Baseado em João 13.1-15.
O Evangelho de João é o único que narra a história de haver Jesus lavado os pés dos seus discípulos. Enquanto os outros três Evangelhos mencionam outros preparativos, como a obtenção da sala que veio a se chamar cenáculo, bem como a celebração da ceia do Senhor após a páscoa, João, escrevendo anos depois, referiu este fato que os outros omitiram.
Durante a ceia pascoal, Jesus se levantou da mesa silenciosamente, tomou uma bacia e uma toalha e, tendo tirado a capa, cingiu-se com a toalha, deitou água na bacia e veio por detrás dos discípulos reclinados à mesa, a fim de lhes lavar os pés.
Jesus fez isto tão singelamente e sem ostentação alguma, que os discípulos, exceto Pedro, muito admirados, não se atreveram a dizer palavra alguma.
É claro que Jesus lhes queria ensinar coisas de alta importância com esse ato. Neste estudo, queremos aprender o que esse ato do Senhor significou para aqueles discípulos e o que significa hoje para nós porque nosso Senhor ligou ao episódio uma bem-aventurada condicional:
João 13.17
Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sereis, se as praticardes.
1 - Uma lição de humildade
Este aspecto do ensino sempre foi reconhecido pelo povo de Deus através dos séculos do cristianismo.
O fato de, sendo Jesus o Mestre e o Senhor, como ele mesmo lhes chamou a atenção, levantar-se da mesa e ir praticar um ato que competia ao discípulo e ao servo fazer a seu Mestre, encarece este aspecto da ação em apreço. Jesus não admite que em seu reino se cultive o orgulho, a soberba, a altivez. Nem há no reino de Deus serviço algum, por mais humilde que seja, que deva ser desprezado por qualquer dos mais eminentes servos.
Este aspecto da lição, como os demais, enquadra-se naquela declaração do Senhor: "Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sereis, se as praticardes".
2 - Uma lição de serviço
Este é o objetivo deste estudo: levar o aluno a entender que o serviço é uma das leis fundamentais do reino de Deus, e que a Igreja é a agência de serviço mais importante nas mãos de Deus.
Estimulá-lo a rejeitar todo o egoísmo e a revestir-se do espírito de serviço a Deus e aos homens, "pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos", versículo que constitui nosso texto áureo.
O crente não pode conservar-se indiferente diante das necessidades humanas, quando um pouco de seu serviço, de sua cooperação, de sua ajuda pode aliviar os sofrimentos alheios.
Declaramos que somos servos de Deus. Ora, Deus na sua glória lá no céu não precisa de nossos serviços, nem nós lhos podemos prestar. Esses serviços só podem ser prestados aos nossos irmãos e aos nossos semelhantes em geral, como representantes de Deus:
Quando o fizestes a um destes... a mim o fizestes.
Por isso precisamos de considerar o serviço social como oportunidade genuinamente cristã, servindo a nosso próximo como o nosso Senhor Jesus Cristo.
Seja de que natureza for a nossa vocação individual para o serviço da Igreja de Deus, devemos executá-la sempre no espírito de serviço, de sermos úteis, fazermos bem aos outros, em vez de buscarmos ser servidos e honrados.
Procuremos sempre descobrir oportunidades de servir aos irmãos a ao próximo, dentro e fora da Igreja, e encontraremos com certeza, tais ensejos em proporção à nossa prontidão.
1 João 4.20
Aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.
3 - Uma lição de purificação espiritual
Notemos:
a) O caráter simbólico do ato
Quando Simão Pedro procurou obstar a que Jesus lhe lavasse os pés, o Senhor o advertiu: "O que eu faço não o sabes agora, compreende-lo-ás depois", indicando que seu ato envolvia uma lição simbólica que lhe seria explicada mais tarde. Recusando ainda Pedro entregar-lhe o pé para ser lavado, acrescentou Jesus: "Se eu não lavar, não tens parte comigo", mostrando o alto valor simbólico de seu ato. Finalmente, terminado o ato, e tendo voltado à mesa, Jesus apontou claramente para o simbolismo de seu ato, ao perguntar a todos os discípulos: "Compreendeis o que vos fiz?"
b) Esse ato Jesus o praticou exatamente antes de instituir a ceia do Senhor, como preparação muito apropriada para ela
Lemos em I Coríntios 11.29 que o comungante pode comer juízo para si, e Jesus disse a Pedro que, se não lhe lavasse os pés, não teria ele parte com o Senhor. Por conseguinte, o lavar dos pés significou para os discípulos um dos meios de os preparar para a Santa Ceia, assim como os sacerdotes tinham de lavar os pés para poderem entrar no santuário.
c) O apóstolo João, que narrou este episódio, deu-nos também o ensinamento que ele encerra, no primeiro capítulo de sua Primeira Epístola
Aí, temos:
1) A afirmação de que Deus é luz e só podemos ter comunhão com ele se andarmos na luz.
2) Que se dissermos que não temos pecado algum, mentimos, e a verdade não está em nós - estamos nas trevas.
3) Que, se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e purificar-nos de toda injustiça. A confissão dos pecados corresponde à entrega do pé para ser lavado.
d) A lição na prática
"Deveis lavar os pés uns dos outros." "Eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também."
Se o lavar Jesus nossos pés significa perdoar os nossos pecados, então o lavarmos os pés uns dos outros também quer dizer perdoar as ofensas uns aos outros; e é isto mesmo que se recomenda na Santa Escritura:
Colossenses 3.12
Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outro. Assim como o Senhor perdoou, assim também perdoai vós.
Lista de estudos da série
1. Mais que uma instituição: Descubra o propósito divino da Igreja no Reino – Estudo Bíblico sobre a Igreja e o Reino de Deus2. A mensagem que transforma: A essência do Evangelho confiado à Igreja – Estudo Bíblico sobre a Mensagem do Reino
3. O Reino em ação: Como a Igreja se torna a agência visível de Deus na Terra – Estudo Bíblico sobre a Manifestação do Reino
4. A força invencível: O amor como a identidade e a maior arma do Reino – Estudo Bíblico sobre o Reino de Amor
5. Retidão que exalta: O segredo para aplicar a justiça de Deus em um mundo injusto – Estudo Bíblico sobre o Reino de Justiça
6. A paz que o mundo não pode dar: Como cultivar e promover a verdadeira paz de Cristo – Estudo Bíblico sobre o Reino de Paz
7. Laços inquebráveis: O guia prático para viver a unidade e a fraternidade cristã – Estudo Bíblico sobre o Reino da Fraternidade
8. Liberdade inegociável: Por que conhecer a verdade em Cristo é o único caminho – Estudo Bíblico sobre o Reino da Verdade
9. Vencendo a batalha interior: O guia definitivo para andar no Espírito e não na carne – Estudo Bíblico sobre o Reino do Espírito
10. O maior chamado de todos: A revolução do serviço no Reino de Deus – Estudo Bíblico sobre o Reino de Serviço
11. Puros de coração: O segredo da bem-aventurança e do testemunho eficaz – Estudo Bíblico sobre o Reino de Pureza
