Marcos 16.15
Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.
Despedindo-se dos discípulos no Monte das Oliveiras, o Senhor lhes faz a promessa do poder, especifica-lhes a missão, e designa-lhes o campo de ação:
Atos 1.8
"Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra".
Isso quer dizer que a proclamação do Evangelho deve ser feita a partir do lugar onde nos convertemos e estamos, alcançando também outras regiões, próximas e longínquas.
Com o propósito de entender melhor o nosso dever missionário, estudemos com alma e coração dispostos, assunto de tamanha relevância:
1. A clareza da ordem
Anos atrás houve um desastre ferroviário no oriente. Dois trens se chocaram. Quando um dos maquinistas foi retirado da cabina amassada de sua locomotiva virada, seus dedos trêmulos sacaram um papel amarelo de um bolso interno da jaqueta de trabalho. "Tomem isto", murmurou ofegante. "Vocês verão que recebi ordens erradas".
O maquinista insistiu em que não podia responsabilizar-se pelo desastre. Deram-lhe ordens erradas.
Mas nenhum crente, no dia do tribunal de Cristo, poderá defender-se de seu fracasso missionário com tal argumento. A Bíblia fechará sua boca. No tocante à clareza da ordem do Senhor, devemos observar os seguintes pontos:
1. É repetida várias vezes
Não é uma vez nem duas que as Escrituras se referem à amplitude mundial do trabalho missionário. Em ao menos quatro capítulos do Novo Testamento, a ordem é meridianamente clara:
- Mt 28.19,20: "... fazei discípulos de todas as nações ..."
- Mc 16.15: "Ide por todo o mundo ..."
- Lc 24.47: "... a todas as nações, começando de Jerusalém".
- At 1.8: "... até aos confins da terra".
Como se não bastassem termos tão claros, o Senhor ilustra o alcance de Sua ordem em Mt 5.14 (luz do mundo); Mt 13.38 (o campo é o mundo); e Jo 4.35 (vede os campos).
Na enfática repetição de Sua ordem, o Senhor caracteriza os confins da terra como sendo os lugares mais remotos, mais distantes. Observemos a gradação dos limites: Jerusalém, Judéia, Samaria e até aos confins da terra.
Sugerimos que o irmão pegue um mapa da Palestina do tempo do Novo Testamento, e olhe a sucessão da ordem, identificando os lugares mencionados, inclusive os confins da terra. Isso lhe dará maior visão da verdade que estamos expondo: Jesus estava também preocupado com os lugares distantes. Essa foi, igualmente, a compreensão de Paulo, o bandeirante do Evangelho nascente (Rm 1.14,15; 15.20,21).
2. Ressalta uma carência universal
A ordem de Cristo, visualizando "todas as nações", "todo o mundo", "toda criatura", até "aos confins da terra", chama a nossa atenção para uma carência universal. Onde quer que esteja uma pessoa, aí está a justificativa para uma ação missionária, "pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3.23).
O pecado tem campeado na terra, submetendo o ser humano às condições mais aviltantes, além de condená-lo à perdição. Urge restaurar no homem sua glória original, que não era outra senão a glória do próprio Deus, comprometida, no homem, pelo pecado.
A perda dessa glória acarretou à humanidade a perda da comunhão com o Pai, e de todas as demais bênçãos, dela resultantes. Ainda hoje há homens e mulheres que ainda não ouviram falar de Cristo. Muitos, em nossa pátria; outros, em terras distantes.
É preciso que lhes sintamos a necessidade de Deus, pois a condição deles é exatamente aquela descrita em Efésios 2: "Mortos em delitos e pecados, não tendo esperança, e sem Deus no mundo."
Eis algumas provas:
- Você já viu um médico feiticeiro arrancar violentamente dos braços da mãe desvairada o filhinho, colocá-lo de costas no chão e encher a boca dele com areia até matá-lo? Isso se faz ainda hoje no coração da Austrália, entre aborígenes! E por quê? Pelo fato de haver morrido um adulto e se precisar encontrar uma vítima para acalmar os maus espíritos que só aceitam sacrifício humano. A religião deles assim o requer!
- Você já viu um pobre devoto postar-se no centro duma vila, sacar duma comprida faca e retalhar sua própria cabeça até o sangue jorrar por entre os cabelos, e daí encher os talhos ou ferimentos com jornais, e atear fogo em tudo? Já ficou a ver aquele fogo chiando nos cabelos e no sangue dele? Hoje isso ainda se faz em terras pagãs! Por quê? Por religião.
Você faria isso para alcançar um lugar de paz no céu, como pensam aqueles pagãos? Você responde que não, sei disso. Mas, você procederia desse modo, se não conhecesse outro caminho. Se você tivesse nascido entre aqueles pagãos, estaria agindo do mesmo modo. Pense nisto.
Você condena e reprova tais atos de violência, porque conhece coisa melhor. E é justamente este o motivo por que afirmo que eles também mudarão seu estilo de vida caso alguém lhes anuncie coisa melhor. Agora estão perdidos, esquecidos, e ainda não foram alcançados pelo Evangelho.
E Jesus, a nós, que estamos salvos, nos ordenou que lhes levemos a luz do Evangelho. Este assunto tem o que ver com você, prezado irmão? Quer você tomar parte nesta maravilhosa missão?
Como podemos ver, são regiões envoltas em trevas. E a Bíblia diz que os lugares tenebrosos da terra estão cheios de moradas de violência (Sl 74.20). Se somos a luz do mundo, devemos iluminar esses lugares tenebrosos.
3. Exige obediência
A ordem de Jesus Cristo não é para ser discutida, mas obedecida. Ele diz que o nosso testemunho deve chegar "até aos confins da terra". E não nos cabe outra alternativa senão a de obedecer.
A família Rothschild se compunha de financistas famosos. Exigiam absoluta obediência da parte de seus auxiliares. Uma história ilustra o fato. Certa vez enviaram a Nova Orleans um jovem muito hábil para operar por eles.
O escritório de Nova Iorque lhe telegrafou. Pedia-lhe que vendesse suas terras produtoras de algodão a uma data fixada. O agente, crendo que o preço do algodão ia subir, retardou a vendagem por quatro dias. O resultado foi um lucro extra, bem maior.
O jovem agente enviou aos Rothschilds um cheque, explicando o que fizera. De volta, recebeu um cheque correspondente ao lucro extra. Inclusa, uma nota fria, dizia: 'O dinheiro que você ganhou, desobedecendo às nossas ordens, é seu, e não nosso. Fique com ele. Seu sucessor segue hoje para Nova Orleans'. O homem foi despedido!
Os Rothschilds não queriam entre seus assessores um homem que desobedecesse a uma ordem clara. E nós? Já pensamos na seriedade de um crente desobedecer a Deus?
Hoje, os campos missionários estão brancos para a ceifa. A ordem de Deus, é: 'Filho, filha, vão'. Qualquer coisa que não seja obediência, é desobediência. Essa é a causa principal do fracasso das missões no mundo inteiro. Passaram-se séculos de frio esforço missionário. E povos não evangelizados crescem mais rapidamente do que lhes podemos oferecer o evangelho. Essa é a dramática re-provação à nossa desobediência.
2. Como atingir esse objetivo?
A ordem não foi suspensa. Os pecadores se debatem no desespero, na incerteza e na escravidão moral e espiritual. Como alcançar esses bilhões de sofredores? Como fazer-lhes chegar a nova do Evangelho? Como atingir esse objetivo?
À luz da Bíblia e da experiência da Igreja, encontramos algumas respostas:
1. Consciência de nossa dívida
O Apóstolo Paulo, com a alma afogueada pelo toque do Espírito, proclama-se devedor "tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes".
E esse reconhecimento acentua-lhe a obrigação de pregar o Evangelho a outros povos: "Se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o Evangelho!" (1 Co 9.16).
Por que Paulo sentia isso? As razões já vimos atrás. Há carência gritante na maioria das almas e dos corações.
2. Alargamento da visão missionária
"Eis os bilhões que em trevas tão medonhas. Jazem perdidos sem o Salvador! Oh! Quem irá as novas proclamando Que Deus, em Cristo, salva o pecador?"
No primeiro século de nossa era, a Igreja de Antioquia se tornou o grande centro de missões estrangeiras, conforme o registro que se inicia no capítulo 13 de Atos dos Apóstolos.
"Quando Barnabé e Saulo navegaram, de Selêucia, porto de mar da antiga Antioquia, para Chipre, provavelmente isso pouco significou para o mundo dos seus dias. Entretanto, essa deliberação deles foi o primeiro passo de um movimento que mudou o curso da história do mundo e ainda influirá vitalmente em gerações que hão de vir. Por meio desses mensageiros, a Igreja começava a desincumbir-se da tarefa de que tinha sido especialmente comissionada pelo seu Senhor.
O preâmbulo da história, vv. 1-3, nos previne que a empresa missionária por parte de uma Igreja requer obviamente que esta seja espiritual, dada à oração, abnegada, doutrinada cuidadosamente na verdade revelada, e profundamente interessada no trabalho fora de suas fronteiras.
Esses cristãos primitivos pareciam não ligar muito ao argumento de que no seu próprio país havia bastante pagãos a evangelizar. Meio milhão de pagãos trabalhavam incessantemente em Antioquia, quando o Espírito Santo ordenou: 'Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado'.
Quanto aos missionários escolhidos, claro é que se tratava dos mais capacitados que podia haver, mental e espiritualmente. Foram selecionados pelo Espírito Santo, mas coube à Igreja reconhecer-lhes a vocação divina e pôr sobre eles o Selo de sua aprovação, ordenando-os solenemente e enviando-os como seus representantes.
3. Oração por este assunto
Constatando a grandeza da tarefa, o Senhor nos adverte, dizendo que "a seara na verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara" (Mt 9.37,38). Lastimavelmente, não verificamos orações frequentes, em nossas Igrejas, pelo despertamento de vocações missionárias. É hora de incluirmos este assunto em nossa pauta de oração!
4. Contribuição generosa
Precisamos cooperar, financeiramente, com as instituições missionárias que, seriamente, se empenham na proclamação das boas-novas nos lugares tenebrosos da terra. Ajudemos com oração e dinheiro àqueles irmãos nossos, que estão nas fronteiras distantes, libertando pecadores nas moradas de violência. É urgente que assim procedamos!
Conclusão
Todos nós, hoje, somos gratos a Deus porque há 128 anos nos mandou aqui um jovem missionário (Ashbel Green Simonton) para instalação do presbiterianismo em nossa pátria. Aquele moço deixou uma terra onde também havia pecadores necessitados.
Lá, entretanto, havia muitos obreiros, enquanto que aqui a carência era enorme. Enquanto ele se dispunha a vir, outros se dispunham a sustentá-lo. Sua mãe a ele se dirigiu, nestes termos:
É difícil separar-se daqueles que talvez nunca mais se veja aqui na Terra. Mas quando penso no valor das almas de seres imortais, que perecem por falta do Evangelho da Verdade o conhecimento do Bendito Salvador, considero um privilégio ter um filho que se dispõe a sacrificar tanto, devotando tudo ao serviço do Mestre. Entrego-o, com preces e lágrimas, a Deus, que faz tudo bem.
Uma pergunta a seu coração: E se ele não tivesse vindo?
Lista de estudos da série
1. Não é só um prédio: Descubra o verdadeiro propósito da Igreja – Estudo Bíblico sobre a Missão da Igreja2. Mais que palavras: Proclame a mensagem do amor de Deus que salva – Estudo Bíblico sobre o Evangelho
3. Fé inabalável: Como construir uma certeza que resiste a qualquer dúvida – Estudo Bíblico sobre Convicção Cristã
4. Não na sua força: Receba o poder do alto para testemunhar com autoridade – Estudo Bíblico sobre o Poder do Espírito Santo
5. O fogo de Deus: Acenda em seu coração o amor que move o céu pelas almas perdidas – Estudo Bíblico sobre Paixão por Almas
6. O método de Deus: Descubra como Jesus preparou seus discípulos para mudar o mundo – Estudo Bíblico sobre Métodos Evangelísticos
7. Quebrando fronteiras: Leve o Evangelho da sua rua até os confins da Terra – Estudo Bíblico sobre o Alcance Missionário
8. A hora é agora: Como aproveitar cada oportunidade para falar de Jesus – Estudo Bíblico sobre Oportunidades de Evangelismo
9. Contagem regressiva: Por que a tarefa de evangelizar não pode esperar para amanhã – Estudo Bíblico sobre a Urgência da Pregação
10. O mapa da salvação: O papel insubstituível da Bíblia na obra missionária – Estudo Bíblico sobre a Bíblia em Missões
11. A colheita celestial: Descubra os frutos eternos do seu trabalho para Deus – Estudo Bíblico sobre os Resultados do Evangelismo
12. A tarefa é sua: Entenda por que a Grande Comissão começa com você – Estudo Bíblico sobre Responsabilidade Pessoal