Colossenses 3:12-17
“Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra” (William Shakespeare).
O ressentimento é uma mágoa profunda alojada no coração em decorrência de alguma ofensa ou injustiça sofrida.
Confunde-se com raiva, ira, ódio, amargura e rancor. É um problema extremamente prejudicial, que afeta o grupo social em que a pessoa vive e, principalmente, a própria pessoa que guarda o ressentimento.
A convivência humana é algo complexo e exige sensibilidade, compreensão e empenho. Quando os ressentimentos se alojam no coração, a convivência fica comprometida, o constrangimento toma o lugar da alegria e todos sofrem.
As pessoas que guardam ressentimentos, frequentemente se tornam amargas. E as consequências emocionais deste problema se tornam visíveis, podendo desencadear, até mesmo, processos depressivos.
Além disso, os ressentimentos alimentam o desejo de vingança. Entretanto, a maior vítima deste mal quase sempre é a própria pessoa que guarda os ressentimentos.
Os que desejam viver de bem com a vida não podem guardar ressentimentos. Embora a Bíblia mencione poucas vezes palavras derivadas do termo ressentimento (At 4.2; I Co 13.5) observa-se que as palavras sinônimas de ressentimento são citadas inúmeras vezes.
E a Bíblia oferece orientações claras sobre como o cristão deve agir quando se vê envolvido por esses sentimentos carnais venenosos que nutrem o ressentimento, como por exemplo: a ira, o ódio, o rancor, a amargura, e a recusa em perdoar.
Como seres humanos, vivendo em sociedade, nenhum de nós está livre de experimentar aborrecimentos e ofensas. Infelizmente, mesmo entre os membros da família da fé isto acontece.
Mas é muito triste quando os ressentimentos encontram espaço entre irmãos em Cristo. Este pecado requer um tratamento bíblico urgente.
QUESTIONAMENTOS
- Você acha que há situações que justificam a pessoa nutrir ressentimentos?
- É possível guardar ressentimentos sem que isto afete a vida espiritual?
O QUE FAZER?
- Entender que os Ressentimentos Fazem o Espírito Adoecer
Na vivência familiar, no trabalho, na vida comunitária em geral, os ressentimentos guardados são um perigoso veneno que compromete a saúde.
O escritor de Hebreus alerta para o perigo da contaminação produzida pela amargura (Hb 12.14,15).
Quando os ressentimentos se alojam no coração, a vida toda é afetada. Todos são, de certa forma, contaminados e sofrem: o ofendido, o ofensor e as pessoas que estão à volta. Conforme Provérbios 15.13, “o coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do coração o espírito se abate".
Os ressentimentos produzem grande tristeza e, consequentemente, o abatimento do espírito. Este abatimento de espírito é a raiz de muitas enfermidades, tanto emocionais quanto físicas.
Pessoas que guardam ressentimentos são fortes candidatas a uma série de desajustes que afetam o espírito e o corpo. Nesse sentido a Bíblia adverte: ‘‘O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos” (Pv 17.22).
- Tomar Consciência de que os Ressentimentos São o Combustível da Violência
A tragédia provocada por Caim foi resultado de maus sentimentos guardados e ruminados no coração (Gn 4.6). É impossível a pessoa guardar ressentimentos e, ao mesmo tempo, viver em paz consigo mesma e com os outros.
Quem guarda ressentimentos está sempre desejando o mal para o seu ofensor; tem sede de vingança. Corações ressentidos são bombas perigosas que podem explodir a qualquer momento.
Ressentimentos em nada contribuem para a solução dos problemas de relacionamento. Pelo contrário, tendem a agravar os problemas de relacionamento ou, no mínimo, impedem uma reconciliação.
Um coração ressentido é péssimo conselheiro. Segundo a Bíblia, “a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tg 1.20).
- Valer-se do Amor e do Perdão para Eliminar os Ressentimentos
No Sermão da Montanha Jesus apresenta o padrão a ser seguido pelos seus discípulos e mostra que o amor deve ser o elemento determinante nos relacionamentos (Mt 5.38-48). Não há como praticar o ensino de Jesus se o coração guarda ressentimentos.
Todo ressentimento deve ser eliminado o quanto antes, pois até o culto a Deus fica comprometido quando há situações não resolvidas no relacionamento entre os irmãos (Mt 5.21-26).
Aquele que ofendeu a seu irmão deve procurá-lo e tentar solucionar o problema - “entra em acordo sem demora”. E, mesmo quando o ofensor não faz isto, o próprio ofendido revela a sua grandeza e o seu caráter cristão ao tomar a iniciativa em busca da solução do problema.
Ao ofendido basta o sofrimento provocado pela ofensa. Por que sofrer também os terríveis efeitos dos ressentimentos? A orientação bíblica contida em Romanos 12.17-21 nos ensina a vencer o mal com o bem.
O perdão é o grande remédio para combater os ressentimentos: “Longe de vós toda amargura e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda a malícia. Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou.
Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave” (Ef 4.31-5.2).
- Cultivar as Virtudes Cristãs nos Relacionamentos
Para impedir que os ressentimentos se instalem no coração e produzam os seus nocivos efeitos é necessário acatar as orientações da Palavra de Deus, como recomenda Tiago: “Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas” (Tg 1.21).
A Palavra de Deus nos orienta a viver sabiamente. São abundantes as passagens bíblicas que apontam para a necessidade de se cultivar as virtudes cristãs.
O texto de Romanos 12.9-21 pode ser tomado como um belo exemplo disso. Quando cultivamos as virtudes cristãs, não nos deixamos melindrar facilmente e encontramos forças para amar, para perdoar, para eliminar qualquer vestígio de ressentimento.
Escrevendo aos Colossenses (3.12-17), Paulo exorta os cristãos à prática das virtudes cristãs que confirmam a nossa eleição em Cristo e que comprovam a sinceridade da nossa adoração.
É impossível viver vida cristã autêntica e, ao mesmo tempo, manter o coração carregado de ressentimentos. Compreendendo isto, coloque em prática o apelo da Palavra de Deus, conforme Tiago 5.16: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados”.
Estejamos todos atentos à exortação bíblica de Efésios 4.26,27: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo”.
Autor: Eneziel Peixoto de Andrade
Lista de estudos da série
7. Vença a insegurança: 3 passos para parar de se sentir inferior – Estudo Bíblico sobre Insegurança