A casa de Deus em ruínas: Um chamado urgente para reconstruir suas prioridades – Estudo Bíblico sobre o livro de Ageu

Texto básico: Ageu, 1:1-11

A mensagem profética que abordaremos neste estudo faz parte do período pós-exílico. O povo judeu já tinha voltado do cativeiro da Babilônia.

O povo estava reorganizando a vida política e religiosa na vibração extraordinária da liberdade conseguida: “quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, estávamos como os que sonham... grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres” (Sl. 126).

1 - Notas biográficas

Ageu foi o primeiro profeta pós-exílico que procurou animar o povo a um reencontro com Deus. A data provável de sua profecia foi 520 a.C., que corresponde “ao segundo ano do rei Dario” (Ag. 1:1).

Ageu foi companheiro de Zacarias e ambos devem ter nascido no cativeiro da Babilônia. O período profético de Ageu foi breve, porém, de profunda significação espiritual para restaurar o ânimo do povo para a reconstrução do templo.

Admite-se a hipótese de que Ageu tenha visto o templo de Salomão (Ag. 2:3), antes da destruição de Jerusalém. Se aceitarmos esta hipótese o profeta estaria mais ou menos com 80 anos quando voltou do cativeiro para Jerusalém.

2 - Situação histórica

O reino de Judá fora conquistado por Nabucodonosor. Jerusalém foi queimada e o templo demolido. O povo foi para a Babilônia no período de 605 a 587 a.C. (II Rs. 24 e 25). Depois dos 70 anos de cativeiro os judeus tiveram oportunidade de retornar à pátria através da autorização do rei Ciro (Ed. 1 e 2), e isto aconteceu no ano 538 a.C.

O povo judeu voltou a Jerusalém sob a liderança do governador Zorobabel e do sacerdote Jesua. A primeira iniciativa tomada foi a reconstrução do templo (Neem. 12).

Todavia o entusiasmo logo se desvaneceu, apenas os fundamentos do novo templo começaram a ser colocados (Sd. 3:10-13). A obra foi suspensa por causa de calúnias e intrigas (Ed. 4:6,21).

Durante 15 anos as obras do templo ficaram paralisadas. Somente no reinado de Dario, o novo rei da Pérsia, é que a obra do templo foi reiniciada. Neste período é que o profeta Ageu apareceu (Ed. 5:1-2) como um líder incentivador para levantar o ânimo do povo. A missão profética teve pleno êxito pois em 4 anos o templo foi reconstruído (Ed. 5:8; 6; 14-15).

3 - Mensagem do livro

a) Repreensão (ag. 1:1-11)

As intrigas políticas e religiosas haviam causado a paralização das obras do templo (Ed. 4:21). O povo estava desanimado, descuidou-se da casa do Senhor e chegou a abandoná-la.

Depois de superadas as crises o rei Dario concedeu autorização para o reinicio, mas outras circunstâncias contrárias surgiram: o fracasso da colheita, seca, aflições e tristezas (Ag. 1:6-11).

O profeta Ageu foi enviado para interpretar-lhes a calamidade e incentivá-los a reconstruírem o templo (Ag. 1:8). Os líderes são convocados para o trabalho (1:1), pois o povo sem liderança não pode agir e nem lutará por um ideal.

Deus sempre levantou líderes para conduzir o seu povo e repreendê-lo nas crises: eis a missão dos profetas no passado e dos pregadores em nossos dias. Jesus Cristo repreendeu severamente a liderança religiosa do seu tempo (Mt. 23:1-39) por falta de autenticidade.

b) Recomendação (ageu, 1:12-15)

A repreensão do profeta teve resultados imediatos e positivos. Além de apontar o desânimo, o profeta mostrou o caminho que o povo devia seguir (1:12). A repreensão vinda do Senhor sempre traz a reconciliação do homem com Deus e o resultado é altamente benéfico (Hb. 12:6-11).

A promessa da presença de Deus (1:13) foi a mola propulsora da reação positiva do povo. Esse é o fato que tem animado homens a praticar os grandes feitos no mundo. Temos como exemplos: Moisés (Ex. 3:12), Gideão (Jz. 6:16), Jeremias (Jr. 1:8). Confortados com essa promessa os soldados de Cristo têm combatido e combaterão até o final (Mt. 28:20).

É importante quando o líder pode convocar o povo “em nome do Senhor” e pode garantir que a bênção divina está presente para renovar o ânimo e as forças espirituais. Uma liderança autêntica conduz o povo a integrar-se no trabalho.

c) Animação (ageu 2:1-9)

O povo que devia construir o novo templo estava desanimado porque não poderia igualá-lo ao primeiro templo, construído por Salomão. As condições dos que regressaram do cativeiro eram precárias. Não havia recursos materiais e nem artífices, à semelhança de Salomão (I Rs. 5:5-6, 13-18). Agora o povo estava pobre, procurando sobreviver após um longo cativeiro.

O profeta animou o povo, mesmo na adversidade. Poucos dos remanescentes vindos da Babilônia ainda se lembravam do primeiro templo (2:3).

Em termos de comparação o templo de Salomão era majestoso e o novo templo seria inexpressivo. Porém o profeta foi incumbido de entregar uma mensagem de fé: o Senhor está convosco, por isso o templo deve ser reedificado (2:4).

A mensagem profética anunciava a glória do segundo templo (2:9), como algo permanente e significativo.

O povo não devia preocupar-se com a estrutura e aparência do templo, mas lembrar-se que ali estava o Senhor e a glória do Senhor, tornaria o segundo templo mais formoso do que o primeiro.

A glória do Senhor se concentraria na presença do “Desejado de todas as nações" (2:7). Jesus Cristo, a sua presença física e seu ministério, tornaram o templo mais importante do que aquele que Salomão edificou.

d) Bênção (ageu, 2:10-19)

O profeta voltou a repreender o povo e também aos sacerdotes porque não estavam aplicados na lei do Senhor (2:15). A bênção de Deus fora suspensa e tudo o que o povo tocava se tornava poluído pela desobediência e pela indiferença espiritual (2:16-17).

A promessa de bênção se tornaria uma realidade após a construção do templo, isto é, após a obediência. As colheitas tornar-se-iam fartas (2:19). A obediência sempre traz resultados positivos (Dt. 28:1-14) e agrada o Senhor (I Sm. 15:22).

e) Estabilidade (ageu, 2:20-23)

O profeta Ageu anunciou a bênção do povo e a estabilidade do líder Zorobabel a quem Deus estabeleceria como remanescente fiel.

Deus derrubaria e destruiria as nações (Ag. 2:22-23), mas a Zorobabel foi transmitida uma linda promessa, como um anel de selar (2:23). O anel de selar era objeto precioso aos olhos do povo oriental, pois era um símbolo de autoridade. O líder Zorobabel seria restaurado ao trono como descendente do rei David.

Assim como Abraão e os patriarcas, Zorobabel também foi escolhido por Deus, “eu te escolhi". As promessas, segundo a visão profética, seriam cumpridas em sua semente, no futuro (Mt. 1:12-13).

Conclusão

O livro do profeta Ageu tem uma mensagem vibrante para nossos dias. O povo de Deus jamais deve esquecer as bênçãos recolhidas e deve aplicar-se na reedificação da casa de Deus, mesmo diante das adversidades.

A partir de agora temos o pesado compromisso de colaborarmos na edificação da Igreja de Cristo, com entusiasmo e perseverança. Façamo-lo imbuídos da certeza da presença divina e com grande alegria espiritual (I Cor. 3:16-17; II Cor. 6:16; Ef. 2:21).

Autor: Rev. Oswaldo Hack

Semeando Vida

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