A mensagem que transforma: A essência do Evangelho confiado à Igreja

Mateus 6.33

Nenhum governo pode dirigir uma nação sem programa, sem plano. Alguns estabelecem metas, alvos para sua ação, durante o tempo de sua gestão. Nem mesmo um rei, que normalmente exerce seu governo vitaliciamente, descura dessa estrutura importante do seu reinado.

Deus, também, como governador supremo, tem seus planos, tem seu programa estabelecido para o Reino dos Céus. A Bíblia Sagrada foi escrita para revelar esse plano. Dentro dele há mensagem importante que se evidencia através de toda a Escritura. Ela foi entregue à Igreja para divulgação e proclamação a todo o mundo, até à consumação dos séculos.

1. A mensagem

Em 1 Coríntios 1.18-25; 2.1-5 Paulo ensina qual é a mensagem do Reino de Deus. Sobre esse ensino podemos destacar:

a) É diferente

A pregação do Evangelho enfrentou oposição da parte das filosofias e doutrinas correntes nos primitivos tempos cristãos. Suas ideias eram avançadas para o tempo.

Tanto assim que os judeus as consideravam escandalosas (v.23), porque diferiam muito de suas aspirações com respeito ao Reino. Esperavam a restauração política de Israel, mas o Evangelho pregava um Reino Espiritual e não se preocupava com volta do governo do povo às mãos dos chefes judeus. Além disso, muitas doutrinas cristãs contrariavam os ensinos e a prática dos chefes religiosos do tempo.

As mensagens de humildade, amor, perdão, justiça, salvação vinham de encontro ao orgulho e vaidade dos fariseus, dos saduceus, dos escribas e dos sacerdotes, com o desejo de vingança contra os inimigos que o povo alimentava. De forma que, para os judeus a pregação cristã constituía um escândalo.

b) Foi providenciada por Deus

"aprouve a Deus salvar aos que creem, pela loucura da pregação" - v.21. Se Deus mesmo quer que a salvação seja alcançada através da pregação, pode esse fato escandalizar a uns e levar à zombaria outros, mas deve ser o método insubstituível. Houvera outro melhor e Deus o teria preconizado.

c) É poderosa

Basta dizer que a mensagem é divina para a reconhecermos capacitada para as maiores realizações. Em várias ocasiões, o apóstolo Paulo designa o Evangelho como "o poder de Deus", leia, por exemplo, os versículos 18 e 25, do capítulo 1 e o v.5 do capítulo 2 do texto fundamental.

A ideia aparece também em Romanos 1.16. Iríamos longe se procurássemos demonstrar a veracidade dessa expressão, pois nenhuma outra mensagem tem alcançado, no tempo e no espaço, tantos corações como a do Reino de Deus.

d) Usa instrumentos frágeis

Nos vs. 1.25 e 2.3, Paulo argumenta dizendo que ele mesmo, por sua palavra não tinha poder, mas que este estava com a mensagem do Evangelho. É um dos mistérios mais impressionantes da economia divina o fato de utilizar meios deficientes, fracos, como os homens, para serem os veículos de sua mensagem.

2. Os pontos da mensagem

Para termos ideia dos pontos principais da mensagem divina precisamos conhecer as Escrituras Sagradas. Levaríamos muito tempo só para citar as doutrinas que estão registradas na Bíblia. Podemos, contudo, apresentar as que são essenciais:

a) Arrependimento

Essa foi a primeira proclamação de João Batista e de Jesus - Mt 3.2; Mc 1.4,14,15. O arrependimento deve ser o primeiro ponto, porque, na ordem dos fatos da conversão é o primeiro caminho a ser tomado pelo pecador - é a porta que abre o coração à penetração do Espírito Santo.

b) Humildade

ou, em outro termo, Submissão. É a exigência imediata ao arrependimento. Reconhecendo os pecados e entristecendo-se por causa deles, o pecador deve, então, colocar-se nas potentíssimas mãos do Senhor, que o revestirá da capacidade para compreensão e aceitação do seu Evangelho - Tg 4.8-10.

c) Amor

é a grande virtude que o Reino proclama. A mensagem evangélica revela-o nos seus vários aspectos:

Amor de Deus ao mundo - Jo 3.16;
Amor de Cristo aos pecadores - Ef 5.2 e à Igreja - Ef 5.25;
Amor da criatura de Deus - Mt 22.37;
Amor ao próximo - Mt 22.39;
Amor aos próprios inimigos - Mt 5.44. É a virtude por excelência, o dom supremo, segundo o entender do apóstolo Paulo I Co 13.

d) Perdão

é ensino que decorre do anterior. O cristianismo é a religião que mais proclama o perdão. Revela a disposição de Deus para perdoar Is 55.7; exorta instantaneamente ao perdão do próximo que nos ofende, quantas vezes forem necessárias- Mt 18.21,22.

e) Justiça

No Reino de Deus a justiça tem um lugar proeminente. Desde o Velho Testamento é proclamada com veemência - SI 40.9; SI 106.3; Pv 21.21; Mq 6.8. Ela é também proclamada, com evidência, em o Novo Testamento. Paulo afirma que é um dos componentes do Reino - Rm 14.17. Veja o ensino contido em I Tm 6.11; II Tm 2.22; Hb 11.33; IJo 1.29.

f) Fé

é a grande virtude, proclamada como condição "sine qua non" para a salvação. É a doutrina básica do movimento evangélico de reforma da Igreja.

g) Salvação

é a nota alvissareira do Evangelho. É a boa nova que o Reino proclama. O Novo Testamento é um hinário de cânticos de salvação. Esta doutrina com as bênçãos dela decorrentes (justificação, santificação, paz, alegria...) é o toque confortador do Evangelho.

O Novo Testamento começa com a proclamação da salvação - Mt 1.21; e termina com as promessas de vida concedida pela salvação - Ap 22.17. João afirma que o que ficou registrado é suficiente para a salvação e foi escrito com o objetivo de levar o conhecimento da salvação a todos - Jo 20.31.

Poderíamos acrescentar inúmeros outros pontos, mas os principais estão aí apresentados. Entretanto, não estaria completo o ensino se não disséssemos que todos os pontos da mensagem do Reino têm um centro comum - a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

3. Os divulgadores da mensagem

Já nos referimos atrás aos instrumentos pelos quais Deus proclama sua mensagem. São meios divinos, embora em si mesmos imperfeitos, mas revestidos de poder e pelo Espírito de Deus. Sobre eles, destacaríamos as seguintes observações:

a) Todos os participantes do Reino são seus arautos

A ordem dada por Cristo à Igreja foi proferida perante todos os discípulos, que se reuniram com o Senhor pouco antes da sua ascensão - Mc 16.15; Mt 28.16-20. Há os que são chamados para a direção do rebanho. Mas a responsabilidade de pregação foi dada a cada crente.

b) Não depende de nossa capacidade

mas do poder de Deus o êxito na proclamação dessa mensagem, Paulo já reconhecia isso. I Co 1.24,25; 2.1-5.

c) Muitas exigências há para os que são convocados para esse mister

Uma, contudo, se cumprida, incorporaria todas as demais - I Co 4.2.

Conclusão

Todas as lições da Escritura levam-nos à vida prática. Mesmo as mais profundas doutrinas têm aplicação dinâmica em nossa vida. Assim é com a mensagem do Reino de Deus. Ela é viva, eficaz e conduz-nos à vida ativa.

Em face do que já foi exposto, tiraremos as seguintes lições práticas:

1. A pregação do Evangelho haverá de encontrar sempre a oposição dos homens - alguns se escandalizarão com as doutrinas da Igreja. Haverá também de enfrentar a ironia e a zombaria dos pretensiosos e presunçosos filósofos e cientistas, que aceitam somente aquilo que sua limitada experiência pode comprovar.

2. O êxito da pregação depende do Espírito de Deus e de seu poder, e nunca de nós. Somos fracos instrumentos. Deus, na sua misericórdia, concedeu-nos o privilégio de cooperarmos com ele na divulgação da mensagem da graça. Pregar o Evangelho é a mais alta honra que Deus nos deu.

3. O mensageiro do Reino deve ter conhecimento das doutrinas que encerra a mensagem de Deus. É preciso conhecer a Palavra de Deus. Contudo, ao propagar as verdades evangélicas, deve ter-se sempre em mente que Cristo deve ser o centro de toda pregação.

4. Quem se dispõe a trabalhar no Reino não deve jamais vacilar nem voltar atrás. Fidelidade é a exigência que se requer de todo obreiro.

Lista de estudos da série

A mensagem que transforma: A essência do Evangelho confiado à Igreja – Estudo Bíblico sobre a Mensagem do Reino