foram a causa do surgimento de grande inveja por parte dos demais servidores do rei.
Não podendo acusá-lo de qualquer falha, conseguiram do rei, um decreto proibindo que se fizesse, por trinta dias, qualquer petição a qualquer pessoa ou deus, a não ser ao rei. Daniel não deixou de ser fiel a Deus, e, como era seu costume, três vezes ao dia abria a janela de seu quarto e orava ao Senhor.
Visto orando, o fato foi levado ao conhecimento do rei. Este, lamentando muito, pois gostava de Daniel, não teve outro jeito senão que se desse ao faltoso o castigo prometido: Daniel foi lançado na cova dos leões.
Mas o Senhor “nenhum bem sonega aos que andam retamente" (Sl. 84:11). Daniel passou a noite entre as feras, mas disse ele: “O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca aos leões, para que não me fizessem dano, porque fui achado inocente diante dele" (Dan. 6:22).
6. As visões de daniel
A este profeta foi revelada a história da humanidade através da visão da grande estátua e dos quatro animais, revelações que coincidem com as que João teve no Apocalipse. Do capítulo sete em diante o assunto é profecia. Muitas delas já se cumpriram, outras porém, referem-se aos tempos do fim.
Muitas de suas predições estão acontecendo em nossos dias como a multiplicação da ciência, tempo de angustia (Dan. 12:4). Porém, muitas de suas profecias se referem ao arrebatamento da Igreja, a ressurreição dos Justos, aos anos de tributação e à revelação final do Filho de Deus.
Mas, mesmo falando de coisas terríveis, dos tempos do fim, não deixa de lembrar a gloriosa esperança que têm aqueles que confiam em Jesus como Salvador, “Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento: e os que a muitos conduzirem à Justiça, como as estrelas sempre e eternamente” (Dan. 12:3).
Autor: Rev. Felipe Dias