Quem está no controle?: O governo soberano de Deus na História – Estudo Bíblico sobre o Trono Celestial

Apocalipse 4

Servir a Deus quando as circunstâncias da vida são favoráveis, impulsiona-nos a um sentimento de profundo contentamento ao percebermos o governo providencial de Deus suprindo nossas necessidades, ainda que as menores e mais insignificantes.

Todavia, como é difícil reconhecer que Deus está na História, governando e dirigindo, quando as circunstâncias nos são desfavoráveis! Na maior parte das vezes, um sentimento de insegurança, fragilidade e incredulidade se assenhora da vida das pessoas, fazendo-as imaginar que Deus perdeu as rédeas da História e o mundo está desgovernado.

Como é difícil aceitar e explicar que Deus está no comando, quando somos assaltados por tragédias e acidentes.

A despeito de qualquer sentimento, o nosso estudo enfatiza que Deus está no torno e que o trono de Deus é o centro do governo e de toda a História, e nada acontece sem o consentimento, sem o conhecimento de Deus.

Análise do texto

O capítulo 4 do Apocalipse começa com uma visão que João tem do céu: "Olhei, e eis uma porta aberta no céu". Quando João escreveu essa visão, a fé cristã enfrentava sérios momentos de dificuldades e oposições.

Os cristãos angustiados, ansiavam ver, de fato, o governo de Deus em meio a toda aquela tragédia. E a primeira visão que João tem do céu é a visão de um trono; não de qualquer trono, mas do trono de Deus.

O trono é o lugar do governo, é o símbolo do poder, onde se assenta aquele que dirige e governa. E do trono que procedem as decisões que abalam e que fazem a história humana acontecer. O trono de Deus é o centro do universo, é o centro da História de onde emanam e convergem todas as coisas, boas ou ruins, agradáveis ou intragáveis.

O termo "trono" aparece 230 vezes na Bíblia, 45 vezes no livro de Apocalipse, e só no capítulo 4, o termo "trono" aparece 12 vezes. E, quando olhamos para trono da visão de João, podemos aprender as seguintes lições:

1. O governo da história tem uma sede

João declara: "Eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono"(v. 2). Todas as demais silhuetas da visão só são compreendidas a partir desta consideração: "um trono armado no céu".

Para os cristãos dos dias de João - cristãos que estavam sob o governo tirano e despótico dos imperadores, vendo soldados comandados pelo trono de Roma - isso era algo importantíssimo.

Ou seja, João afirmava, assim, que o centro da História não estava em Roma, mas no céu; que a autoridade que conduz a História não era a do imperador, ou do governador, ou de qualquer político em si. A sede do governo de toda a História é o trono de Deus que está armado no céu.

Por outro lado, se o trono está armado no céu, é porque está tremendamente distante de toda influência e armação terrena, humana e pecaminosa.

Muitas vezes nos esquecemos disso. Quando somos apanhados pelo inusitado e nos deparamos com o inesperado das nossas vidas, somos tentados a questionar se, de fato, Deus está no governo de tudo. Ficamos a pensar se os esquemas humanos, se os conchavos políticos, se os interesses dos mega-empresários não estão com as rédeas do globo.

Com Noemi foi assim; ela partiu com sua família para Moabe e, inesperadamente, perdeu tudo; mas Deus estava ainda no governo das coisas (Rt 1.1-13). Anteriormente foi assim, também, com José no Egito, que chegou como escravo e tornou-se presidiário. Mas Deus governava a História e transformou toda a situação (Gn 50.20).

2. O trono tem um dono

A segunda declaração de João na visão do trono armado no céu é esta: "e no trono alguém está assentado"(v.2). O que João afirma é algo tremendo: o mundo não está desgovernado.

Ainda que o vejamos tão ruim e que tanta tragédia ocorra, tem alguém assentado no trono. As coisas não acontecem por acaso, destino ou coincidência: tem alguém que está no governo de tudo.

O Rev. Caio Fábio, no livro Avivamento Total, afirma sobre este alguém que está no trono: "João nem ousa dar nome a esse poder dos poderes. Diz, simplesmente, que Ele é alguém. Deus é alguém no trono. Porque é alguém, não é algo, não é impessoal".

Todavia, a afirmação de que há alguém assentado no trono do universo traz consigo a declaração do mistério de Deus. Não há palavras para se definir quem está no trono. João usa três expressões que resumem exatamente essa questão de que Deus no trono está para além de tudo que possamos teologizar, definir e codificar.

A História tem um governo, e ela caminha para cumprir o que este ser indefinível que a governa já determinou, como diz Paulo em I Coríntios 15.27,28.

3. As marcas do governo de Deus

Ao contemplar o centro do governo da História, o trono de Deus, João percebe que, perante esse trono estavam alguns outros seres e símbolos que marcavam radicalmente a visão. Entre as marcas do trono podemos ressaltar:

O arco-íris: símbolo da salvação - A primeira marca do trono é o arco-íris, que remonta aos dias de Noé (Gn 9.9-19), quando Deus faz aliança com o homem. Não era simplesmente uma aliança; era uma aliança de salvação perante o juízo divino que se manifestaria contra toda carne. O resultado dessa aliança de salvação é estampada nos céus em forma de arco.

A História pode se desenvolver por quantos anos for; porém, jamais deixará de ser administrada por um trono cuja preocupação é a salvação: não apenas do homem, mas também da natureza que será redimida (Rm 8.18-22; Ap 21.1-8).

Relâmpagos, vozes e trovões: símbolo de juízo - A segunda marca do trono está ligada ao juízo divino. João ficou tão impressionado com esta visão que repetiu, no capítulo 8.5, a mesma expressão.

É interessante ressaltar que os trovões, relâmpagos, vozes e terremotos aparecem, em relação ao altar, no mesmo contexto onde se fala que as orações dos santos foram misturadas com o incenso e atiradas à terra.

Ao mesmo tempo em que o trono é marcado por salvação, o é também pelo juízo devastador de Deus na História. Ou seja, os atos ofensivos não ficarão esquecidos; pelo contrário, serão alvos do juízo de Deus.

Mar de vidro: símbolo da transcendência de Deus - João afirma: "Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal... "(4.6). O mar de cristal diante do trono impossibilita chegar-se perto de Deus. "Isto simboliza a transcendência", afirma Ray Summers.

O mar separava João de suas igrejas. O mar de cristal separava o Deus transcendente e transparente do povo. Como diz o Rev. Caio Fábio: "Se a base do trono de Deus é transparente e reluzente como o cristal, o mesmo não podemos dizer do trono brasileiro que parece ter sua base na lama". Isso porque as estruturas de poder do nosso país têm sido maculadas pela corrupção de governos e decisões.

Os quatro seres viventes: símbolo da soberania de Deus - Em Apocalipse 4.6-8, diz-se que estes seres estão no meio e ao redor do trono. São cheios de olhos por todos os lados e tinham diferentes feições.

"A palavra, aqui, representa os atributos de Deus, frisando sua eterna vigilância a favor de seu povo. Por esta teoria, o leão representa a força; o novilho, o sacrifício; o homem, a inteligência; e a águia, a ligeireza. Juntos, simbolizam a eterna vigilância de Deus; ele não esqueceu o seu povo e é ligeiro e forte para livrá-lo, ainda que por meio de sacrifício".

Os vinte e quatro anciãos: símbolo do povo de Deus redimido - Essa visão (4.9-11) apresenta seres que estão assentados em tronos, vestidos de branco, e em cujas cabeças estão, também, coroas. Essa é a caracterização de um povo redimido, transformado, e feito herdeiro com Cristo.

Os vinte e quatro anciãos simbolizam, na numerologia apocalíptica, as 12 tribos de Israel + os 12 apóstolos de Jesus, ou seja, é a representação do povo de Deus nas duas alianças. É a somatória de um povo que vem sendo alcançado pela salvação de Deus em todos os tempos e lugares.

Todavia, esses anciãos depositam suas coroas perante o trono e entoam um canto de louvor. Eis a mensagem de um povo redimido, que se curva perante a vontade e o senhorio do Senhor, e celebra sua majestade com um canto de louvor e adoração. A comunidade dos salvos é herdeira com Cristo para adorar e servir ao Senhor de toda a História.

Autor: Rev. Carlos de Oliveira Orlandi Jr.


Lista de estudos da série

1. Não tenha medo: Como ler o livro da Revelação corretamente – Estudo Bíblico sobre a Introdução ao Apocalipse

2. Mais que um profeta: A visão de Jesus que fortalece a esperança – Estudo Bíblico sobre Cristo em Apocalipse

3. Uma mensagem para hoje: O que Cristo diz à sua igreja – Estudo Bíblico sobre as Cartas às Sete Igrejas

4. Quem está no controle?: O governo soberano de Deus na História – Estudo Bíblico sobre o Trono Celestial

5. O mistério revelado: Por que só Jesus pode abrir o livro da História – Estudo Bíblico sobre o Livro e o Cordeiro

6. O mundo em crise: Entenda o significado dos cavaleiros do Apocalipse – Estudo Bíblico sobre os Sete Selos

7. O alerta divino: O que o som das trombetas anuncia ao mundo – Estudo Bíblico sobre as Sete Trombetas

8. Nossa maior tarefa: O papel da igreja em tempos de crise – Estudo Bíblico sobre a Missão do Povo de Deus

9. A guerra invisível: Entenda a vitória de Cristo sobre Satanás – Estudo Bíblico sobre a Mulher e o Dragão

10. Impérios vs. o Cordeiro: Identifique as forças que se opõem a Deus – Estudo Bíblico sobre as Duas Bestas

11. A ira do Cordeiro: A justiça final de Deus sobre a rebeldia – Estudo Bíblico sobre os Sete Flagelos

12. A queda inevitável: O fim de todo sistema que se opõe a Deus – Estudo Bíblico sobre a Queda da Babilônia

13. 1000 anos de paz?: O que a Bíblia realmente diz sobre o reinado de Cristo – Estudo Bíblico sobre o Milênio

14. O fim é apenas o começo: Descubra a promessa da vida eterna – Estudo Bíblico sobre Novo Céu e Nova Terra

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