Mensageiros da glória: Por que os anjos foram essenciais para a história do Natal – Sermão de Natal sobre o anúncio angelical

Texto básico: Lucas 2.8-20

Introdução

A história do Natal é anualmente recontada em nossas igrejas. Ficamos sempre admirados com a sublimidade dos acontecimentos e com a graça contida nos propósitos de Deus ao enviar o seu Filho ao mundo.

Neste estudo, queremos observar a participação dos anjos nesse acontecimento singular. Fazendo isso, traremos à nossa memória os gloriosos fatos que acompanharam o nascimento de nosso Senhor e poderemos meditar na nossa responsabilidade como mensageiros de Cristo.

1. Os mais gloriosos mensageiros

O maior acontecimento de todos os tempos mereceu a mais espetacular divulgação. Ninguém melhor do que os anjos, uma multidão deles, para anunciar e confirmar a vinda do Filho de Deus ao mundo.

Podemos ver claramente que não só o nascimento de Jesus foi maravilhoso, mas também todo o seu contexto se revestiu de especial glória. A visão de anjos não é algo muito frequente nas Escrituras Sagradas. Além dos patriarcas, poucas pessoas e alguns profetas registram tal visão.

Temos que considerar também que Deus estivera em silêncio havia cerca de 400 anos, nos quais nenhuma mensagem, nem mesmo profeta apareceu em Israel.

O texto bíblico é claro em identificar os anjos como servos de Deus, constantemente ao seu serviço e que executam continuamente o seu querer. Hebreus 1.14 os descreve como "espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação". Diversas vezes os anjos foram mandados por Deus para revelar sua vontade aos homens. Mas nunca a mensagem foi tão especial.

Certamente, contemplar anjos é a mais espetacular visão que alguém poderia ter. São seres poderosos e perfeitos que convivem diretamente com Deus e sua majestade. Por isso, irradiam uma glória que não lhes pertence, mas que é derivada do estar diante do trono de Deus. 

Se o rosto de Moisés brilhava após passar quarenta dias com Deus no monte Sinai (Êx 34.29), imagine quanta glória há na face de alguém que está diante de Deus desde o princípio da criação.

Lendo suas declarações podemos perceber a glória contida na mensagem enviada por Deus e entender porque os anjos foram escolhidos.

2. O que os anjos vieram anunciar?

A. Maria... achas-te graça diante de Deus (Lc 1.28-33)

Deus concedeu sua graça a uma moça simples chamada Maria. Ela foi escolhida para, através do Espírito Santo, conceber o Filho do Altíssimo, o rei eterno sobre o trono de Davi. Seu filho seria o maior de todos os homens, porque era a encarnação do Verbo Divino.

Geralmente, é muito grato a uma mulher saber que vai ser mãe. Agora, saber que vai ser mãe do Filho de Deus é a mais extraordinária notícia que uma mulher já recebeu. Daí um anjo ser responsável por anunciá-la. 

Uma tremenda bênção foi concedida a Maria, ela era muito favorecida e o Senhor a acompanhava, por isso ela deveria alegrar-se. O anjo Gabriel foi enviado para dar a conhecer, em primeira mão, esse maravilhoso propósito de Deus para a vida de Maria.

B. Para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas (Lc 1.35-37)

Gabriel também precisava explicar como seria possível a Maria ser mãe uma vez que era virgem e a data de seu casamento ainda não chegara. Não era algo fácil de explicar. Aquela gravidez geraria também muita confusão e desconfiança. Algumas coisas são inacessíveis à mente humana e impossíveis aos nossos olhos.

Somente a fé pode acreditar que não há impossíveis para Deus em suas promessas. Somente os lábios de um anjo poderiam anunciar que aquela gravidez seria fruto da descida do Espírito Santo e da envoltura do poder do Altíssimo. Quem mais poderia conhecer tão insondável poder?

C. José, não temas receber Maria, tua mulher (Mt 1.20,21)

Era também necessário remover o temor e a desconfiança no coração de José. Ele era um homem bom e não queria prejudicar Maria, mas aquela gravidez parecia por fim ao seu casamento. Nenhum discurso humano poderia explicar a José o que estava acontecendo.

Podemos imaginar que Maria contou para José o que lhe havia acontecido. Mas era muito difícil aceitar e acreditar em tudo aquilo. Novamente a intervenção angelical é requerida. Deus envia um anjo para, em sonho, confirmar os acontecimentos e orientar José a receber, sem qualquer receio, sua esposa.

Mediante as palavras e ordens do anjo, José tornou-se corretamente preparado para receber sua esposa e ser o pai terrestre daquele menino que era filho de Deus.

D. Trago boa-nova de grande alegria (Lc 2.10-12)

Não houve nenhuma glória humana no nascimento de Jesus. Sem lugar para hospedar-se nas estalagens, Maria teve seu filho numa estrebaria, um abrigo para animais, e o primeiro berço de Jesus foi uma manjedoura cheia de palhas.

Entretanto, aquele momento era a plenitude do tempo (G1 4.4) e espetacular glória espiritual havia ali. Os homens não podiam ver essa glória. Mas os anjos podiam vê-la claramente. Para que os homens soubessem o que realmente estava acontecendo, um anjo foi anunciar o ocorrido a alguns pastores que estavam próximos a Belém e ensiná-los como encontrar o recém-nascido Salvador.

Lc 2.10-12
... eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo; é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura.

O Salvador nasceu e a promessa de redenção começara a se cumprir. O Senhor veio ao mundo e todo o povo ao ouvir isso pode alegrar-se. Aquela não era uma notícia comum, era o evangelho (boa-nova). A presença do anjo fez a glória do Senhor brilhar ali e mostrou como era glorioso aquele simplório quadro da estrebaria.

E. Glória a Deus nas maiores alturas (Lc 2.13-14)

A multidão que estava em Belém estava totalmente alheia ao acontecido. Mas o céu retumbava em festa. Os anjos não se continham em louvores. Então algo nunca visto aconteceu: Uma multidão de anjos apareceu louvando a Deus: "Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem". (Lc 2.14)

Nos céus, a glória de Deus era efusivamente proclamada. Nenhum outro propósito tinha lugar ali. Somente os anjos puderam testemunhar tão grande celebração de louvor, e nós pudemos saber dela através das palavras daquela multidão de anjos.

Por outro lado, os anjos também declaravam os efeitos da chegada do salvador ao mundo. Aquele menino e a sua morte na cruz mostrariam o amor de Deus para com os homens (Jo 3.16; Rm 5.8) e promoveriam a reconciliação, impossível de outro modo. Haveria paz entre os homens porque agora se restabeleceria a paz entre Deus e os homens.

Veja como Paulo descreveu essa mudança na condição dos homens entre si e com Deus:

Ef 2.12-14
... estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus, vós que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos [judeus e gentios] fez um; e, tendo derribado a parede de separação que estava no meio, a inimizade...

Jesus ainda era um recém-nascido, mas, na eternidade, os efeitos da sua vida e obra já podiam ser contemplados e anunciados pelos anjos.

3. Os mensageiros de hoje

Um belo e extraordinário quadro foi visto nos dias de Jesus. Os anjos nos fizeram ver o brilho glorioso por trás do nascimento de Cristo. Entretanto, o propósito de Deus não é que os anjos anunciem o evangelho hoje.

Deus quer que homens, membros da igreja de Cristo, sejam os arautos da salvação no mundo e nas regiões celestiais. Paulo escreveu aos efésios:

Ef 3.8-10
A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e manifestar qual seja a dispensação do mistério... para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais...

Jesus nos deu a incumbência de pregar o evangelho a toda criatura. Agora somos seus embaixadores e cumpre-nos exortar o mundo a reconciliar-se com Deus (2Co 5.18-20). Precisamos falar a todo tempo sobre Jesus e a preciosa salvação que ele nos concedeu. Não há tarefa mais sublime do que revelar os propósitos de Deus aos homens.

A partir de agora somos nós, os responsáveis por transmitir a mensagem de Jesus. Cumpriremos nossa missão com a mesma fidelidade, alegria e presteza que pudemos observar nos anjos?

Conclusão

Vemos muito claramente a intensa e preciosa participação dos anjos nos eventos que marcaram o advento de nosso senhor Jesus Cristo. Sua presença nos convida a crer na extraordinária mensagem que traziam da parte de Deus. 

O livro de Hebreus afirma que a palavra falada por meio de anjos se tornou firme e toda a transgressão ou desobediência recebeu justo castigo (Hb 2.2). Não crer no Salvador nos trará terríveis consequências.

Somos também desafiados a tomar o lugar dos anjos na gloriosa tarefa de anunciar Jesus Cristo ao mundo. Não podemos falhar, nem agir relaxadamente. A glória de Cristo deve ser proclamada a todas as nações e nós, servos de Cristo, temos essa responsabilidade.

Aplicação

Você tem sido testemunha e proclamador de Cristo neste mundo? Comece por sua família. Fale a seus parentes sobre Jesus e os incentive a segui-lo e obedecê-lo.

Autor: Dário de Araújo Cardoso


Lista de estudos da série

1. A busca divina: Como a história do primeiro Adão explica a vinda de Jesus no Natal – Sermão de Natal sobre Gênesis 3

2. A profecia esquecida: O que Deuteronômio revela sobre a primazia de Cristo no Natal – Sermão de Natal sobre o Profeta prometido

3. O guerreiro inesperado: Por que Deus veio ao Natal pronto para a batalha – Sermão de Natal sobre a vinda do Redentor

4. A canção que inverteu o mundo: O que o louvor de Maria ensina sobre o poder do Natal – Sermão de Natal sobre o Magnificat

5. O cântico do sacerdote: Como o silêncio quebrado revelou a salvação no Natal – Sermão de Natal sobre a profecia de Zacarias

6. Além da manjedoura: 4 Lições de fé da mulher que disse 'sim' a Deus no Natal – Sermão de Natal sobre o exemplo de Maria

7. O herói silencioso do Natal: As virtudes do pai que Deus escolheu para Jesus – Sermão de Natal sobre o caráter de José

8. Mensageiros da glória: Por que os anjos foram essenciais para a história do Natal – Sermão de Natal sobre o anúncio angelical

9. A cidade inesperada: Os 4 significados ocultos de Belém para a história do Natal – Sermão de Natal sobre o berço de Jesus

10. Os primeiros a saber: O segredo revelado aos homens mais improváveis no Natal – Sermão de Natal sobre os pastores de Belém

11. A jornada da adoração: O que a busca dos magos ensina sobre encontrar Jesus no Natal – Sermão de Natal sobre os sábios do Oriente

12. A espera recompensada: Como a profecia de Simeão revela a missão de Jesus no Natal – Sermão de Natal sobre o Nunc Dimittis

13. Mais que um nome: Os 4 títulos de Jesus no Natal que definem sua identidade e poder – Sermão de Natal sobre os nomes de Cristo

14. A mente da humildade: O desafio do Natal para viver e pensar como Jesus – Sermão de Natal sobre a mente de Cristo

Semeando Vida

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