Oséias é o primeiro do grupo “profetas menores”. Convém lembrar que a diferença entre profetas maiores e menores não está no valor e sim no volume da matéria escrita.
O livro em estudo tem seus objetivos específicos: apontar a apostasia de Israel, revelar a punição divina e anunciar a misericórdia de Deus na restauração de Israel (Os. 2:14-20).
1. Informações gerais
1. Dados biográficos
Oséias foi um profeta do reino do Norte, isto é, de Israel. Foi contemporâneo de Amós, Isaías e Miquéias. Foi um homem simples, convocado por Deus para levar uma mensagem ao seu povo.
Oséias recebeu ordem expressa de Deus que devia casar com uma “esposa de prostituição” (Os. 1:2) e ter filhos com ela.
Há várias interpretações quanto ao casamento do profeta. Alguns pensam que Oséias recebeu ordem de Deus para desposar uma mulher já em pecado, o que ele fez.
Outros acham que Deus mandou Oséias desposar uma jovem recatada e de bons princípios, mas se tornou infiel após o casamento. Ainda outros interpretam que essa experiência do profeta foi mera visão e não fato real.
Os comentaristas e críticos divergem quanto à interpretação, porém a mensagem é uma só: o amor inalterável de Deus como um marido fiel (Is. 62:5; Jr. 3:14; Os. 2:19) apesar da infidelidade do seu povo.
2. Dados históricos
Oséias começou a profetizar no fim do reinado de Jeroboão II (II Rs. 14). Ele profetizou no período compreendido entre 770-710 a.C. Teve a oportunidade de ver a queda de Samaria e do reino do Norte com a invasão dos assírios em 722 a.C. Cerca de 200 anos antes de Oséias, dez tribos se rebelaram contra a liderança do rei Roboão (I Rs. 12) e se constituíram em reino independente.
Apesar da advertência de Deus através dos profetas Elias, Eliseu, Jonas, Amós, o povo Israelita continuou idólatra e rebelde. Agora Deus levantou Oséias para descrever a dramática infidelidade que ele chamou de prostituição espiritual.
Os Israelitas haviam se comprometido com os costumes pagãos. Altares e ídolos foram levantados pelos próprios reis. Devido o problema político-religioso Samaria se tornou a capital do Reino do Norte e concentrava toda a atenção do povo quanto aos costumes religiosos.
Para evitar que o povo fosse a Jerusalém para adorar no templo e lá recebesse influência do reino do Sul, os líderes do Norte preparavam os seus altares, sacerdotes e costumes religiosos. A intriga entre judeus e samaritanos, que veio à tona no tempo de Jesus (Jo. 4:20), já era uma questão histórica muito antiga.
2. Mensagem profética
Podemos destacar no livro de Oséias três mensagens básicas: Infidelidade de Israel. Quando Oséias foi desafiado a casar com Gomer (Os. 1:3), iniciava uma dramática vida conjugal. Toda a honra, nome, amor foram desperdiçados e manchados pela infidelidade da esposa.
A esposa fugia do lar deixando o marido Oséias com 2 filhos e uma filha. Seduzida pelo pecado ao redor e a oferta dos amantes, caiu em degradação moral até ser levada como escrava. O profeta tudo fez para reconduzir a esposa ao convívio da família, oferecendo-lhe perdão e grande amor (Os. 3:1-5). Ela recusou e preferiu a infidelidade.
O profeta denuncia a infidelidade do povo Israelita. Sacerdotes, reis e o povo se tornaram rebeldes contra Deus (Os. 5:1-3), mergulhados no pecado orgulhosamente (Os. 5:4-5).
Os reis que o reino do Norte estabelecera não tinham aprovação divina (Os. 8:4). As dez tribos se rebelaram e estabeleceram uma linhagem diferente de reis (I Rs. 12:16-33), desprezando a linhagem davídica, determinada por Deus.
Os Israelitas alugaram amores (Os. 8:7) e tinham filhos bastardos (Os. 5:7), porque eram semelhantes às mulheres infiéis que concebem de outros homens que não são seus maridos.
A experiência de Oséias, retratando a infidelidade de Israel, revela a mesma tendência pecaminosa do homem de nossos dias.
O amor divino tem sido fiel e permanente mas o ser humano faz aliança com outros deuses. Apesar de nossa infidelidade Deus nos ama e procura resgatar-nos (Rm. 5:8; I Cor. 10:11).
1. O castigo da infidelidade
A mensagem do profeta Oséias era uma severa advertência a nação apóstata, em nome de um Deus ofendido pelo pecado de seus filhos (Os. 14:1).
Os Israelitas tornaram-se abomináveis por isso seriam levados à escravidão. A expressão "Israel tornará ao Egito” (Os. 9:3), não queria dizer no sentido literal (Os. 11:5), mas a uma escravidão na Assíria igual à do Egito.
O profeta estava denunciando a invasão Assíria e a consequente escravidão que seria imposta a Israel em 722 a.C.
A idolatria seria desfeita e “os bezerros de Betel" transformados em pedaços (Os. 10:5-6). Os falsos altares que iludiam o povo com falsos deuses seriam exterminados juntamente com seus adoradores. O profeta Elias sofreu amargamente quando enfrentou 450 profetas de Baal na defesa do verdadeiro culto ao Deus vivo...
O povo Israelita havia recebido várias exortações e repreensões através dos profetas que antecederam Oséias.
Porém a mensagem ainda era de exortação ao arrependimento “vinde e tornemos para o Senhor" (Os. 6:1). Israel fez-se culpado diante do Senhor “no tocante a Baal" (Os. 13:1). O rei Acabe provocou a morte espiritual do seu próprio povo (I Rs. 16:31-33).
A indiferença ao apelo profético conduziu o povo a atitudes inconvenientes e pecaminosas. O apelo bíblico é que ninguém endureça o coração pelo engano do pecado, "se hoje ouvirdes a sua voz..."
A gravidade de uma atitude infiel é a recusa em buscar uma nova vida, como fez a esposa de Oséias, e milhares fazem ainda hoje, quando Deus convida para uma nova vida (Jo. 3:16-21).
2. A restauração de Israel
Deus não escolheu Israel para ser o seu povo por ser este a maior ou mais rica nação do mundo (Dt. 7:6-7). Escolheu como seu instrumento um escravo que seria objeto de seu amor e cuidado (Os. 11:1).
A eleição de Deus é algo misterioso e maravilhoso. O apóstolo Paulo diz que Deus se vale das coisas fracas para confundir as fortes (I. Cor. 1:27).
A graça divina proclamada por Oséias tem um alcance extraordinário. Deus procurou atrair Israel através do amor “atraí-os com cordas humanas, com laços de amor" (Os. 11:4). Neste sentido Cristo também através do seu amor incomparável (Jo. 12:32) tem atraído a humanidade para Deus.
O amor redentor é procedente do próprio Deus e não é resultante de méritos ou feitos realizados. A restauração de Israel seria resultado da misericórdia divina, como lemos: "curarei a sua infidelidade eu de mim mesmo os amarei" (Os. 14:4).
O apóstolo Paulo interpretou esta verdade de maneira magistral. “Ele nos amou, sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5:8).
A esposa infiel do Senhor voltará para o seu esposo e outra vez corresponderá ao seu amor, como nos dias da sua mocidade (Os. 2:14-20).
O livro conclui com esta mensagem vibrante de restauração e bênção “serei para Israel como orvalho, ele florescerá como o Lírio” (Os. 14:5).
Conclusão
O livro estudado revelou-nos que a idolatria perverte o coração humano e o escraviza conduzindo-o ao cativeiro.
Deus anuncia uma nova oportunidade e promete a restauração do seu povo, porque Ele prometeu a Abraão e confirmou em Cristo que “as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja” (Mt. 16:18).
Apesar da infidelidade dos homens, Deus permanece fiel e misericordioso. Aleluia!
Autor: Rev. Oswaldo Hack