Baseado em Lucas 6.27-36.
Têm sido titânicas as lutas da humanidade em favor da paz. Filósofos, educadores, sociólogos, líderes religiosos e de governo têm-se esforçado no sentido de fazer sentir ao mundo a necessidade de que todos vivam em paz, para o bem da sacrificada civilização.
Após as guerras, que deixam um débito de morte, miséria e infelicidade, as nações se unem para o esforço comum em favor da paz. Atualmente, a Organização das Nações Unidas tem desempenhado elevada função de promover a paz através de tratados e união das forças que lhe são comuns.
Os governos dos grandes países têm promovido visitas de cortesia e de cordialidade entre os seus líderes, com o sentido de fazer ruir as barreiras e os preconceitos que existem, visando à paz mundial.
Organizações várias, de iniciativa particular e de cunho internacional têm promovido intensa campanha em favor da paz, com os recentes encontros de sociólogos, políticos e diplomatas, para o estudo do problema do desarmamento.
Conferências sobre o perigo atômico, quer para mostrar seu poder destrutivo, quer para encarar a realidade de que a vida seria impossível para os que sobrevivessem a uma guerra atômica. Realmente, o mundo vive uma ânsia de paz, e os esforços que estão sendo feitos nesse sentido são a prova disso.
Aqui está a oportunidade da Igreja, incansável lutadora dos campos de paz. A Igreja tem e deve dar a resposta aos anseios humanos de tranquilidade e paz. Este estudo objetiva informar-nos a este respeito.
1 - Onde se encontra a paz
Justamente o grande problema é saber em que fórmula, em que princípios, em que lugar se encontram as medidas que promoverão a verdadeira paz. Poderíamos responder:
a) Em qualquer circunstância
A paz não é exclusividade de uma nação ou de uma raça, podendo- se encontrá-la entre os povos culturalmente mais atrasados como em nações mais desenvolvidas. Desde que haja o profundo desejo de paz, seja qual for a situação ela pode ser alcançada.
É conhecido o quadro pintado por grande pintor, para simbolizar a paz, em contraste com o de outro que a simbolizou na placidez e na estática de um lago manso. O primeiro pintou um galho de árvore sobre uma cachoeira espumante e barulhenta, sobre o qual estava posto um ninho de pássaro, que calmamente vivia sua existência sem qualquer perturbação, ante o movimento e o ruído que estava ao redor.
Quando há paz verdadeira, ela se estabelece em qualquer circunstância. Por isso, dizemos que ela é estado tal, que circunstância alguma poderá perturbá-la.
b) No íntimo
Para que a tranquilidade se estabeleça, independentemente de qualquer circunstância, há mister que haja a paz genuína, que é interior. Por isso Paulo aconselhava aos coríntios:
II Coríntios 13.11
Vivei em paz.
Não é em tratados que se consegue promover a paz; não é, também, com palestras e conferências de desarmamento, embora esses expedientes sejam revestidos da mais nobre intenção. É preciso que o homem mesmo viva em paz, a fim de que possa contribuir para a paz geral.
Quem está em paz, consigo mesmo e com Deus, estará, consequentemente, em paz com seus semelhantes. E paz interior só se consegue quando se está em paz com Deus. E isto não é difícil, desde que se cumpra em nós o que diz Paulo em Romanos 5.1.
c) Em Jesus
Aqui está a grande força, a dinâmica, o grande segredo da paz. "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou", diz Jesus. E não é placidez inamovível do desinteresse, nem a estagnação dos lagos, nem a aparente trégua entre as nações... "Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." Jesus afiança que a paz verdadeira é a que traz descanso ao coração.
E isso somente ele pode conceder, porque nos liberta de todos os temores e nos propicia a justificação perante Deus, com a qual podemos apresentar-nos isentos da culpa, do pecado. Paulo, na argumentação desse assunto, ressalta bem, quando se refere a Jesus:
Efésios 2.14
Porque ele é a nossa paz.
Só em Jesus se encontra a paz, que traz sossego ao coração humano e promove a paz entre indivíduos e entre nações.
2 - Como estabelecer a paz entre os indivíduos
O crente, que tem o conhecimento da verdadeira paz, deve esforçar-se por ser exemplo de vida pacífica e pacificadora. Alguns princípios bíblicos norteiam-nos quanto a este assunto:
a) Não resistência
Uma das grandes causas das lutas e guerras é a reação e na mesma medida das ofensas que recebemos. Aprendemos com Jesus a evitar essa atitude irrefletida, que só nos pode trazer prejuízos.
O texto fundamental da lição é ensino ousado de Jesus a este respeito:
Ao que te bate numa face oferece-lhe também a outra; e ao que tirar a tua capa, deixa-o levar também a túnica.
Com estas palavras Jesus está mostrando que não nos será favorável a reação a qualquer ato de maldade praticado contra nós. O que realmente conquista é usar de atitude diferente da daquele que nos ofende.
Um dos maiores exemplos bíblicos desse espírito de mansidão é o patriarca Isaque, que, tendo direitos de posse e propriedade nos poços que cavava, contudo não questionou nem entrou em luta com aqueles que se apossaram deles. Antes, fez tudo por conservar a tranquilidade, o que conseguiu realizar (Gênesis 26.12-35). Quando alguém nos ofende, espera logo nossa reação. Mas, se tomamos a atitude ensinada por Jesus, o adversário fica desarmado diante de nós.
b) Na antítese
Em outras palavras, tomando a atitude oposta àquela que normalmente se espera. É um ensino inédito. Só mesmo Jesus, que viveu vida encarnada perfeita, poderia aconselhar atitude tão contrária à tendência humana.
Mesmo para os judeus era um ensino novo:
Lucas 6.27-28
Amai aos vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam...
É tão inesperada essa atitude, e tão diferente do comum, que tem sido arma poderosa para vencer corações inimigos.
Temos conhecimento de inúmeras pessoas, que andavam preocupadas com perseguição e oposição de pessoas inimigas e que tomaram a atitude aconselhada por Jesus, e transformaram completamente a situação, fazendo do adversário pessoa sem armas e, sobretudo, um amigo. Se essa doutrina fosse aplicada à vida de cada um, a paz não seria um problema internacional.
c) Na iniciativa
Quando almejamos entendimento com o próximo, não devemos esperar que ele venha ao nosso encontro. A iniciativa deve ser nossa. Cremos ser essa a intenção de Paulo, quando aconselha:
Romanos 12.18
Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.
Temos sempre desculpas a apresentar quando aparecem os inimigos, mas não nos lembramos de que muitas vezes a inimizade perdura porque achamos que é obrigação do outro procurar-nos. Se soubéssemos quantas guerras terminariam se os homens tivessem a iniciativa da paz, praticaríamos mais, em nossa vida, esse ensino da Escritura.
3 - Quem possui a paz?
A igreja, como manifestação do Reino de Deus, a grande promotora da paz, deve ser constituída de membros que tenham o mesmo desejo de estabelecer a paz, a concórdia, a harmonia, entre os indivíduos e entre as nações. Para isso é necessário que se conheçam as condições bíblicas para que a paz seja alcançada pelo indivíduo.
a) Antes de tudo é preciso amar a paz. Em Zacarias 8.19 este conselho sábio aparece na boca do profeta. Uma pessoa que não tem o desejo de paz, que guarda rancores, intenções de vingança, jamais poderá viver em plena paz interior e paz com os semelhantes. Quem não ama a paz não a poderá alcançar. Ela só se estabelece onde é procurada e desejada com ansiedade.
b) Amando a paz, é preciso, então, buscá-la. Não é outro o conselho do Salmista no Salmo 34.14: "... procura a paz e empenha-te para alcançá-la". É lógico que para alcançar esse objetivo, é preciso ter conhecimento da fonte de paz, do roteiro da paz e das condições de paz. Somente quem consulta o maior tratado de paz, que é a Escritura Sagrada, conhece o seu roteiro e sua fonte. É por isso que dizemos que o cidadão do Reino é o maior divulgador e promotor da paz.
c) Por fim, buscando e encontrando a paz, é preciso conservá-la. E o melhor modo de fazê-lo, é guardando-a no nosso íntimo. É preciso que haja, portanto, paz espiritual paz com Deus, para que ela exista para com os semelhantes. Somente Deus, o Senhor da Paz, poderá conservar em nós o espírito de paz. Leia, medite e aplique em sua vida as palavras de II Tessalonicenses 3.16.
Conclusão
Há grandes recompensas para aqueles que procuram promover e conservar a paz. A Bíblia lhes reserva uma bem-aventurança:
Mateus 5.9
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
E a paz deve ser promovida pelos crentes, através da divulgação e do exemplo, isto é, da pregação e do testemunho.
Lista de estudos da série
1. Mais que uma instituição: Descubra o propósito divino da Igreja no Reino – Estudo Bíblico sobre a Igreja e o Reino de Deus
2. A mensagem que transforma: A essência do Evangelho confiado à Igreja – Estudo Bíblico sobre a Mensagem do Reino
3. O Reino em ação: Como a Igreja se torna a agência visível de Deus na Terra – Estudo Bíblico sobre a Manifestação do Reino
4. A força invencível: O amor como a identidade e a maior arma do Reino – Estudo Bíblico sobre o Reino de Amor
5. Retidão que exalta: O segredo para aplicar a justiça de Deus em um mundo injusto – Estudo Bíblico sobre o Reino de Justiça
6. A paz que o mundo não pode dar: Como cultivar e promover a verdadeira paz de Cristo – Estudo Bíblico sobre o Reino de Paz
7. Laços inquebráveis: O guia prático para viver a unidade e a fraternidade cristã – Estudo Bíblico sobre o Reino da Fraternidade
8. Liberdade inegociável: Por que conhecer a verdade em Cristo é o único caminho – Estudo Bíblico sobre o Reino da Verdade
9. Vencendo a batalha interior: O guia definitivo para andar no Espírito e não na carne – Estudo Bíblico sobre o Reino do Espírito
10. O maior chamado de todos: A revolução do serviço no Reino de Deus – Estudo Bíblico sobre o Reino de Serviço
11. Puros de coração: O segredo da bem-aventurança e do testemunho eficaz – Estudo Bíblico sobre o Reino de Pureza
12. A oração mais poderosa: Entendendo a promessa e a vinda definitiva do Reino – Estudo Bíblico sobre a Consumação do Reino
