Laços inquebráveis: O guia prático para viver a unidade e a fraternidade cristã – Estudo Bíblico sobre o Reino da Fraternidade

Baseado em Romanos 12.10

A palavra "fraternidade" é oriunda do latim - "fraternitas", que, por sua vez é derivada da palavra "frater", que quer dizer "irmão". Portanto, a ideia que o termo nos sugere é a de uma irmandade, isto é, uma congregação, uma união, uma reunião de irmãos.

Neste estudo, abordaremos a doutrina que focaliza a ideia cristã concernente à igualdade entre todos os elementos pertencentes à raça humana e, em particular, a união que deve existir entre aqueles que, além dos laços naturais da espécie humana, possuem também a união mística e espiritual, por intermédio da comunhão com Jesus.

A Igreja é a grande fraternidade, tornando-se, portanto, a divulgadora e a testemunha do verdadeiro espírito da fraternidade.

1 - As origens da fraternidade

Já vimos a origem do termo, veremos agora a origem do fato. Que é o que nos dá o sentido da igualdade entre os semelhantes? Que é que nos torna unidos pela fraternidade cristã? Abrindo a Escritura Sagrada e colhendo alguns de seus textos, especialmente aqueles a que este estudo faz referência, teremos o ensino cristão a respeito desse assunto:

a) A fraternidade universal

De onde sabemos que somos uma só espécie, isto é, todos os homens estamos ligados por laços físicos que têm a mesma origem? Não precisamos consultar os cientistas, embora eles reconheçam que a espécie humana teve uma origem comum, o que, realmente, coincide com o relato bíblico da criação do homem.

Sabemos muito bem que, embora haja hoje diferenças bem acentuadas entre as raças humanas, no que concerne a certos aspectos físicos, tivemos todos a mesma origem edênica. Todos somos filhos do primeiro casal criado pelo poder de Deus. Nesse sentido todos os que pertencemos à espécie humana, independentemente da existência de várias raças, somos irmãos.

Além disso, há textos bíblicos que nos mostram que, do mesmo modo temos a Deus como Pai, porque foi ele que trouxe à existência o ser humano:

Malaquias 2.10
Não temos nós o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus...?

...justamente para ensinar a lealdade entre todos os seres humanos. A mesma argumentação é usada por Jó, em seu livro, 31.15.

Por esse motivo, o Cristianismo tem-se batido pela igualdade das raças, na consciência de que todas tiveram a mesma origem, sendo os seus elementos, por isso, membros da fraternidade humana.

b) A fraternidade cristã

Reconhecemos, além disso, que há um tipo especial de fraternidade, que se restringe à irmandade cristã. A respeito dela podemos esclarecer:

1) É diferente. Não são os irmãos ligados por caracteres físicos, mas por laços espirituais. No texto de I João 3.1-3, o Apóstolo mostra que nossa relação com Deus faz-nos semelhantes a ele e, portando, diferentes do homem natural. Paulo também argumenta no mesmo sentido quando escreve em I Coríntios 2.14.

2) É pela adoção. Os textos fundamentais mostram que nossa filiação com Deus é diferente daquela que nos faz meramente filhos da raça humana. Somos filhos adotados, através da mediação de Jesus, pelo qual alcançamos o privilégio de sermos considerados filhos espirituais de Deus: essa realidade está expressa com toda a clareza no texto de Romanos 8.15-17: "Mas recebestes o espírito de adoção... o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus".

3) É pelo novo nascimento. Espiritualmente, estávamos mortos em nossos delitos e pecados e havíamos perdido o direito da filiação com Deus. Pelo novo nascimento, mediante a graça de Cristo, recebemos o direito de sermos chamados filhos de Deus, João 1.12,13.

Nesse sentido, pois, os que pertencem espiritualmente à Igreja, sendo filhos adotados de Deus, formam uma fraternidade especial, que é a fraternidade cristã, a fraternidade do Reino de Deus.

2 - A realidade da fraternidade

Em ambos os sentidos apresentados acima, a fraternidade tem sido sempre uma aspiração humana. Contudo, não obstante todos os esforços, não conseguiram os homens torná-la realidade. Mas, façamos um retrospecto dessas aspirações:

a) Entre os antigos

Os filósofos foram os grandes sonhadores desses ideais. Confúcio procurou levar seu povo a reconhecer a necessidade do exercício de certas virtudes para a conservação do espírito fraternal no povo.

Fazia, contudo, algumas restrições que excetuavam os estrangeiros e outros grupos da consideração do povo. Platão teve a ideia de proclamar os ideais de uma República, que encarnavam muitas ideias de fraternidade, mas sua obra teve pouco sentido prático.

Os judeus foram o povo que mais avançaram nessas ideias, porque, além de leis especiais de amor fraternal, incluía na sua justiça e sob a proteção da lei até os estrangeiros. Mesmo assim, os judeus se tornaram um povo exclusivista, que despreza outras raças e outros grupos religiosos. Os antigos não conseguiram alcançar os ideais de fraternidade.

b) Entre os primeiros cristãos

É verdade que, devido às deficiências do caráter humano, não se pode esperar para as condições terrenas a perfeita fraternidade. Entretanto, podemos dizer que os primitivos cristãos formaram santa comunidade, a tal ponto desenvolvida, que ultrapassou em muito as ideias e a prática de seu tempo.

A fraternidade cristã descrita em Atos 2.42-47 e 4.32-35 é um espelho da mais avançada prática dos melhores e mais elevados princípios de fraternidade. Se o mundo e, em especial, a Igreja, seguisse esse exemplo, muitos dos problemas sociais da atualidade estariam resolvidos.

c) Na época moderna

Um dos fatos que mais preocupam a Igreja, na atualidade, é a cooperação entre os vários ramos da árvore cristã, como fruto da fraternidade. Fala-se muito em união entre as Igrejas, em ecumenismo, em comunhão, sinais evidentes do intenso desejo de tornar real a oração de Cristo: "Para que todos sejam um".

As Federações de Igrejas, as atividades gerais nas quais as várias denominações cooperam são prova da fraternidade que existe entre os cristãos. Almejamos o dia quando as diferenças secundárias não serão mais obstáculo à aspiração da união espiritual entre os cristãos.

d) Na vida porvir

São belíssimas e inspiradoras as descrições apocalípticas da condição da vida futura. No texto fundamental do cap. 21.1-8, vê-se que todos os ideais de união, de igualdade, de fraternidade e de felicidade serão realidade e se tornarão perfeitos. Para isso, contudo, é preciso que vivamos, já na vida presente, anelando essa existência fraternal.

3 - Condições propícias à fraternidade

a) Os empecilhos

A luta pela fraternidade tem sido constante. Contudo, as dificuldades encontradas têm sido embaraço tremendo à sua implantação. E entre os obstáculos destacamos:

1) Os preconceitos

Desde os tempos antigos, como nos tempos de Cristo e na atualidade a diferença racial, a diferença religiosa e a diferença de condições sociais. Jesus combateu o preconceito racial, como no caso dos samaritanos (usou o bom samaritano para ilustração do seu ensino, conversou com a mulher samaritana...).

Além disso, enfrentou muitas restrições sociais (conversava e comia com publicanos, procurava os pobres e não se dobrava perante as classes elevadas da época). Ainda hoje, os preconceitos são grande empecilho à união, não só entre os homens, mas até entre alguns ramos cristãos.

2) A indiferença

O descaso pela sorte alheia, o indiferentismo para com os que sofrem, a alienação das classes menos favorecidas são uma barreira à fraternidade.

Mesmo nas Igrejas encontramos essa frieza, que tem prejudicado o prestígio da comunidade evangélica. Jesus, magistralmente, pintou o quadro da indiferença pelo próximo na parábola do Bom Samaritano, quando mostrou "Passando de largo" aqueles que tenham o dever de se interessar pelo bem do próximo.

Não melhorou muito a situação na época atual, embora a Igreja tenha se esforçado por levar a todos o senso da responsabilidade pela vida e pela sorte do próximo. Esta razão tem-se tornado grande embaraço à fraternidade humana.

b) As virtudes

1) Serviço

Assim como Jesus veio para servir, nós fomos enviados para servir: "... eu vos dei o exemplo", disse ele, João 13.15. Se os homens, e especialmente os cristãos, se compenetrarem que estão no mundo para servir, então, a fraternidade tornar-se-á agradável realidade.

2) Comunhão

A Igreja não pode ser a divulgadora dos princípios da fraternidade, se não for praticante dos mesmos. Assim, a comunhão, a união, a compreensão entre os crentes é uma condição importantíssima para a compreensão entre os homens.

3) Amor

Aqui está o segredo, a chave que abre as portas da fraternidade. Esse é o ensino do Apóstolo João em suas cartas, das quais podemos destacar, em particular I João 2.1-17 e 3.1-24. Foi o ensino de Jesus, em João 13.33-35. Se houver amor fraternal, haverá fraternidade.

Conclusão

Fortalecendo a fraternidade cristã estaremos concorrendo para o estabelecimento da fraternidade universal. Para isso, damos aos leitores algumas sugestões práticas:

  • Seja membro ativo da Igreja, para que se torne realidade a fraternidade cristã.
  • Interesse-se pelos problemas da Igreja, concorrendo com sua parte para a sua solução.
  • Interesse-se pelos problemas de sua comunidade, sabendo que eles são, muitas vezes, os empecilhos à fraternidade.
  • Dê, na medida do possível, sua colaboração para a solução desses problemas.


Lista de estudos da série

1. Mais que uma instituição: Descubra o propósito divino da Igreja no Reino – Estudo Bíblico sobre a Igreja e o Reino de Deus

2. A mensagem que transforma: A essência do Evangelho confiado à Igreja – Estudo Bíblico sobre a Mensagem do Reino

3. O Reino em ação: Como a Igreja se torna a agência visível de Deus na Terra – Estudo Bíblico sobre a Manifestação do Reino

4. A força invencível: O amor como a identidade e a maior arma do Reino – Estudo Bíblico sobre o Reino de Amor

5. Retidão que exalta: O segredo para aplicar a justiça de Deus em um mundo injusto – Estudo Bíblico sobre o Reino de Justiça

6. A paz que o mundo não pode dar: Como cultivar e promover a verdadeira paz de Cristo – Estudo Bíblico sobre o Reino de Paz

7. Laços inquebráveis: O guia prático para viver a unidade e a fraternidade cristã – Estudo Bíblico sobre o Reino da Fraternidade

8. Liberdade inegociável: Por que conhecer a verdade em Cristo é o único caminho – Estudo Bíblico sobre o Reino da Verdade

9. Vencendo a batalha interior: O guia definitivo para andar no Espírito e não na carne – Estudo Bíblico sobre o Reino do Espírito

10. O maior chamado de todos: A revolução do serviço no Reino de Deus – Estudo Bíblico sobre o Reino de Serviço

11. Puros de coração: O segredo da bem-aventurança e do testemunho eficaz – Estudo Bíblico sobre o Reino de Pureza

12. A oração mais poderosa: Entendendo a promessa e a vinda definitiva do Reino – Estudo Bíblico sobre a Consumação do Reino

Semeando Vida

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