Baseado em Efésios 5.1-14.
"Admitindo-se tenha havido, através dos séculos e gerações passadas, anteriormente ao advento de Cristo, vários esforços providenciais para a revelação da moral, a consciência cristã, verdadeiramente esclarecida, reconhece em Jesus Cristo o ponto culminante e a chave da mais elevada, da mais nítida, da mais perfeita moral.
E este fato é o consenso do mundo civilizado. Jesus é tido e apontado como o maior exemplo de uma vida nobre, virtuosa, santa. É o maior e o mais autorizado ensinador de moral.
Negá-lo é negar a influência cristã sobre o mundo por estes vinte séculos, é fechar os olhos à luz, é rejeitar a evidência, é tentar subverter os fatos"
(Rev. Dr. Júlio C. Nogueira, no livro - A Moral Cristã)
A moral, em sentido geral, é a ciência dos costumes - o estudo e a prática dos deveres humanos na presente vida. O nosso estudo de hoje, porém, se restringe ao dever da pureza da vida do crente e do seu testemunho perante os que o ouvem e o veem.
E, visto que a Igreja é a coletividade dos crentes, o estudo abrange a pureza e o testemunho da própria Igreja na comunidade e a influência que ela exerce na implantação do reino de Deus.
1 - A falta de pureza da humanidade sem Cristo
Desde os tempos antediluvianos lemos esta declaração do sagrado escritor do Gênesis:
Gênesis 6.5
Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra, e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração.
Esta maldade humana se veio sempre manifestando, ora nas viciadas cidades de Sodoma e Gomorra, ora nos costumes depravados dos egípcios, ora na vileza das práticas dos cananeus e demais povos que habitavam a Palestina e que Deus derrotou, para dar suas terras a Israel, ora na civilização pagã de Nínive e ainda no seio do próprio povo israelita.
Aqui é Paulo quem denuncia a impureza dos pagãos, ao dizer que "o que eles fazem em oculto, até o referir é vergonha". O fato é que todos já nascemos mesmo com tendências impuras em nossa natureza, e que o meio em que vivemos concorre para ainda mais contaminar nossa imaginação e nossos hábitos. Daí surge o angustioso problema já proposto pelo Salmista:
Salmos 119.9
De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?
2 - A bem-aventurança dos limpos de coração
Jesus Cristo proclamou esta bem-aventurança logo no início do seu notável Sermão do Monte:
Mateus 5.8
Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.
E já o Salmista havia almejado essa bem-aventurança numa fervorosa prece:
Salmos 51.10
Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto.
A palavra de Deus só oferece uma solução para esse problema. Essa solução, entretanto, tem duas fases distintas.
a) "O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado" (I João 1.7) - e a resposta divina para o pecador que busca aceitação diante de Deus para sua alma impura, e a aceitação do Salvador é o remédio eficaz que o torna apto a entrar no próprio céu onde Cristo está. Assim se deu com o malfeitor arrependido ao lado de Cristo na cruz.
b) Para o prosseguimento da vida na terra, em meio da corrupção da humanidade das tentações do maligno e das concupiscências da própria carne, temos em Cristo a satisfação, que começa com o "novo nascimento" - obra regeneradora do Espírito Santo - e a permanência do mesmo Espírito em nós.
No conflito que se dá entre a carne e o Espírito, o que cumpre ao crente é "andar no Espírito" (Gálatas 5.16 e 25), isto é, colocar-se ao lado do Espírito Santo, entregando-lhe o inteiro domínio do seu coração e permitindo assim que ele vença a carne.
3 - A reprovação dos vícios sociais e a advertência aos viciados
Convém notar que o Apóstolo, no texto fundamental de nossa lição, não só exorta a que não pratiquemos a impudicícia e toda sorte de impureza, coisas que nem sequer se devem nomear entre nós, mas vai além, recomendando: "Antes, porém, reprovai-as".
Não é só passivamente evitar; é assumir atitude de hostilidade contra os costumes impuros. As autoridades seculares às vezes têm movido campanhas de moralização dos costumes; e o povo evangélico deve enfrentar a impureza com verdadeiro combate e firme testemunho, não combatendo as pessoas e sim os vícios de que elas são vítimas.
E é preciso dizer com franqueza aos viciados e aos pecadores em geral o que Paulo adverte neste trecho de sua Epístola:
Sabei isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança do reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavra vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.
4 - O cuidado que devemos ter
Evitar a todo custo aquilo que manche ou possa manchar a nossa vida e enfraquecer o nosso testemunho de povo de Deus. Os homens em geral não leem a Bíblia, a fim de conhecerem por suas declarações o caminho da salvação. Eles nos contemplam a nós como povo que se diz seguidor de Cristo.
Eles querem ver Cristo em nós, e não nas Escrituras, e não deixam de ter suas razões. Cabe-nos, pois, viver a moral de Cristo, tanto para nossa própria felicidade como para o bem dos outros.
Negar toda cumplicidade de nossa parte com as práticas contrárias à moral cristã na sociedade humana. Nossa participação em certas rodas conhecidas por seus hábitos viciosos ou impuros, ainda que nós mesmos evitemos essas práticas, nos pode colocar como responsáveis pelos males que lá se praticam.
O caso de Ló, preferindo morar na corrupta cidade de Sodoma por interesses materiais, é uma advertência muito veemente a todo crente.
Abster-se de atos, gestos e linguagem que destoem das normas de pureza que Cristo requer de nós.
Aparecem, de vez em quando, gírias e maneiras que retratam pensamentos ou atitudes impróprias para o povo de Deus; e muitas vezes os crentes as reproduzem, sem advertir que estão contribuindo para a dissolução dos bons costumes.
É conveniente tomar conhecimento do significado de tal linguagem ou de tal gesto, e reprová-los, se de fato são dignos de reprovação.
5 - O amor no alicerce de tudo
Notemos como Paulo introduz o importante assunto de nossa lição. Os dois primeiros versículos são a chave.
Sede imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou, e se entregou a si mesmo por nós.
Primeiramente, o amor de Deus, que é nosso Pai, e nos ama. E como filhos amados e no afã de conduzir outros a se tornarem filhos de Deus, igualmente amados, que podemos empreender a campanha pró pureza.
Em segundo lugar, somos inspirados pelo amor de Cristo, que a si mesmo se sacrificou por nos salvar, e cuja moral nós amamos e desejamos ver triunfar no mundo.
Finalmente, é com amor aos homens e para sua felicidade eterna que reprovaremos os males e vícios sociais, procurando libertar deles os que se acham escravizados. Se não formos atuados pelo amor de Deus e de Cristo, nada conseguiremos de positivo e louvável.
Lista de estudos da série
1. Mais que uma instituição: Descubra o propósito divino da Igreja no Reino – Estudo Bíblico sobre a Igreja e o Reino de Deus2. A mensagem que transforma: A essência do Evangelho confiado à Igreja – Estudo Bíblico sobre a Mensagem do Reino
3. O Reino em ação: Como a Igreja se torna a agência visível de Deus na Terra – Estudo Bíblico sobre a Manifestação do Reino
4. A força invencível: O amor como a identidade e a maior arma do Reino – Estudo Bíblico sobre o Reino de Amor
5. Retidão que exalta: O segredo para aplicar a justiça de Deus em um mundo injusto – Estudo Bíblico sobre o Reino de Justiça
6. A paz que o mundo não pode dar: Como cultivar e promover a verdadeira paz de Cristo – Estudo Bíblico sobre o Reino de Paz
7. Laços inquebráveis: O guia prático para viver a unidade e a fraternidade cristã – Estudo Bíblico sobre o Reino da Fraternidade
8. Liberdade inegociável: Por que conhecer a verdade em Cristo é o único caminho – Estudo Bíblico sobre o Reino da Verdade
9. Vencendo a batalha interior: O guia definitivo para andar no Espírito e não na carne – Estudo Bíblico sobre o Reino do Espírito
10. O maior chamado de todos: A revolução do serviço no Reino de Deus – Estudo Bíblico sobre o Reino de Serviço
11. Puros de coração: O segredo da bem-aventurança e do testemunho eficaz – Estudo Bíblico sobre o Reino de Pureza
12. A oração mais poderosa: Entendendo a promessa e a vinda definitiva do Reino – Estudo Bíblico sobre a Consumação do Reino
