Baseado em Isaías 65.17-25
"Venha o teu reino." Esta petição que Jesus nos ensinou e tem sido repetida pela Igreja de dia em dia através de vinte séculos, está encravada, na oração dominical, entre duas outras que são: "Santificado seja o teu nome", e "seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu".
Essas duas preces patenteiam a natureza do reino de Deus em dois sentidos. A primeira - santificado seja o teu nome - indica a esfera de santidade em que o reino existe e se desenvolve.
O nome do Senhor é o centro, e há de ser santificado. A outra prece mostra que a vontade do Rei, isto é, de Deus, o Pai, há de ser nele acatada, amada e executada na terra tão perfeitamente como é feita no céu.
1 - O reino de Deus no Éden
Poderíamos começar nosso estudo pelo reino de Deus no céu, onde ele vive cercado e servido alegremente por suas criaturas angélicas confirmadas em santidade, e onde é por elas louvado e engrandecido.
O que mais nos interessa, todavia, é aquilo que concerne à humanidade. Criando Deus o homem, deu-lhe autoridade sobre as criaturas da terra. Tudo aqui obedeceria ao homem, e este, por sua vez, prestaria livre e voluntária obediência a Deus, e estabelecido ficaria o reino de Deus na terra, sem pecado, sem tristeza, sem dor nem gemido, sem morte nem separação.
Na prova a que foram submetidos nossos primeiros pais, o nome de Deus teria sido glorificado e santificado; e o homem, por sua vez, teria sido confirmado em santidade, como o foram os anjos fiéis.
Tal não aconteceu. Nossos pais não fizeram a vontade de Deus, não honraram o nome de Deus. Satanás venceu na tentação. O homem lhe entregou o cetro do mundo em troca de um prazer momentâneo; e, desde então, a humanidade toda ficou dominada pelo "príncipe deste mundo", título com que o próprio filho de Deus se referiu a Satanás.
2 - Formas promissivas do reino
Deus não abandonou o homem pecador, nem desistiu do reino. Ao mesmo tempo que depunha o homem de sua posição, predizia a vinda de um Libertador, descendente da mulher, que derrotaria o inimigo.
Séculos depois, arrastada a humanidade toda para o politeísmo com toda sorte de males que o acompanharam, ele escolheu e separou Abraão, prometendo que nele e em seu descendente seriam "abençoadas todas as famílias da terra".
a) A instituição dos juízes
Forma de governo muito simples, sem outra legislação além da mosaica, sem polícia, sem exército permanente, em que "cada um fazia o que achava mais reto" - foi ótimo ensejo para se prestar voluntária obediência a Deus, obedecendo ao juiz por ele suscitado.
b) A realeza de Israel
Deu, finalmente, à nação a esperança do reino de Deus, visto ser governo teocrático. Davi, por sua fidelidade e consagração, logrou receber de Deus a promessa de perpetuidade do seu trono (2 Samuel 7.8-16) e cantou as glórias desse nos salmos 72 e 89, glórias que esplenderam em parte e por algum tempo no reinado de Salomão (2 Crônicas 1 e 9).
O mero homem, porém, desde a queda, nunca foi capaz nesta vida, de fazer perfeitamente a vontade de Deus; e assim aquele reino veio a esboroar-se, e a noção privilegiada passou a servir aos pagãos, ao sobrevirem os tempos dos gentios.
c) No cumprimento dos tempos, nasceu da Virgem o Rei dos Judeus
Em Belém de Judá, conforme as profecias. É a esperançosa promessa do reino; mas, não somente Herodes se alarmou com a notícia, mas também "com ele toda Jerusalém."
Ainda assim, tanto o precursor, João Batista, como o próprio Jesus oferecem à nação o ensejo de arrependimento, caso haja a disposição de santificar o nome de Deus e de fazer sua vontade na terra, como é feita no céu.
Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.
Israel, porém, rejeitou e crucificou o seu Rei.
d) Antes, porém, declarou Jesus: "Edificarei a minha Igreja"
Esta, como expressão do "reino de Deus", em que só entram os nascidos de novo, nascidos de Deus - é chamada Igreja Invisível e realiza a obediência voluntária ao Pai, apesar dos impulsos da carne que ainda experimentam os convertidos.
Como expressão do "reino dos céus", em que há trigo e joio, em que se colhem peixes bons e maus - é chamada Igreja Visível ou cristandade.
e) Com a volta do Senhor, do Rei, vem o reino do Filho de Deus
Atos 15.16-18
Voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o de suas ruínas, restaurá-lo-ei. Para que os demais homens busquem o Senhor, e todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome.
Isaías o anuncia no texto fundamental de nossa lição, como um tempo de alegria para o povo e para o Senhor; um tempo de longevidade, em que será considerado jovem quem morrer aos cem anos; tempo de paz e felicidade, em que todos usufruirão plenamente os resultados de seus labores; tempo em que o Senhor estará mui perto de cada um, ouvindo instantaneamente suas súplicas; tempo em que a própria natureza voltará à fertilidade e mansidão edênicas.
Contudo, nesse reino milenário ainda haverá morte; e será permitido que Satanás faça mais uma tentativa contra Deus. Destruídas então as forças do mal para sempre pelo Filho de Deus, este entregará o reino ao Deus e Pai (I Coríntios 15.24-28).
3 - Realização definitiva do reino
O primeiro versículo do texto fundamental (Isaías 65.17) transmite a divina promessa de "novos céus e nova terra"; e o Novo Testamento adiciona algo de muito confortador a respeito dessa promessa.
Primeiramente é Pedro (2 Pedro 3.13) quem afirma:
Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.
Depois é João, no seu Apocalipse (21.1-4) quem declara: "Vi novo céu e nova terra", e passa a dizer o que serão eles.
1) Deus mesmo habitará com os homens; o seu tabernáculo ou morada será no meio deles, sendo eles o seu povo.
2) Ele mesmo lhes enxugará dos olhos toda lágrima, de modo que nunca mais chorarão.
3) A morte não existirá, pelo que não haverá mais luto, nem pranto, nem dor.
4) Em suma, as principais coisas terão passado.
Oremos, pois, com inteligência e fervor: "Venha o teu reino".
Lista de estudos da série
1. Mais que uma instituição: Descubra o propósito divino da Igreja no Reino – Estudo Bíblico sobre a Igreja e o Reino de Deus2. A mensagem que transforma: A essência do Evangelho confiado à Igreja – Estudo Bíblico sobre a Mensagem do Reino
3. O Reino em ação: Como a Igreja se torna a agência visível de Deus na Terra – Estudo Bíblico sobre a Manifestação do Reino
4. A força invencível: O amor como a identidade e a maior arma do Reino – Estudo Bíblico sobre o Reino de Amor
5. Retidão que exalta: O segredo para aplicar a justiça de Deus em um mundo injusto – Estudo Bíblico sobre o Reino de Justiça
6. A paz que o mundo não pode dar: Como cultivar e promover a verdadeira paz de Cristo – Estudo Bíblico sobre o Reino de Paz
7. Laços inquebráveis: O guia prático para viver a unidade e a fraternidade cristã – Estudo Bíblico sobre o Reino da Fraternidade
8. Liberdade inegociável: Por que conhecer a verdade em Cristo é o único caminho – Estudo Bíblico sobre o Reino da Verdade
9. Vencendo a batalha interior: O guia definitivo para andar no Espírito e não na carne – Estudo Bíblico sobre o Reino do Espírito
10. O maior chamado de todos: A revolução do serviço no Reino de Deus – Estudo Bíblico sobre o Reino de Serviço
11. Puros de coração: O segredo da bem-aventurança e do testemunho eficaz – Estudo Bíblico sobre o Reino de Pureza
12. A oração mais poderosa: Entendendo a promessa e a vinda definitiva do Reino – Estudo Bíblico sobre a Consumação do Reino