A força invencível: O amor como a identidade e a maior arma do Reino – Estudo Bíblico sobre o Reino de Amor

I João 4.7-21

Napoleão, um dos maiores conquistadores que o mundo já teve, cujo império se estendeu por vários países, disse, a respeito de Jesus e de seu reinado, palavras que merecem o apoio de todos:

"Vós falais de César e Alexandre e de suas conquistas, mas podeis conceber homens mortos fazendo conquistas? Jesus Cristo, morto há 1800 anos, governa o mundo de hoje! Alexandre, César, Carlos Magno e eu fundamos impérios. Porém sobre que repousou a criação dos nossos gênios? Sobre a força. Jesus Cristo, somente, fundou seu império sobre o amor e nesta hora milhões de homens morreriam por ele".

Ditas essas palavras por um tão notável general, têm enorme significado. Nada mais conquista que o amor. A grande arma, a grande força, a invencível atração do Reino de Deus é o amor. Ninguém jamais pensou em apoiar um reino, estabelecer um domínio através do sentimento do amor.

Jesus veio estabelecê-lo e tem sido o campeão invicto e invencível, porque domina pelo amor. Este estudo tem por finalidade mostrar o lugar dessa virtude no estabelecimento do Reino de Deus, através de sua Igreja.

1. O exemplo do rei

Estabelecendo seu Reino sob o regime do amor, Deus se coloca perante todos como exemplo dessa virtude. O texto fundamental mostra-nos como esse fato se realiza:

a) O amor é da própria essência de Deus

O v.8 declara explicitamente que "Deus é amor". Esse atributo é manifestado de modo bem claro, através de seus atos. Uma das provas do amor de Deus é o seu cuidado pelas criaturas, SI 40.17. A providência de Deus é ato espontâneo de sua graça. Poderia ter deixado a criação à sua própria sorte, como é ensinamento do deísmo, mas o Senhor interessa-se pelo bem e pela vida de suas criaturas.

Outra prova do amor divino é a sua disposição em perdoar. O homem contraiu grande dívida para com Deus, quando pecou e todos nós somos devedores a ele, ofendendo-o com os nossos pecados. Contudo, seu coração longânimo está disposto sempre a nos perdoar, quando orarmos pedindo-lhe o perdão.

Leia o que dizem os textos de SI 65.2,3; Is 55.7; Ef 4.32; CI 3.13. A maior prova, entretanto, do amor de Deus está patente em toda a Bíblia, como o está em vários versículos do texto fundamental da lição, vs. 9,10,11,14, "Nisto se manifestou o amor de Deus em nós, em haver Deus enviado o seu Filho Unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele".

Essa doutrina é a grande revelação do Novo Testamento. Exposta com clareza em Jo 3 (especialmente dos vs. 16 a 21) a doutrina tem sido o maior estímulo ao progresso do Reino. Sobre ela têm-se escrito livros, artigos, pregado os maiores sermões, e realizado a maior obra de evangelização.

b) O amor é de origem divina

"porque o amor procede de Deus", v.7; "nós o amamos porque ele nos amou primeiro", v.19. Deus teve a iniciativa. Antes de nós o buscarmos, já ele nos procura. Antes de o amarmos, já ele nos amou. Com ele não acontece como é comum entre aqueles que distribuem favores, que exigem reconhecimento antes de o concederem.

Não. Quando nós nos aproximamos de Deus, já ele estava perto de nós. Quando iniciamos o caminho em sua direção, já ele percorrera toda a distância que nos separava dele. É confortador saber que Deus mesmo tem a iniciativa. Verifique o que dizem os textos de Jo 15.16; Rm 5.8.

c) O amor de Deus exigiu-lhe o maior sacrifício

"e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados". O conhecido texto de Jo 3.16 mostra, de forma enfática, como provou Deus esse amor - "de tal maneira" - ideia que é repetida aqui no v.11. Este fato é tão conhecido e lembrado pelos cristãos, que nos dispensamos de comentá-lo mais amplamente.

Fica, então, provado que Deus, como Rei e Senhor, dá o maior exemplo de amor, do qual teve a iniciativa e deu a maior prova.

2. A exigência do rei

Não somente no texto fundamental, como nos designados para as leituras diárias, nota-se a insistência do ensino evangélico, no sentido de que o cidadão do Reino de Deus seja praticante do verdadeiro amor cristão. Para pertencer ao Reino é preciso esse exercício, e isso por motivos bem ponderáveis:

a) O amor é prova da filiação com Deus

"todo aquele que ama é nascido de Deus" - diz o v. 7; nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós" - v. 13; "se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado" - v. 12. "...e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele" - v. 16. Já no capítulo 3, versículos 23 e 24, o apóstolo João ensinava a mesma coisa, mostrando que o que cumpre o mandamento do amor está ligado a Deus.

b) É prova de nossa comunhão com os irmãos

"se amarmos uns aos outros. Deus permanece em nós" - v. 12. Não pode haver comunhão onde não existir o amor. Comunhão é ter tudo em comum. Sem o amor, esse ideal não pode ser alcançado. Os cristãos primitivos viviam em comunhão, porque compartilhavam o mesmo sentimento de amor. Na Igreja de Cristo, onde não há comunhão, não há também o amor. Um depende do outro.

c) É prova da união com Cristo

O amor é o laço que nos une a Jesus. É também o elo que nos liga uns aos outros. Quem ama a Deus, com o verdadeiro amor, quem ama ao próximo, com genuíno amor, está mostrando sua união com o Senhor.

d) É mandamento divino

"Ora, temos da parte dele este mandamento, que aquele que ama a Deus, ame também a seu irmão" - v. 21. Jesus, em várias ocasiões ordenou aos discípulos que praticassem o amor, que chamava de "novo mandamento". Mt 22.37,39; Jo 13.34; Jo 15.12.

João é conhecido como o apóstolo do amor. Esta epístola, como as demais, está repleta de exortações ao amor. Dizem que, quando já velho e cansado, ele era levado à Igreja, não podendo mais trazer sua palavra de pregação, costumava, todavia, aconselhar os crentes, dizendo: "Filhinhos, amai-vos uns aos outros".

3. O ensino do rei

a) O lugar do amor

É interessante observar que esta virtude tem lugar proeminente no ensino do Novo Testamento. E esse ensino mostra qual é a posição do Amor no Reino de Deus - é considerada a virtude primeira, quer da parte de Cristo como dos apóstolos.

Nas relações do homem para com Deus, o amor ocupa a posição do primeiro e maior dos mandamentos - Mt 22.37; Lc 10.27. A primeira parte da lei é resumida no amor a Deus.

Nas relações com o próximo, ainda o amor ocupa o primeiro lugar - leia os mesmos textos acima. Jesus ainda foi além, ousando mesmo aconselhar seus servos a amar os inimigos, coisa que, evidentemente, nenhum outro Rei pensaria aconselhar - Mt 5.44; Lc 6.27,35.

É uma atitude completamente inédita no trato com os semelhantes. Ainda, nas relações para com os irmãos, a prática do amor é o grande segredo da harmonia e da união. Basta ler o texto fundamental e o de I Jo 2.1-7, assim como os que estão escolhidos para as leituras diárias para se ter uma ideia perfeita da posição do amor na união fraternal.

b) A posição do amor

Além de ser a primeira virtude, a virtude por excelência (I Co 12.31 e 13.1-13), o amor é centro de toda vida, é o vínculo da perfeição - Cl 3.14. Se alguém deseja progredir na carreira cristã tem de exercitar-se, entre outras coisas, no amor, porque ele é o resumo da lei (Rm 13.9).

c) Os efeitos do amor

Inegavelmente, a grande força do Reino de Deus reside no poder do amor. Ele tem conquistado indivíduos, nações, poderes, corações. Não há força que resista à sua penetração.

Paulo, exortando os crentes de Roma à prática dessa virtude, recomenda, na sua carta - "Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" - Rm 12.20,21.

Se tivéssemos oportunidade, apresentaríamos uma relação enorme de fatos que provam que o amor venceu dificuldades tidas como insuperáveis e fez amigos de irreconciliáveis inimigos, como penetrou em corações endurecidos.

Conclusão

Como cidadãos do Reino de Deus, e vivendo nossa existência terrena, sabemos que a prática da virtude do amor deve ser efetiva através da Igreja. Mas, convém notar que podemos observá-la,

a) comunitariamente - isto é, através do serviço da Igreja.

Esta tem obrigação social a cumprir. E a melhor forma de desenvolvê-la é pelo dom da beneficência. Cumpre à Igreja atender aos necessitados, primeiramente aos domésticos da fé e então aos demais, de acordo com suas possibilidades.

Acima disso tudo, o que a Igreja poderia fazer em favor do mundo, para conquistá-lo pelo amor, é revelar-lhe a mensagem do amor de Deus manifesto em seu Filho Jesus Cristo. Evangelização e beneficência seriam a verdadeira prática do amor mediante a Igreja.

b) Individualmente - isto é, no trato pessoal com o próximo.

Neste particular, aconselho aos leitores a que utilizem os princípios apontados acima por Jesus e seu apóstolo Paulo. Não somente devemos praticar o amor caridade, mas o amor sentimento.

Experimentem os leitores amar até os inimigos, orando pela felicidade deles, pedindo ao Senhor o seu favor em benefício deles, e buscando, também, ter a iniciativa de amar, de vencer pelo "bem".

Se a Igreja tem falhado em algumas empresas, então experimentem o amor; se as famílias têm fracassado em seus objetivos. Então pratiquem o amor; se as pessoas se ressentem de suas deficiências no trato com os outros, então façam uso do amor.

Assim fazendo, estaremos sendo instrumentos para a implantação do Reino de Deus mediante o Império do Amor!


Lista de estudos da série

1. Mais que uma instituição: Descubra o propósito divino da Igreja no Reino – Estudo Bíblico sobre a Igreja e o Reino de Deus

2. A mensagem que transforma: A essência do Evangelho confiado à Igreja – Estudo Bíblico sobre a Mensagem do Reino

3. O Reino em ação: Como a Igreja se torna a agência visível de Deus na Terra – Estudo Bíblico sobre a Manifestação do Reino

4. A força invencível: O amor como a identidade e a maior arma do Reino – Estudo Bíblico sobre o Reino de Amor

5. Retidão que exalta: O segredo para aplicar a justiça de Deus em um mundo injusto – Estudo Bíblico sobre o Reino de Justiça

6. A paz que o mundo não pode dar: Como cultivar e promover a verdadeira paz de Cristo – Estudo Bíblico sobre o Reino de Paz

7. Laços inquebráveis: O guia prático para viver a unidade e a fraternidade cristã – Estudo Bíblico sobre o Reino da Fraternidade

8. Liberdade inegociável: Por que conhecer a verdade em Cristo é o único caminho – Estudo Bíblico sobre o Reino da Verdade

9. Vencendo a batalha interior: O guia definitivo para andar no Espírito e não na carne – Estudo Bíblico sobre o Reino do Espírito

10. O maior chamado de todos: A revolução do serviço no Reino de Deus – Estudo Bíblico sobre o Reino de Serviço

11. Puros de coração: O segredo da bem-aventurança e do testemunho eficaz – Estudo Bíblico sobre o Reino de Pureza

12. A oração mais poderosa: Entendendo a promessa e a vinda definitiva do Reino – Estudo Bíblico sobre a Consumação do Reino

Semeando Vida

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