O profeta e a religião vazia: Quando o ritual substitui o relacionamento com Deus – Estudo Bíblico sobre a Adoração Verdadeira

Textos centrais: Jeremias 7.1-20; MI 1.6-14

Introdução

O culto estabelecido por Deus sempre contou com elementos concretos, palpáveis, visíveis ou audíveis. Deus instituiu as cerimônias e os ritos. Mas a corrupção espiritual do povo o levou a esvaziar os ritos e a tratar como fetiche os locais de culto. Foi o que aconteceu antes do cativeiro.

Depois do cativeiro o problema foi o ceticismo. Parecia que as grandes promessas de Deus haviam falhado. Mas também diante desse quadro o profeta convoca o povo para retornar ao Senhor.

1. Religião sem temor de Deus (Jr 7.1-20)

O texto acima inicia um dos sermões mais agressivos de Jeremias, certamente um dos que causaram mais ira em seus compatriotas. O profeta condenou a religião superficial e vazia (7.1-19) e 8.4). A condenação certamente atingiria a terra poluída. A punição divina já não poderia ser evitada (v.5—9.26).

E possível que Jeremias 26 seja outro registro do mesmo sermão. Nesse caso, ele foi pregado no inverno de 609 a.C. O rei Josias havia sido recentemente morto em batalha e Jeoaquim reinava sob as ordens do Egito.

O sonho de independência acalentado por Josias morrera com ele. Mas Judá mantinha uma última fonte de confiança: o templo do Senhor. Todos criam que Deus não permitiria a qualquer inimigo invadir o templo (SI 132.14).

O sermão de Jeremias condenou essa confiança vazia:

"Furtais e matais, cometeis adultério e jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após outros deuses que não conheceis, e depois vindes, e vos pondes diante de mim nesta casa que se chama pelo meu nome e dizeis: Estamos salvos; sim, só para continuardes a praticar estas abominações" (vv. 9,10).

Jeremias afirma então que, como Silo, antigo lugar de adoração, fora destruído, assim também o templo de Jerusalém não os protegeria da condenação por seu culto superficial e por sua idolatria (v.20).

2. Religião sem entusiasmo (Ml 1.6-14)

Malaquias exerceu seu ministério profético entre os anos 445-433 a.C. O povo já tinha voltado do exílio, a cidade e o templo estavam reconstruídos. Foi um período de aparente "paz e tranquilidade".

A rotina era o grande perigo diante da nação. O culto havia se transformado em mera rotina. Estavam realizando a obra de Deus de qualquer jeito.

Alguns estavam convencidos de que o importante era fazer, mas não estavam preocupados com a qualidade.

O problema no tempo de Malaquias não era a ausência do serviço religioso, mas a carência de uma espiritualidade verdadeira. E contra este estado de coisas que o profeta levantava a sua voz.

Provavelmente o profeta tinha ouvido pessoas dizerem: "Estou fazendo para Deus". O profeta então questiona: "Será que Deus se alegra com esta falsa espiritualidade? Será que podemos oferecer a Ele menos do que temos condições? Será que podemos nos apresentar diante dele de qualquer maneira?"

No texto selecionado, o profeta tocou no cerne da questão: a falta de intimidade no relacionamento do povo para com Deus. O culto estava "vazio" de vida, para não dizer "morto". Por que isto acontecia?

1. Perdeu-se de vista o juízo de Deus (MI 1.7,14)

Fica claro que o povo não acreditava no juízo de Deus. Eles não levavam a sério a questão do juízo. Ofendiam a Deus pela sua falta de zelo verdadeiro. A rotina levou o povo a viver uma conduta que duvidava do juízo de Deus ou, pelo menos, não o levava a sério.

2. Perdeu-se de vista o prazer em Deus (MI 1.6,8,13)

Este versículos nos mostram que o povo não estava honrando a Deus. Não havia amor em seus corações. Deus era menos importante do que qualquer autoridade secular. Cumpriam um ritual mas sem ardor, amor, prazer, gosto e contentamento. Era simplesmente algo mecânico e cansativo que se sentiam obrigados a fazer.

3. Perdeu-se de vista a grandeza de Deus (MI 1.11)

Independente da forma de vida do seu povo e, apesar da maneira desprezível como viviam seus escolhidos, Deus continuava sendo o Deus grande e temível.

Se o povo da Aliança se calava, então as próprias pedras clamariam. Entre os pagãos o nome de Deus era mais honrado e respeitado do que entre os seus. Esse era o lamento do profeta.

O profeta repreendeu essa forma de vida dizendo: "Deus não aceita esse culto que vocês estão oferecendo. Esta conduta não agrada a Deus" (MI 1.8,9). Essa era a triste realidade no tempo do profeta Malaquias: um povo que praticava uma religião mecânica, sem vida. Será que esta não é uma realidade hoje em sua vida?

Conclusão

Notamos, na análise dos textos proféticos, como o relacionamento do povo de Israel com Deus tinha se tornado estéril, frio, mecânico e hipócrita.

Verificamos em nossa abordagem como, em obediência a Deus, os profetas se levantaram contra um culto que exaltava o cerimonialismo, mas estava destituído de vida.

Observamos também que os profetas não pouparam palavras para acusar os líderes religiosos que faziam o povo pecar, que não ensinavam todo o decreto do Senhor, que omitiam a Palavra de Deus, que curavam de maneira superficial.

Enfim, os profetas criticaram, questionaram e apontaram para o verdadeiro culto, que agrada a Deus e que realmente exalta o seu nome.

Muito tempo depois das palavras dos profetas, Jesus Cristo disse que Deus procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.24). Em outra ocasião, encontramos Jesus Cristo expulsando os vendilhões do Templo e purificando a casa de Deus (Mc 11.17).

Um pouco mais tarde, encontramos o apóstolo Paulo exortando os crentes de Corinto, uma vez que os mesmos não estavam observando os preceitos da lei de Deus (ICo 11.17ss).

Percebemos, então, que a tendência do ser humano é sempre de cair e é preciso que o Espírito de Deus, através de Sua Palavra, esteja novamente soprando sobre a igreja, como fez aos ossos secos de Israel (Ez 37.1-14), renovando, restaurando e dando autenticidade ao culto que prestamos a Deus.

E preciso que, em todo o tempo, estejamos analisando nossa vida espiritual diante de Deus. Não podemos nos acomodar.

É necessário buscar em Deus a direção segura e firme para que nosso relacionamento com Ele não se torne insuportável aos seus olhos mas, ao contrário, que Deus esteja se agradando de cada um de nós.

Autor: Luiz Henrique Filho

Semeando Vida

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