1. Informações sobre os profetas
Habacuque apresenta-se como profeta (Hb. 3:1) e cantor (Hb. 3:19). O livro foi escrito em forma de diálogo.
O profeta queixou-se a Deus (1:2-4) e ouviu uma resposta (1:5-11); novamente queixou-se (1:12 a 2:1) e ouviu a resposta divina (2:2-4) e finalmente o profeta reconheceu a soberania de Deus e manifestou a sua fé inabalável. Habacuque foi citado no Novo Testamento (At. 13:41; Hb. 10:38-39) e tem sido considerado o precursor da doutrina da justificação pela fé (2:4).
Sofonias profetizou nos dias do rei Josias (II Cr. 34:17; Sf. 1:1) e era descendente do rei Ezequias (Sf. 1:1).
O rei Josias promoveu uma grande reforma religiosa e Sofonias foi o líder espiritual do movimento. O profeta preocupou-se com “o dia do Senhor" (1:7-14), que aparece nove vezes em sua mensagem. Estava, portanto, preocupado com ideias escatológicas, aguardando a revelação de Deus a Judá (Sf. 1:14-15).
Sofonias foi contemporâneo de Jeremias e viveu a mesma angústia prevendo a destruição do seu próprio povo, com a invasão dos babilônicos e queda de Jerusalém.
2. Livro de Habacuque
Para analisarmos o livro de Habacuque devemos distinguir alguns pontos básicos:
a) Progresso do mal
O profeta ficou alarmado com o avanço dos caldeus ou babilônicos, marcados pela maldade e impiedade (1:4). Os babilônicos destruíram os assírios e agora buscavam a conquista de todos os reinos - Judá era um de seus alvos.
A queixa do profeta (1:1-4) é dirigida a Deus porque uma nação pagã estava sendo usada para castigar Judá. Uma nação mais perversa seria instrumento de punição, usado por Deus. É difícil entendermos os caminhos de Deus quando o mal supera o bem e o ímpio prospera com facilidade (Sl. 73).
Deus respondeu a Habacuque que os caldeus seriam juízo para os pecados de Judá (1:5-11). Assim também foram os romanos ao destruírem Jerusalém (Lc. 19:43-44). Deus executa o seu juízo não por causa de preferência especial a um povo, mas por causa da maldade que deve ser exterminada (Dt. 9:5-6).
b) Justiça divina
O profeta Habacuque ainda apresentou mais uma queixa a Deus: como pode um Deus bondoso exercer um juízo tão severo? Como pode Deus permitir que o ímpio julgue o justo? O profeta sentiu-se confuso por isso recolheu-se, aguardando a resposta divina (2:1).
Deus revelou ao profeta que os caldeus não ficariam impunes de julgamento por causa de suas maldades (2:6-19). A justiça divina é sempre exercida no tempo próprio.
A demora na intervenção de Deus não significa indiferença, porém uma oportunidade de salvação (I Pd. 3:9).
A bondade e a justiça são virtudes divinas que precisam ser entendidas corretamente. Habacuque queria ser intransigente com os pagãos impiedosos, mas Deus mostrou a ele que a bondade deve ser praticada alicerçada na justiça. A ira do homem não produz justiça... "minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor" (Dt. 32:35: Rm. 12:19).
c) Justificação humana
Diante do quadro dramático da maldade caldáica, o profeta ficou confuso porque queria justificar-se perante Deus (1:2). A mensagem divina atingiu o ponto chave do problema, pois revelou que a justificação perante Deus não se processa pelas obras mas mediante a fé (2:4).
Diante de todos os problemas não serão escolhidos os homens mais santos ou mais pecadores, mas aqueles que creem e por isso são justificados diante de Deus (Ef. 2:8-9).
Esta foi a mensagem básica da doutrina da justificação pela fé que o apóstolo Paulo definiu em Romanos, 1:17 e que também inspirou Martinho Lutero para promover a Reforma Religiosa do século XVI.
Há uma tendência natural de querermos nos justificar diante de Deus e exigirmos mais justiça no mundo. Aprendamos esta lição com o profeta Habacuque (2:4).
d) Atitude de fé
O profeta reconheceu a presença divina e percebeu que todas as obras humanas eram passageiras (2:20).
Ele buscou a Deus e, através da fé, firmou-se nas promessas (3:17-19). Esta atitude permeia a Bíblia toda pois revela a confiança daqueles que temem ao Senhor (Sl. 46:1-3; Sl. 27:1-4).
3. Livro de Sofonias
Na parte introdutória da lição já abordamos alguns aspectos da vida do profeta e o contexto histórico. Vamos apontar agora aspectos da mensagem:
a) Julgamento divino
O profeta repete algumas vezes a expressão: “O dia do Senhor está próximo”, como sinal de julgamento (1:15). O “dia do Senhor” não seria uma libertação política, a qual o povo esperava, mas seria o juízo de Deus.
Por certo Sofonias tinha em mente o mau reinado de Manassés (II Cr. 33:1-11) e a idolatria do povo. Ele falou da ira do Senhor contra Judá e por causa da maldade (1:1 a 2:3).
Também a mensagem foi dirigida contra as nações pagãs (2:4-15). O zelo do Senhor congregará as nações e reinos para derramar a sua indignação pois “toda a terra será consumida pelo fogo do meu zêlo” (3:8). A mensagem do julgamento final está contida em muitos textos (Mt. 25:32; Filip. 2:9-11; Apoc. 11:15-19).
b) Restauração de Israel
O profeta Sofonias anunciou a restauração do povo escolhido por causa do zelo do Senhor. A purificação dos lábios (3:10), a humildade (3:11-12) santificação (3:13) regozijo (3:14) e libertação (3:15).
A mensagem profética foi de encorajamento resultante da presença do Senhor no meio do povo (3:16-17). O povo seria restaurado em suas forças morais e espirituais e o júbilo voltaria aos lábios de todos.
Mas a nota importante é que o próprio Deus se alegraria em Israel (3:17). O profeta estava antevendo a experiência de Esdras quando este convocou o povo que voltava do exílio da Babilônia, e pode dizer "a alegria do Senhor é a nossa força" (Ed. 8:10; Sf. 3:20).
Conclusão
O livro de Sofonias deu uma ênfase muito grande sobre o juízo do Senhor. O “dia do Senhor" seria uma expectativa de julgamento dos pecados do povo mas também seria uma esperança de restauração do remanescente fiel (Sf. 3:20).
Esta mensagem sintetizou a missão profética de Sofonias: o zelo do Senhor é julgamento para o pecador e restauração para o crente (Sf. 1:18; 3:19).
Autor: Rev. Oswaldo Hack