Texto básico: Lucas 1.46-55
Introdução
Uma das características da igreja evangélica no Brasil é o forte combate à idolatria, principal faceta do catolicismo romano em nossa pátria. Tal combate é devido e correto. Precisamos pregar com todas as forças que não há outro intercessor ou mediador além de Jesus Cristo.
Entretanto, essa pregação, e as respostas que se levantam contra ela, têm, em certos momentos, nos levado a desprezar e, até mesmo, atacar uma das mais caras personagens da história bíblica: Maria, a mãe de nosso Senhor Jesus Cristo.
Neste estudo, procuramos reconhecer o lugar devido à essa preciosa serva do Senhor, e assim, ressaltar as lições que podemos aprender com Maria.
1. Maria, uma serva obediente (Lc 1.26-38)
A primeira referência a respeito de Maria nos relata sua gravidez sobrenatural (Mt 1.8). Além de inusitada, aquela era uma situação extremamente constrangedora. Sem ter tido relações sexuais, Maria não podia estar grávida. Se estava grávida, aos olhos humanos, havia transgredido a lei e a moral e havia traído seu futuro marido.
Quando Maria ouviu o anjo Gabriel anunciar sua gravidez, foi esse seu primeiro questionamento. "Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?" (v.34). Seu primeiro filho seria obra do poder de Deus, para quem não há impossíveis. Seria chamado Filho de Deus.
Naquelas circunstâncias, Maria poderia perder seu marido e até mesmo sua vida. Quem acreditaria numa história como esta? José, quando soube, como vimos no último estudo bíblico, pensou em deixá-la. Mas Maria mostrou seu valor e confiança nos propósitos de Deus. Suas palavras não foram de medo ou preocupação, embora estes certamente estivessem presentes.
"Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra" (v.38). Que precioso exemplo!
Diante das incertezas, perigos e riscos que a vontade do Senhor possa nos trazer, devemos, como Maria, crer na Palavra de Deus e colocarmo-nos obedientemente a serviço do Senhor e da sua glória. Se ele quiser nos usar e nos consumir em seu serviço, devemos ser instrumentos obedientes e prontos para o trabalho.
Vemos isto em Paulo e Barnabé, que passaram por Lista, Icônio e Antioquia da Pisídia "fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus" (At 14.22).
Aos coríntios Paulo testemunhou: "Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele" (ICo 9.23).
Podemos verificar como foram verdadeiras essas palavras na vida de Paulo. Por amor ao evangelho ele passou as mais terríveis e penosas provações, completando no seu corpo os sofrimentos de Cristo. Mas ele nunca desistiu e, no final da sua vida, pôde afirmar que combateu o bom combate (2Tm 4.7).
2. Maria, uma mulher grata (Lc 1.42-55)
Mas não pense que Maria recebeu esse ministério como um peso, um grande sacrifício que ela deveria fazer para o Senhor. De modo nenhum. Seu espírito estava profundamente alegre e o louvor a Deus brotava de sua boca.
Maria sabia dos eternos efeitos redentivos que aquela gravidez iniciava. O braço do Senhor vinha para dispersar os soberbos e derribar os poderosos, para exaltar os humildes, encher de bens os famintos e amparar a Israel. Ela vislumbrava as promessas de Deus sendo cumpridas, por isso, sua reação de alegria e louvor.
Mais ainda, Maria sabia do privilégio que tinha de participar dos planos do Senhor. Era uma mulher simples e humilde que se casaria com um carpinteiro. Mas, agora, todas as gerações a considerariam bem-aventurada. Ela seria a mãe do Messias. Que grande bênção Deus lhe concedera: "... o Poderoso me fez grandes coisas" (v. 49).
Tenho visto alguns cristãos cheios de tristeza e amargura. Certamente eles passam por lutas que justificariam tal estado. Mas a vida ao lado de Cristo é uma vida cheia de propósito. Ela caminha em direção à glória eterna e, assim, nenhum desgosto ou tristeza nesse mundo pode retirar o brilho da glória que nos espera (Rm 8.18).
Tiago nos ensina: "Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança" (Tg 1.2,3).
Uma espada traspassaria a alma de Maria (Lc 2.35), mas sua alma estava cheia de louvor e de alegria. Alegre-se também irmão. Seu nome está escrito no Livro da Vida (Lc 10.20) e tudo o que acontece com você faz parte do plano eterno de Deus. Ao invés de reclamar e murmurar, erga louvores a Deus em gratidão profunda e sincera.
3. Maria, uma seguidora fiel
Os evangelhos nos mostram amplamente a fidelidade de Maria a seu filho. Desde o seu nascimento, Maria guardava e meditava em seu coração tudo o que Jesus falava ou que se falava a respeito de Jesus (Lc 2.19, 50-51).
Maria tinha seus ouvidos abertos para o que Jesus tinha a dizer. Muito diferente da orientadora que a igreja romana quer fazer de Maria, encontramos nos evangelhos uma mulher que quer aprender com seu divino filho.
Além disso, Maria estava presente entre os discípulos quando Jesus realizou seu primeiro milagre em Caná da Galiléia (Jo 2.1-5).
Quando seus discípulos o abandonaram, Maria estava ao lado de João aos pés da cruz. Tão perto que puderam ouvir as orientações de Jesus quanto ao seu futuro. Orientações estas que prontamente foram obedecidas (Jo 19.25-27).
Percebemos o grande desejo desta mulher de estar com Jesus. Note que é muito mais do que poderia provocar o amor de uma mulher por seu filho. Maria é discípula, é seguidora, quer aprender com Jesus e obedecê-lo. Não lhe bastava conhecê-lo ou saber onde ele estava. Maria queria ver e estar com Jesus.
Tal atitude também precisa ser vista em nós. Há muitos que se contentam em ter entregue sua vida a Jesus, no passado, e vivem atualmente sem preocupar-se com a vida cristã. Não são assíduos aos cultos, não leem regularmente a Palavra, suas orações são rápidas e dispersas.
Não conversam sobre a Palavra com crentes mais maduros e não estão muito preocupados em crescer espiritualmente.
Conhecem a Jesus, mas não se esforçam para andar com ele. São como aquele solo cheio de espinhos ou pedras que quando aparecem os cuidados deste mundo ou as perseguições preferem afastar-se e não ser um "cristão fanático" (Mt 13.20-22).
Maria nos ensina que não podemos seguir a Jesus de longe. Devemos amar sua companhia e suas palavras. Devemos estar desejosos pelo que fará ou falará, hoje, no meio do seu povo.
4. Maria, uma mãe evangelista
O evangelho de João afirma claramente que os irmãos de Jesus não criam nele (Jo 7.3-5). Somente Maria demonstrava fé em Jesus e procurava levar seus demais filhos a estar com Jesus e crer (Lc 8.19,20). Como o seu coração se entristecia ao presenciar as bravatas, chacotas e desconfianças de seus filhos para com o ministério de Jesus!
Mas quando lemos o livro de Atos, após a ascensão de Jesus, encontramos Maria, cercada por seus filhos, compondo o grupo que perseverava unânime em oração (At 1.14).
Maria pôde ver seus filhos aos pés de Jesus. Viu Tiago desenvolver seus dons a ponto de se tornar líder da igreja de Jerusalém (G1 1.19; At 12.17) e, assim como Judas, escrever uma abençoada carta incentivando e orientando os cristãos (Tg 1.1; Jd 1).
Da mesma forma, devemos conduzir nossos filhos aos pés de Jesus. Precisamos ensinar a eles a palavra e orar com eles e por eles para que creiam e sirvam ao Senhor Jesus.
Antes de desejar qualquer profissão ou futuro para os nossos filhos, precisamos desejar e lutar para que eles sejam crentes em Cristo e dediquem a sua vida a agradar e servir a Deus.
Conclusão
A adoração de Maria é algo totalmente contrário ao ensino bíblico. Mas, antes de combater a Mariolatria, devemos aprender a servir ao Senhor como fez essa bem-aventurada mulher. Sua obediência, gratidão e louvor, fidelidade e testemunho nos animam a viver cada vez mais para o agrado do Senhor.
Nossos dias precisam de crentes como Maria. Então se verá uma igreja comprometida com o serviço de nosso Deus.
Aplicação
Podemos dizer que nossa vida é dedicada a servir ao Senhor e que o fazemos alegre e constantemente?
Autor: Dário de Araújo Cardoso