Texto básico: Lucas 2.25-35
Introdução
Viemos tratando do Natal como uma época de louvor nos últimos domingos. A partir de agora, estudaremos um pouco acerca de mais um cântico proferido em decorrência do primeiro Natal: o cântico de Simeão (o 'Nunc Demittis').
Podemos aprender um pouco acerca do Natal com este personagem que só é mencionado neste texto. Ele dá um testemunho tão rico sobre o menino Jesus que chega a causar espanto nos pais (v. 33).
1. A pessoa (v. 25-27)
O cântico de Simeão, que é o nosso foco, ganha mais vida à medida que entendemos quem era Simeão. Embora não tenhamos qualquer outra informação acerca deste personagem além desta passagem, Lucas dá descrições vividas acerca de sua pessoa e da atuação de Deus em sua vida.
Este homem que morava em Jerusalém é chamado de "justo e piedoso" (v. 25). Justo diz respeito ao seu comportamento exemplar no relacionamento com os homens, e piedoso significa cheio de cuidados quanto ao seu relacionamento com Deus. As duas virtudes sempre devem andar juntas.
Simeão era um homem cheio do Espírito (os versos 25 a 27 mencionam três vezes a atuação do Espírito Santo nele). O Espírito Santo estava sobre ele não só como um espírito de santidade, mas também como um espírito de profecia.
Simeão "esperava a consolação de Israel". Seu anseio era justo; ele tinha a expectativa correta em relação ao Natal. Nossa expectativa de Natal deve ser que Cristo em nós é a consolação que Deus traz ao seu povo.
2. O cântico (v. 28-33)
Esse homem proferiu um cântico de louvor que é sem igual. Seu louvor foi repleto de satisfação, como de alguém que cumpriu sua missão na terra e está pronto para deixar este mundo.
O que faz alguém sentir-se tão pronto para deixar este mundo? Simeão viu o menino Jesus e creu que aquele menino era o Messias que aguardava. Não é diferente conosco. Só nos sentimos prontos para deixar este mundo quando temos uma visão de Cristo pela fé como sendo...
A. A salvação
Simeão já era homem maduro e tinha um bebê em seus braços. Isto é, toda a sua experiência de fé poderia fazer-nos pensar que a criança seria tratada com certa insignificância. Mas Simeão não teve empecilhos para crer que aquele menino era o seu Salvador (Maria também teve esse reconhecimento antes do menino nascer - Lc 1.47).
Antes do que símbolo de paz, alegria e presentes, Natal é símbolo de salvação. Natal não é apenas tradição.
De que adianta ser um estudioso da Bíblia quando não se vê a Jesus como Salvador? De que adianta crer na existência de Deus se não há reconhecimento da necessidade do sacrifício de Cristo?
Sabem porque muitos não veem no menino Jesus a sua salvação? Porque salvação envolve arrependimento de pecados, e há muitos que não querem deixar seus pecados. Não vemos essa atitude em Simeão.
B. Vinda de Deus
A frase "tua salvação, a qual preparaste" mostra que a salvação é uma provisão vinda de Deus. Isto também representa que Jesus não é um "sábio guru"; ele veio de Deus, é o Filho de Deus.
Uma das marcas do ministério de Jesus são as rejeições que sofria por onde passava (Is 53.3). Ao ouvirem que Jesus era o Messias, o Filho de Deus, alguns gritavam "Blasfêmia!" (João 10.22-33; Marcos 14.61-64).
Ainda hoje, Jesus é rejeitado em todos os cantos deste mundo. Muitos o vêem como um bom homem, mas não conseguem enxergar em sua pessoa o Filho de Deus; a solução vinda de Deus para o problema da humanidade. Aqueles que o rejeitam não louvam a Deus no Natal.
C. Para todo o tipo de gente
Do verso 31b ao 32, Simeão louva a Deus não somente porque Jesus é a salvação vinda de Deus, mas também porque esta salvação é para todos os povos, quer sejam judeus ou gentios. Podemos concluir duas coisas a partir desse conceito: Deus não faz acepção de pessoas, e todos necessitam da sua salvação.
Há pessoas que procuram a igreja para que ensinem "um bom caminho" para seus filhos, mas elas mesmas não querem compromisso com Deus. Outros não procuram a igreja porque pensam que religião é gente carente de afeição, desajustada na vida, sem equilíbrio. Estes não veem no menino Jesus a salvação vinda de Deus para todo o tipo de gente, inclusive eles próprios.
Quem pela fé tomou a salvação de Deus em seus braços enfrenta a morte sem qualquer medo, mas com paz no coração (paz com Deus e com a sua consciência).
3. Causando divisão em Israel (v. 34-35)
Até agora estivemos vendo como o Natal é uma época de louvor, mas os versos 34 e 35 fazem um contraste com tudo o que estudamos até o momento, mostrando que o Natal também é uma época de divisão.
O texto diz que Jesus seria "alvo de contradição" pois estava "destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos"; essa divisão "em Israel" seria como uma espada traspassando a alma de Maria. A Bíblia confirma essa divisão dizendo que o mesmo Jesus foi pedra fundamental para alguns e pedra de tropeço para outros (IPe 2.6-8; At 4.11; Ef 2.20).
Parece estar cada vez mais evidente a separação entre o grupo que no Natal adora o Salvador Jesus e o grupo que participa de uma festa sem sentido com enfeites e Papai Noel. Realmente, o Natal manifesta "os pensamentos de muitos corações". Em que grupo você está?
Se você está no grupo que vê a Jesus como sendo a salvação de Deus para você, então a noite de Natal será "Noite de paz, Noite de amor". Se você acha que o Natal não passa de uma tradição, então a noite de Natal será uma noite de inquietação, noite de desprezo.
Conclusão
Se estas verdades atingiram a sua mente, emoções e desejo, então arrependa-se dos pecados cometidos e creia em Jesus Cristo como Salvador da sua vida. Só assim você terá paz para deixar este mundo a qualquer momento. Se você já um cristão empenhe-se por celebrar o Natal cheio de gratidão e louvando a Deus da melhor maneira possível - em espírito e em verdade.
Aplicação
Você se sente pronto para deixar este mundo? Você só terá a mesma sensação que Simeão se o Natal já tiver acontecido em você; se Cristo já tiver nascido em seu coração.
Por que é necessário louvar ao senhor, e qual a base bíblica para isto?
A palavra "necessário" parece não ser adequada. É nossa obrigação ética, como criaturas de um Deus vivo, oferecer a ele louvor e adoração por aquilo que ele é. Eu diria que a justiça, mais do que qualquer outra coisa, exige nosso culto e adoração a Deus. Se voltarmos à definição da palavra que foi utilizada durante todo o mundo clássico e que foi bem definida pelo filósofo grego Aristóteles, justiça é dar a alguém aquilo que lhe é devido.
Quando lemos as Escrituras, vemos indiretamente o julgamento de Deus sobre a raça humana. Em Romanos 1, Paulo tentou mostrar que todo o mundo é trazido diante do tribunal de Deus e é julgado culpado diante dele. Cristo vem a um mundo de pessoas decaídas e expostas ao julgamento de Deus pela razão básica de que Deus se revelou a todo ser humano neste mundo, mas embora saibamos que há um Deus, nós nos recusamos a honrá-lo como Deus. Esta é a causa número um do julgamento de Deus sobre nós. Por nossa natureza decaída nos recusamos a dar a honra que é devida a Deus nosso Criador.
Por que a honra é devida a Deus? Deus é intrinsecamente honorável. Ele merece nosso louvor e merece nossa adoração. Se Deus é louvável, então é nossa obrigação louvá-lo. Esta é uma dedução do caráter de Deus e do caráter de criaturas que devem ao seu Criador o crédito e a gratidão por todos os benefícios que recebem neste mundo. Subentende-se que devemos a ele louvor e gratidão. Além destes tipos de referências indiretas, há a ordem direta das Escrituras para trazermos ofertas de louvor diante de Deus. Creio que é o Salmo 150 que diz: Todo ser que respira louve ao SENHOR.
Repetidamente, tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos nos dizem que Deus é espírito e que devemos adorá-lo em espírito e em verdade. Adorar a Deus verdadeiramente é oferecer adoração e louvor. Paulo fala em nos oferecermos em sacrifício vivo, que é o nosso culto racional. E a coisa justa a fazer, é a coisa racional e religiosa a fazer.
Boa Pergunta! R. C. Sproul; Editora Cultura Cristã; págs. 232,233.
Autor: Heber Carlos de Campos Júnior