Baseado em Gálatas 5.16-26
Teve Jesus as maiores oportunidades para tornar-se rei terreno. Uma vez foi obrigado a fugir a fim de evitar que o consagrassem rei (João 6.15). Quando triunfalmente entrou em Jerusalém, foi como verdadeiro rei.
Se quisesse, poderia ser confirmado como chefe de estado. Satanás chegou a oferecer-lhe todos os reinos deste mundo (Mateus 4.8-9).
Com o poder que tinha sobre a natureza, sobre os corações e sobre a mente, facilmente chegaria à posição de rei e dominador. Contudo, não era sua intenção chegar a rei, pois essa honra era toda sua. Fez-se servo e sofreu, para dominar os corações, para reinar espiritualmente.
Quando Pilatos inquiriu dele sobre se era rei, Jesus respondeu enfaticamente: o meu Reino não é deste mundo. Portanto, está bem claro que o Reino de Jesus não é terreno, nem temporal, mas espiritual e eterno. É esse o assunto deste estudo.
1 - O conflito dos reinos
O diabo, anjo decaído, comanda, com astúcia, o reino das trevas e move guerra sem tréguas ao reino de luz. Seu domínio é exercido através da implantação dos interesses materiais, denominado na Bíblia por aquilo que Paulo chama de "carne". Justamente no texto fundamental da lição este procura mostrar a luta entre o reino material e o reino espiritual.
a) Pela primazia
"E estes opõem-se um ao outro", diz o v.17. Deus deseja o culto do homem e exige mesmo seja o primeiro em sua vida. O adversário pretende a mesma coisa. E o problema apresenta-se sob esse aspecto em a nossa vida: ou a carne ou o espírito deve ter a preferência.
Jesus procurou exortar os homens no sentido de preferirem a vida espiritual às temporalidades. Usa de uma figura interessante em Mateus 6.9-21, na qual mostra que, pela atitude que assumimos, ou estamos fazendo fortuna na terra ou acumulando tesouros no céu.
b) Pela conquista das almas
No v. 17, ainda vemos que a luta entre os poderes visa ao domínio dos corações - "...para que não façais o que porventura seja do vosso querer".
A batalha torna-se encarniçada porque o adversário usa de todas as armas, sendo a sua predileta a atração dos sentidos, ou, no dizer paulino, a carne. Foi com ela que muitas vezes rebelou o povo de Israel no deserto, fazendo-o murmurar contra o Senhor (Êxodo 16.8).
Foi com ela que conseguiu quebrar a resistência do mesmo povo, perto de Moabe, quando Balaque desejava a maldição de Balaão contra os israelitas (Números 25.1-18). E assim por diante... podemos verificar que esta arma predileta do diabo tem sido assestada contra os filhos de Deus.
Ainda hoje, a preocupação exagerada com as coisas temporais é a prova de que ainda Satanás está interessado em afastar o crente de Deus, porque consegue fazê-lo perder a confiança na providência divina e, consequentemente, enfraquecer sua vida espiritual.
2 - Preferência
a) Motivada pela escolha
vs. 18, 24, 25. Se somos crentes, somos cidadãos do Reino de Deus, guiados pelo Espírito de Deus. Consequentemente, não poderíamos ceder o terreno ao diabo.
Gálatas 5.24
E os que são de Cristo crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.
A argumentação de Paulo é convincente.
Se decidimos seguir a Cristo, resolvemos submeter-nos ao seu Espírito. E assim somos guiados pelo Espírito e vivemos no Espírito. Obviamente, teremos de andar no Espírito, isto é, devemos ter vida espiritual. Deus deve estar em primeiro lugar em nossa vida.
b) Motivada pelos frutos
A nossa preferência em favor da vida espiritual dá-nos a satisfação de gozar os melhores frutos do Espírito - amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. São, realmente, frutos agradáveis, que qualquer alma busca. Contrastando-os com os frutos da carne, sua delícia torna-se ainda maior (vs. 19 a 23).
Não há dúvida. As vantagens da vida temporal poderão ser atraentes, no inicio, mas levam sempre à desgraça.
A vida espiritual poderá acarretar-nos algumas dificuldades, mas transmite-nos os maiores gozos, que são íntimos e duradouros. Cremos que a promessa de Jesus em Mateus 6.33 deveria acabar, para sempre, com as dúvidas de muitas pessoas quanto a preferir a vida carnal ou a vida espiritual - "todas estas coisas vos serão acrescentadas".
3 - A dupla razão
Por que devemos dar preferência à vida espiritual.
a) Deus é Espírito
João 4.24. Se somos cidadãos do Reino de Deus, e Deus é Espírito, é lógico que, como fiéis servos de Deus, devemos preferi-lo à vida materializada. Quando Jesus afirmou que "Deus é Espírito", estava discutindo com a mulher samaritana a respeito do culto que seria aceitável por Deus. Daí, podermos dizer que Deus procura adoradores e só está interessado no culto espiritual.
b) Nós somos espírito
E nosso espírito foi criado por Deus. A carne que recebemos, o nosso corpo, é temporal e dela seremos despojados. Compare o ensino bíblico em Hebreus 12.9; Eclesiastes 12.7; Isaías 57.16; Zacarias 12.1; II Coríntios 5.1-8; II Pedro 1.13,14.
Se o espírito é o que permanece para sempre, se vamos ser despojados do corpo, por que preocupar-nos, em demasia, com a vida material? Não somos mais que o corpo, mais que o estômago e mais que os prazeres?
E a vida espiritual é quem garante a eternidade do espírito, em gôzo e felicidade. Por isso é que Paulo recomenda - "Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne". Tiago usa de argumentação convincente quando combate a cobiça, dizendo:
Tiago 1.15
então a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.
4 - Um grave perigo
Houve um pregador que disse: "olho para o mundo e vejo lá a Igreja; olho para a Igreja e vejo o mundo lá dentro". Com isso ele queria dizer que a Igreja está deixando mundanizar-se, o que significa que ela está assumindo a atitude inconveniente de preocupar-se com os poderes temporais e com as atrações terrenas.
Nunca será exagero combatermos esse mal, porque, por menor que seja, é sempre um grave perigo, porque concede a Satanás a oportunidade de penetrar com sua arma predileta no seio da Igreja. Convém atender bem para o que diz o apóstolo João em sua primeira epístola, capítulo 2, versículo 15 a 17 - "não ameis o mundo...".
Conclusão
Com o objetivo de ajudar os irmãos a manterem viva a sua vida espiritual, damos alguns conselhos práticos aos nossos leitores:
a) Evite a demasiada preocupação com as coisas temporais. Devemos procurar os meios de subsistência, mas isso não deve ter a supremacia em nossa vida. Deus está em primeiro lugar.
b) Evite a materialização de sua vida. Há muitas coisas lícitas que se devem evitar, porque nos podem prejudicar a vida espiritual. Muitos crentes estão deixando de ir à Igreja para estar diante do vídeo da televisão ou na festa de um parente. Isso é perigo grave à vida espiritual.
c) É preciso colocar Deus em primeiro lugar e... confiar. Deus não falha em suas promessas - Mateus 6.33.
d) É preciso conservar a chama do culto divino - do culto público (não faltando à Igreja), do culto doméstico (estabelecendo-o na família) e do culto privado (um dos melhores exercícios para a vida espiritual).
e) Exercitar as faculdades do espírito - pela leitura diária da Palavra de Deus; pela oração diária, pela participação no trabalho da Igreja.
Lista de estudos da série
1. Mais que uma instituição: Descubra o propósito divino da Igreja no Reino – Estudo Bíblico sobre a Igreja e o Reino de Deus2. A mensagem que transforma: A essência do Evangelho confiado à Igreja – Estudo Bíblico sobre a Mensagem do Reino
3. O Reino em ação: Como a Igreja se torna a agência visível de Deus na Terra – Estudo Bíblico sobre a Manifestação do Reino
4. A força invencível: O amor como a identidade e a maior arma do Reino – Estudo Bíblico sobre o Reino de Amor
5. Retidão que exalta: O segredo para aplicar a justiça de Deus em um mundo injusto – Estudo Bíblico sobre o Reino de Justiça
6. A paz que o mundo não pode dar: Como cultivar e promover a verdadeira paz de Cristo – Estudo Bíblico sobre o Reino de Paz
7. Laços inquebráveis: O guia prático para viver a unidade e a fraternidade cristã – Estudo Bíblico sobre o Reino da Fraternidade
8. Liberdade inegociável: Por que conhecer a verdade em Cristo é o único caminho – Estudo Bíblico sobre o Reino da Verdade
9. Vencendo a batalha interior: O guia definitivo para andar no Espírito e não na carne – Estudo Bíblico sobre o Reino do Espírito
10. O maior chamado de todos: A revolução do serviço no Reino de Deus – Estudo Bíblico sobre o Reino de Serviço
11. Puros de coração: O segredo da bem-aventurança e do testemunho eficaz – Estudo Bíblico sobre o Reino de Pureza
12. A oração mais poderosa: Entendendo a promessa e a vinda definitiva do Reino – Estudo Bíblico sobre a Consumação do Reino