A mente da humildade: O desafio do Natal para viver e pensar como Jesus – Sermão de Natal sobre a mente de Cristo

Texto básico: Filipenses 2.5-11

Introdução

O que o Natal tem a nos ensinar sobre como deve ser a nossa vida? Há uma profunda mensagem que Deus quis nos transmitir através da encarnação de seu Filho. Frequentemente nós não paramos para pensar sobre isso.

Quando conseguimos nos livrar das influências pagãs que a sociedade moderna tem criado em relação ao Natal, voltamos para os princípios básicos que nos falam da salvação, da vinda do Senhor para nos trazer a redenção.

Porém, há mais coisas que podemos aprender e que estão intimamente ligadas ao Natal. Em Filipenses 2.5-11, há uma descrição sobre o que de fato aconteceu na encarnação de Cristo. Veremos três consequências da mente de Cristo em nós.

1. Não nos apegarmos aos próprios direitos

Paulo diz: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus".

Fp 2.5
Cristo Jesus tinha um modo especial de ver as coisas. A expressão "sentimento" tem a ver com aquilo que guiava o modo de pensar de Cristo. Tem a ver com suas motivações e razões para fazer o que fez.

Foi esse modo de pensar e de ver as coisas que o levou a vir até a esse mundo. O Natal nos fala sobre esse modo de pensar de Jesus. E nós somos desafiados a ter esse mesmo modo de pensar. Paulo diz que devemos ter em nós o mesmo sentimento que Cristo teve. Noutra passagem, ele disse que nós já temos a "mente de Cristo".

ICo 2.16
Cristo é Deus. Quando o texto fala que ele subsiste em forma de Deus, nos fala de sua essência antes de ter vindo ao mundo.

Em João 17, Jesus disse que habitava junto do Pai antes que houvesse mundo e compartilhava da glória do Pai. Numa ocasião, ele disse aos judeus:

Jo 10.30
"Eu e o Pai somos um"

Pensemos na excelência divina dessa pessoa. Desde o início, ele foi adorado e reverenciado pelos anjos, cercado de toda dignidade, honra e poder. 

Um ser absolutamente perfeito e glorioso. Mas sabe o que o texto nos fala sobre sua consideração sobre sua própria condição? Que ele não se apegou a ela. Essa expressão "não julgou como usurpação o ser igual a Deus", frequentemente, não é corretamente entendida.

O significado original da passagem nos diz que Cristo não achou que deveria se apegar a seus direitos como Deus. 

Seu sentimento com relação a seus próprios direitos foi: "não preciso me apegar a eles". Seu pensamento foi mais ou menos assim: "não preciso me indignar cada vez que alguém não me trata como mereço ser tratado".

Esse é também o sentido do "se esvaziou" do verso 7. Quer dizer que ele não se preocupou em desfilar sua glória divina por onde passasse, e note que ele tinha todo o direito de fazer isso, mas não se demonstrou superior a ninguém. Seu sentimento com relação a seus direitos foi de que não precisava se apegar a eles para viver e agradar a Deus.

O Natal quer nos ensinar que não precisamos de nos apegar aos nossos direitos. Vivemos um tempo em que se fala muito em direitos (das crianças, adolescentes, torcedores, consumidores, etc.).

Mas Cristo deu a maior demonstração de "abrir mão" dos direitos. Ele não se apegou à sua posição de Filho de Deus. Nasceu aqui e se submeteu a tudo o que era necessário para nos salvar. Há algo de que precisamos nos esvaziar? Talvez orgulho, egoísmo, desejo de ser notado, etc.

2. Alegrarmo-nos mesmo no sofrimento

Muitas pessoas não entendem o porquê da humilhação de Cristo. Para alguns, ele foi um revolucionário político que fracassou e acabou numa cruz. Para outros, ele é um exemplo de como se leva uma causa até ao fim, é um mártir-herói. Mas, segundo a Palavra de Deus, Cristo foi um homem com uma missão.

Ele tinha um alvo em sua vida e jamais desgrudou o olho de seu alvo. Já com 12 anos deu trabalho aos pais terrenos, Maria e José, quando se demorou no templo discutindo com os doutores da Lei. Naquela ocasião, Maria o repreendeu dizendo se ele não se importava em deixar os pais preocupados.

Ele disse que tinha um assunto mais importante para tratar e que nada poderia desviá-lo desse assunto. Eram as "coisas de seu Pai".

Lc 2.49 'tradução literal'
Jesus veio ao mundo para morrer pelos pecados. A primeira coisa que João Batista disse quando viu Jesus foi: "Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo"

Jo 1.29
O Cordeiro era oferecido em Israel como um sacrifício pelos pecados. O Cordeiro morria para que o povo não morresse. Cristo veio para morrer pelo seu povo. Desde o início, ele soube disso. Aguentou firme quando Satanás lhe ofereceu uma alternativa (Mt 4.8-11), jamais se desviou do caminho da cruz.

Paulo fala "a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo" (v. 8). Seu sentimento com relação à sua carga foi: assumiu. 

Cristo não fugiu de sua missão. Sabia que teria muitos custos, e ele chegou mesmo a chorar e a suar sangue por causa da angústia e da pressão de receber sobre si os pecados do mundo (Lc 22.39-46), mas aguentou firme.

Suportou a maior humilhação que alguém poderia enfrentar. Entretanto, havia algo mais nesse "aguentar firme". Você se espantaria se soubesse que houve alegria? Que em sua humilhação, em sua obediência até à morte, que foi a pior das mortes, houve também alegria? Há um texto no profeta Isaías que nos diz que Cristo "ao ver o resultado do penoso trabalho de sua alma, ficou satisfeito".

Is 53.11
Mas, qual foi o resultado do árduo trabalho que Cristo teve que enfrentar? Foi a salvação de seu povo.

O que exatamente Cristo via quando morria na cruz que o deixava tão alegre e satisfeito? Pessoas salvas pelo seu sangue. Ele viu o meu rosto quando agonizava na cruz, viu o seu rosto se você é um crente em Cristo Jesus, e ... ficou plenamente satisfeito.

Os chicotes já não eram tão insuportáveis. Os escárnios da multidão podiam ser aguentados. As dores tormentosas dos pregos e do próprio corpo suspenso da cruz valiam a pena. Este foi o sentimento de Cristo: alegrou-se em sua humilhação. Desde o nascimento até à morte, Cristo alegrou-se mesmo em meio aos sofrimentos.

3. Deixarmos os resultados na mão de Deus

Pelo seu povo, Cristo desceu ao mais profundo do abismo. Mas, por sua fidelidade, Deus o Pai o levantou do abismo e o exaltou à posição mais elevada que existe no céu, na terra ou debaixo da terra.

Devolveu toda a sua honra e glória e o colocou ainda acima disso, dando-lhe um nome que está acima de todo nome. 

Um nome poderoso, o qual nós invocamos e pelo qual somos salvos. Um nome plenamente capaz de nos salvar e de nos livrar das garras de Satanás. A autoridade do nome de Jesus ultrapassa o entendimento humano e não conhece limites.

Pedro enfrentou a multidão assustada com a cura do paralítico dizendo que "pela fé nesse nome, esse homem paralítico foi curado", e depois disse que:

At 3.16; 4.12
"não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos"

Um dia todo joelho terá que se dobrar perante esse mesmo nome.

Os ímpios, que hoje zombam dos crentes, chamando-os de patéticos, um dia sentirão tal peso sobre suas costas ao ouvirem o nome que está acima de todo nome, que seus joelhos não suportarão e se esfacelarão caindo por terra numa adoração forçada ao nome de Jesus.

Mas a lição aqui é: primeiro a humilhação, depois a exaltação. Cristo não seria exaltado se primeiro não se humilhasse. Se ele se apegasse a seus direitos, e se recusasse a carregar a carga, se não encarasse a cruz, não teria visto a vitória. 

Não veria a satisfação de ver seu povo salvo. Primeiro a cruz, depois a glória. Primeiro a terra, depois o céu. A Palavra nos fala que, em meio a todo o sofrimento de sua obra, Cristo confiou em Deus, entregou-se a ele, e esperou dele toda a glória (Hb 5.1-10). 

Esta glória veio, pois Deus é fiel para recompensar os esforços dos homens crentes. O sentimento de Cristo com relação à sua recompensa foi confiar na fidelidade divina.

Os atritos, muitas vezes, são inevitáveis. As perdas são inevitáveis. Cristo perdeu muito, de uma perspectiva humana. Mas, por outro lado, ninguém foi tão recompensado quanto ele. Minha satisfação deve ser agradar a Deus. 

Não sabemos quais serão os resultados de nossa tentativa de imitar a Cristo nos relacionamentos com os irmãos. Não sabemos se seremos bem compreendidos ou aceitos, mas devemos querer agradar a Deus. Ele é poderoso para nos recompensar. Este deve ser nosso sentimento.

Conclusão

Por que às vezes somos tão angustiados, estressados, descontentes ou ansiosos? Porque ainda não aprendemos a pensar como Jesus pensa. Principalmente no que diz respeito a direitos, sofrimentos e resultados.

Quando a mente de Cristo dirige nossa vida, não exigimos tanto dos outros e nem de nós mesmos. Confiamos em Deus e fazemos o que tem que ser feito, seja fácil ou difícil. Pensar como Cristo requer um esforço de nossa parte.

É preciso abandonar o modo antigo e assumir o novo. Renovar a mente. O Natal nos ensina essa preciosa lição: devemos procurar ver as coisas como Cristo as vê.

Aplicação

O que podemos aprender para nossa vida prática nesse Natal? Que sentimento devemos ter com relação aos nossos direitos, aos sofrimentos da vida e aos resultados que esperamos?

Autor: Leandro Antônio de Lima


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