Joel significa: Jeová é Deus. Fora do livro, nada se sabe a respeito do seu autor, mas é certo que morava em Jerusalém quando o escreveu, provavelmente após o cativeiro babilônico.
O livro de Joel é de profundo interesse para nós, pois o seu autor diz que é palavra do Senhor. A autenticidade desse livro pode ser comprovada pelas citações no Novo Testamento.
O apóstolo Pedro, no dia de Pentecoste, citou o profeta Joel e fez aplicações das suas profecias (At. 2:14-21). Paulo citou, também o profeta Joel (Rom. 10:13).
Os judeus nunca contestaram a canonicidade desse livro, isto é, sempre o colocaram entre os proféticos. Portanto, vale a pena o seu estudo, não só pelas razões acima descritas, como pela extraordinária mensagem que contém. É um dramático chamado para o arrependimento.
Ele vê o pecado no povo, nos líderes, nos sacerdotes, e, a todos conclama para que se arrependam, mudem de caminho e se santifiquem. Estas são as grandes necessidades da Igreja de hoje. Vamos, pois, ao estudo.
1. Destaques do livro
a) A praga dos gafanhotos e da seca
Dois terríveis males assolaram a terra de Judá: o gafanhoto e a seca. No versículo 4 fala do gafanhoto como se fossem de muitos tipos, mas A. R. Crabtree, analisando o assunto diz que gafanhoto cortador, migrador, devorador e destruidor, são o mesmo gafanhoto olhado em seus diversos aspectos ou estágios.
O fato principal é o que está no versículo 7: “fez da minha vide uma assolação, destroçou a minha figueira, tirou-lhe a casca, que lançou por terra... ".
No versículo 12 a descrição do quadro dramático se completa: “a vide se secou, a figueira se murchou, a romeira também ... todas as árvores do campo se secaram, e já não há alegria entre os filhos dos homens".
Diante desse quadro de fome e tristeza, o que mais o profeta lamenta é que o culto também foi atingido: “Cortado está da casa do Senhor a oferta de manjares e a libação: os sacerdotes, ministros do Senhor, estão enlutados” (1:9). Portanto, era uma hora de tremenda crise para o povo de Deus.
b) Apelo para um quebrantamento geral
O profeta viu que a causa de tudo era o pecado. O povo estava afastado de Deus, então a situação de calamidade não passava de uma consequência. Feliz é o povo que tem um profeta em seu meio, que sabe discernir!
O apelo que o profeta fez foi o mais dramático possível. “Cingi-vos, de panos de sacos e lamentai, sacerdotes: uivai, ministros do altar..." (1:13); “Promulgai um santo Jejum, convocai uma assembleia solene... e clamai ao Senhor" (1:14).
A convocação foi para todos, sacerdotes, ministros, anciãos. "Tocai a trombeta em Sião... perturbem-se todos os moradores da terra, porque o dia do Senhor vem, já está próximo..." (2:1).
Para o pecado, não há outra solução senão o quebrantamento. Coração quebrantado e contrito Deus não despreza (Sl. 51:17). O profeta soube chamar o povo para o Caminho certo. Não adianta pôr panaceia, quando é preciso dar o remédio que realmente cura. O povo estava espiritualmente enfermo e, a sua enfermidade a tudo contaminou.
c) A misericórdia de Deus e as promessas divinas
Eis as palavras do profeta:
Joel 2.13
Convertei-vos a mim de todo o vosso coração... Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo... e grande em benignidade...
É comovente a misericórdia de Deus. O profeta a mostra para confortar o povo que sofria e para dizer que todo aquele que se volta para Deus só tem bênçãos a receber. Fala das bênçãos materiais nestes termos:
Joel 2.23-24
Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, regozijai-vos no Senhor vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva temporã e a serôdia. As eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de vinho e de óleo.
E, das bênçãos espirituais diz:
Joel 2.28
E acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões.
Joel 2.32
E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo...
A mão do Senhor não está encolhida, basta que o busquemos com arrependimento, então, a sua misericórdia nos alcança com bênçãos plenas.
d) Julgamento das nações inimigas do povo de Deus
Deus muitas vezes, usou outras nações para dar disciplina ao seu povo. Contudo, essas nações não ficaram sem o castigo pelo que fizeram ao povo de Israel. Tiro, Sidom e Filistia são alvos das ameaças de Deus.
Observem o que fizeram a Israel:
Joel 3.5-6
Visto que levastes a minha prata e o meu ouro, e as minhas joias preciosas metestes nos vossos templos, e vendestes os filhos de Judá e os filhos de Jerusalém aos filhos dos gregos...
Então, eis o grito do profeta:
Joel 3.12,14
Levantem-se as nações e sigam para o vale de Josafá; porque alí me assentarei, para julgar todas as nações em redor. Multidões, multidões no vale da decisão! Porque o dia do Senhor está perto, no vale da decisão.
Aqui se cumpre o que foi dito a Abraão, quando Deus o chamou da terra de Ur da Caldéia: “abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem..." (Gen. 12:3).
2. Ensinamentos do livro
1) A natureza obedece os propósitos de Deus - As pragas vieram ao povo a fim de provocarem a crise que resultasse em arrependimento. Contudo, quando o povo se convertia, a natureza passava a ser benévola e amiga.
2) Reconhece a importância fundamental do arrependimento no preparo do homem para receber a misericórdia de Deus.
3) Valoriza o culto - Dá importância aos sacrifícios e reconhece os sacerdotes como ministros de Deus e encarregados de levar o povo ao arrependimento (1:9,13,14; 2:17).
4) Antevê a Salvação pela graça e a eleição - “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém estarão os que forem salvos... e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar" (2:32).
Autor: Rev. Felipe Dias
