Vença a Amargura: 4 Verdades Impactantes para Liberar Perdão e Encontrar a Paz – Estudo Bíblico sobre Amargura

Hebreus 12:14-17

É possível um crente em Cristo Jesus viver uma vida de amargura e, mesmo assim, crescer em santidade? É possível ser amargo e feliz ao mesmo tempo?

É próprio do ser humano fugir da dor e buscar o prazer, como é próprio gostar mais daquilo que é doce do que é amargo. Razão disto é que, normalmente, serve-se doce nos aniversários, nunca jiló. 

Por isso, não nos soa bem aos ouvidos palavras como: amargura, amargo, amargar, amargamente, amargor, amargoso, amargurado. Porém, elas existem e, às vezes, é difícil evitá-las. Na Bíblia, tais palavras aparecem cerca de 80 vezes, a maioria delas no Antigo Testamento.

De acordo com o Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, Michaelis, a palavra “amargura” significa “sabor amargo, aflição, angústia, desgosto, dor moral, azedumes, dissabores” etc. 

Não nos restam dúvidas que a amargura é uma questão que desafia, a cada dia, pessoas crentes no Senhor Jesus, na busca da santidade. 

Ela apresenta uma série de reações adversas no comportamento humano, alterando as atitudes, aguçando o temperamento e causando danos na vida do crente. 

Por este motivo, o crente deve estar sempre vigilante quanto às coisas que geram amargura na alma. Vejamos algumas delas, a partir do texto bíblico de Hebreus 12.14-17.

Breve Análise do Texto

A amargura é um ressentimento guardado, que adoece a alma. Só os loucos fazem do peito um depósito de amargura. 

Os que buscam uma vida de santificação, são aconselhados pelo autor sagrado a não se contaminarem com esse veneno: “nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados” (v. 15). 

Em poucas palavras, o autor fala de algo pernicioso que, quando não é tratado e cresce dentro da igreja, pode causar um grande mal. 

Os comentaristas bíblicos são unânimes em afirmar que o autor de Hebreus cita o texto de Deuteronômio 29.18, onde lemos: “para que entre vós não haja homem, nem mulher... cujo coração hoje se desvie do Senhor nosso Deus, e vá servir aos deuses destas nações: para que não haja entre vós raiz que produza erva venenosa e amarga”. 

Em Hebreus, “amargura” é o termo usado para se referir à “erva venenosa e amarga” dita por Moisés. Mas o propósito, diz Calvino, é o de apontar uma raiz venenosa e fatal, que brota no meio da igreja e tenta crescer no seu seio, devendo ser cortada para não contaminar o povo.

Tópicos para Reflexão

1. A AMARGURA É UMA RAIZ QUE BROTA ONDE O PECADO NÃO É VIGIADO

O versículo 15 diz: "nem haja alguma raiz de amargura que, brotando... ” Se olharmos, como cuidadosos estudiosos da Bíblia, fiéis aos princípios de que a Bíblia interpreta a própria Bíblia, veremos, no início do versículo 15, as palavras que definem como essa raiz brota, ou de onde ela brota. 

Diz o próprio texto: "atentando, diligentemente, porque ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus”. Parece que esta raiz da amargura brota de corações faltosos. 

Moisés também afirma o mesmo: os que contaminam o povo com o veneno da idolatria são aqueles cujos corações se desviam do Senhor. Para Calvino, em seu comentário de Hebreus, esse sentimento de amargura brota de duas fontes:

  1. Desejos pecaminosos: O coração humano é contaminado pelo pecado e os desejos do coração são comprometidos com esta inclinação pecaminosa (Jr 17.9) Jesus adverte aos discípulos de que as coisas que contaminam o homem são aquelas que saem do coração, como fruto de seus desejos (Mt 15.19,20). Sendo assim, a amargura brota de desejos pecaminosos.
  2. Ilusória esperança de impunidade: Esta é outra fonte perigosa de onde brota a amargura. Por se tratar de um ressentimento guardado na alma, muitos se iludem pensando que irão espalhar esse sentimento no seio da igreja, e que, no final, ficarão impunes: afinal, não se conhece alguém que tenha sido disciplinado por alguma igreja por semear a amargura no meio do povo. Mas o fiel Juiz de toda a terra sonda os corações (I Sm 16.7). Não devemos nos esquecer disto.

A Bíblia diz que aquele que encobre as suas transgressões, jamais prosperará (Pv 28.13). Muitos corações escondem amarguras e ressentimentos e não sabem porque se desenvolvem tão pouco na vida cristã, na santificação. 

Quando alguns garotos norte-americanos praticaram um massacre em uma das escolas nos Estados Unidos, o então presidente Bill Clinton expressou, assim, a sua preocupação: “Há um grande número de outros garotos por aí que estão acumulando ressentimentos dentro de si e fora do nosso alcance”. 

Não deixe brotar esse mal em seu coração e nem no meio da igreja.

É oportuno observar a advertência feita por Deus a Caim (Gn 4.7).

2. A AMARGURA PERTURBA A HARMONIA E A PAZ

No versículo 15, encontramos esta estrutura: "nem haja raiz de amargura que, brotando, vos perturbe". O menor efeito que podemos ver deste terrível mal é que ele perturba o ambiente onde se instala. 

A linguagem do autor é para que os seus leitores possam atentar para esse mal que perturba a igreja, envenena almas e desarmoniza comunidades inteiras. A amargura perturba ao próprio indivíduo.

Li, certa vez, uma frase que me chamou muito a atenção. Dizia: “Muitos parecem carregar um inferno dentro de si, e onde vão, o inferno vai com eles, porque o inferno está dentro deles”. 

A verdade é que algumas pessoas não atentam para o fato de que guardam amarguras dentro de si e, por isso, não conseguem viver em paz e harmonia consigo mesmas. Sua palavra tende a ser sempre depreciativa. Transferem para os outros aquilo que está dentro de si e que as perturbam. 

Tratam os outros com dureza, parecem até mesmo não terem aprendido a amar. Paulo exorta a que tenhamos em nós o mesmo sentimento que houve, também, em Cristo Jesus (Fp 2.5).

Jesus disse que um pouco de fermento leveda a massa toda. O que Moisés chama de "raiz que produz erva venenosa e amarga" é exatamente um tipo de veneno que perturba, incomoda, afeta quem está por perto também. Em vez de produzir a paz, produz a intoxicação.

3. A AMARGURA ATINGE A COMUNIDADE

A amargura é perturbadora, tanto para quem a possui, quanto para os outros.

O grande problema da amargura é que ela contamina o ambiente. Assim como o sal, o fermento, o tempero, em geral, a amargura atinge a totalidade. 

Ela contamina a comunidade com seu efeito maléfico. Quando um membro da igreja fica amargurado com alguma situação, nem sempre consegue guardar aquilo só para ele, e logo temos uma comunidade contaminada.

No versículo 16, o autor compara tal atitude como procedimento de alguém impuro e profano, e mais, semelhante a Esaú, que vendeu o direito de primogenitura. Mais tarde, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento (Gn 27.32-35). 

Parece um caminho sem volta. Contamina-se de tal forma que não encontra saída. Quantas vidas amargas! Quantos corações contaminados por palavras venenosas! 

Quanta imprudência e ausência de vigilância daqueles que deveriam estar “semeando a paz” (Tg 3.18). Peça a Deus para te livrar da amargura, porque ela adoece a alma.

4. VENCENDO A AMARGURA COM UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO

Encontramos, na Bíblia, todas as coisas que nos conduzem à vida e à santidade. O próprio texto de Hebreus que estamos estudando nos apresenta material de sobra para vencermos a amargura, e crescermos em santidade. 

O autor, nesse contexto, apresenta-nos as seguintes alternativas: "Segui a paz com todos e a santificação (...) atentando diligentemente para que ninguém seja faltoso (...) nem haja impuro ou profano” (v. 14).

Numa igreja onde os membros zelam pela vida de santificação, que aliás é uma obra preciosa do Espírito Santo no coração do crente, dificilmente crescerá qualquer raiz de amargura. 

Mas, onde reina a carnalidade, o descaso com a vida espiritual, esses males desenvolvem juntamente com outros pecados. O crente é desafiado a viver em santificação.

Reflexão Pessoal

  1. O crente nunca deve ser parte de nenhum problema dentro da igreja. Deve ser sempre parte da solução. Todo crente em Cristo busca uma vida de santidade e temor do Senhor. Essa é sua alegria e saúde espiritual. Paulo alerta, assim, os crentes de Éfeso: “não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Longe de vós, toda amargura, e cólera e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda sorte de malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Ef 4.30-32). Você tem acatado esta exortação?
  2. Em sua opinião, que males a amargura tem provocado na vida de sua igreja? O que você pode fazer para ajudar?

Autor: Ildemar de Oliveira Berbert


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