Mais que palavras: Proclame a mensagem do amor de Deus que salva – Estudo Bíblico sobre o Evangelho

 

2 Co 5.19 - Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.

Lemos no primeiro livro dos Reis que antes de Josafá consumar o tratado de união com Acabe, solicitou que se consultasse a palavra do Senhor. Cerca de quatrocentos falsos profetas favoreceram os planos de Acabe com profecias mentirosas.

Ante a insistência de Josafá para que se consultasse "algum profeta do Senhor", Acabe mandou buscar a Micaías, o único a representar, de fato e de direito, a veracidade do Senhor.

1 Rs 22.13-14
Mas, "o mensageiro que fora chamar a Micaías, falou-lhe, dizendo: Eis que as palavras dos profetas a uma voz prediziam cousas boas para o rei; seja, pois, a tua palavra como a palavra de um deles, e fala o que é bom. Respondeu Micaías: Tão certo como vive o SENHOR, o que o SENHOR me disser, isso falarei".

Temos aqui um resumo antecipado da luta da Igreja, no tocante a mensagem a ser transmitida. De um lado, o inimigo tentando condicioná-la à opinião da maioria ou aos interesses dos poderosos; do outro lado, a decisão dos verdadeiros servos de Deus em falarem o que o Senhor disser.

À luz de nossos textos básicos descobrimos as marcas distintas da mensagem benfazeja que a Igreja deve transmitir em seu esforço missionário:

I. É a mensagem do amor de Deus

No encontro com Nicodemos, o Senhor Jesus apresenta a Deus como Aquele que ama. Esta observação é de importância fundamental, visto que, ao longo dos tempos, os homens têm perdido esta gloriosa visão, resultando, daí, prejuízos incalculáveis.

A declaração de Jesus Cristo nos autoriza a tirar as seguintes conclusões, entre outras, a respeito do Deus que ama:

1. É o Deus interessado em nós

Existe uma teoria chamada Deísmo que admite a existência de Deus, mas lhe nega a ação providencial no mundo. De acordo com essa teoria, Deus poderia ser comparado a um relojoeiro que, após criar o grande relógio do mundo, deu-lhe corda (as leis físicas e morais) e nunca mais se importou com ele. Infelizmente, muitos se têm deixado influenciar por essa ideia.

Basta verificarmos o número cada vez mais elevado de pessoas que recorrem aos centros espíritas, buscando a proteção dos orixás. Não confiam no interesse de Deus por elas.

Bastaria a essas pessoas uma reflexão sobre a Providência de Deus no plano material, traduzida no ar que respiramos, na chuva que alimenta os rios e fecunda a terra. Sem essa providência a vida seria impossível (At 17.28).

2. É o Deus que se coloca ao nosso alcance

Deus, ao enviar o Seu Filho ao mundo, deu prova clara de que estava à disposição e ao alcance de homens e mulheres batidos pelo pecado e pelo sofrimento predominantes no mundo. Um dos nomes atribuídos ao Senhor Jesus foi Emanuel, que significa Deus conosco (Mt 1.23).

Não é o Deus desconhecido dos gregos nem o Deus escondido de Castro Alves, o notável poeta, em seu poema Vozes d'África. É o Deus que se encarna e vive entre os homens, tomando sobre si as suas enfermidades e as suas dores (Is 53.4).

E o Deus que se coloca ao alcance, na Pessoa do seu bendito Filho, para aliviar os cansados e sobrecarregados pelos fardos da angústia (Mt 11.28), e para libertar os oprimidos por Satanás (Lc 4.18).

Despedindo-se dos seus Apóstolos e discípulos, o Senhor lhes assegurou companhia permanente (Mt 28.20); garantiu-lhes, também, que as bênçãos do Pai estariam ao seu alcance, desde que suplicadas em nome dEle (Jo 14.13). E os homens de nossa época precisam saber que podem contar com Deus, e que o Senhor está ao alcance deles, onde quer que se encontrem.

II. É a mensagem da cruz de Cristo

A grandeza do amor só se mede pela disposição para o sacrifício. Por isso mesmo a morte de Jesus Cristo não foi um erro judiciário nem uma revolução fracassada, mas a expressão maior e mais eloquente do amor de Deus.

A compreensão desse fato imprime na alma do Apóstolo convicção tão grande, que ele faz da cruz de Cristo o tema de sua pregação e o motivo de sua glória (1 Co 2.2; Gl 6.14). E há razões para isso:

a) A cruz harmoniza a justiça com o amor

Guerra Junqueiro, o notável poeta português, em um dos seus poemas tem uma frase belíssima: "um justo não perdoa!" Na verdade, a justiça, em sua expressão mais elevada, não pode perdoar o culpado nem condenar o inocente.

Ora, o Deus que ama é também justo; por isso mesmo não nos poderia salvar por amor, ao arrepio da justiça, menosprezando um dos seus atributos básicos.

Visto que toda ofensa exige reparação equivalente, e como não havia no homem possibilidade de reparar as ofensas contra a santidade de Deus, Jesus Cristo assumiu o lugar do pecador, ante a justiça divina, sendo feito pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus (2 Co 5.21).

Na cruz, Jesus Cristo substituiu a todos que creem de todo o coração, pois ali "ele foi traspassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz (pela reparação da ofensa) estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Is 53.5).

Dessa forma, a cruz se constitui numa necessidade jurídica, pois, através dela, o amor de Deus não anula sua justiça, ao salvar o pecador, pela fé em Jesus Cristo, e este crucificado. A justiça divina foi satisfeita no Calvário, e este fato possibilita aos homens todas as bênçãos necessárias e indispensáveis (Rm 8.32).

b) A cruz se opõe às pretensões do maligno

Entre os crentes do primeiro século andavam certos indivíduos de mente mundana, que, avessos às realidades eternas, são caracterizados por Paulo como "inimigos da cruz de Cristo" (Fp 3.18).

Inegavelmente, tem havido por parte de Satanás um empenho extraordinário em subestimar o sacrifício de Jesus Cristo, e em desfigurar a importância da cruz. Durante a tentação no deserto, o inimigo fez tudo para desviar o Senhor da cruz; com esse propósito chegou até a usar Pedro, numa hora de descuido (Mt 16.21-23).

Mesmo depois da morte e ressurreição de Cristo, o diabo prossegue em sua luta: Aos judeus, a cruz se afigura como escândalo; para os gentios, não passa de loucura; os ensinos espíritas negam a sua eficácia, apregoando a salvação pelas obras; a Igreja Romana idolatra a forma física, negando, porém, sua validade espiritual através da doutrina do purgatório; e até mesmo alguns teólogos, ditos protestantes, inventaram um outro evangelho sem cruz, o evangelho social (salvação através da assistência social para a melhoria do ser humano, sem a pregação do Evangelho).

O orgulho humano, estimulado por Satanás, rejeita a cruz sangrenta, porque ela nos fala do pecado, da falência dos homens e da infinita misericórdia de Deus. É, porém, esta a mensagem que temos a proclamar.

Na sequência dos textos, verificamos uma outra característica de nossa pregação:

III. É a mensagem da vida eterna

Diz o Apóstolo que "nem olhos viram nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1 Co 2.9-10).

Sem dúvida, esta glória inescrutável é aquela mesma que lhe foi referida no paraíso (2 Co 12.4). Chamar a atenção dos homens para o futuro eterno, feliz e glorioso com Deus, é mensagem imperativa da Igreja pelas seguintes razões, entre outras:

1. É mensagem central na Bíblia

, o patriarca de Uz, na antevisão desse futuro glorioso, sentia vibrar-lhe na alma o soluço de dolorosa saudade (Jó 19.25-27). O Senhor Jesus se deteve, repetidas vezes, na pregação da vida eterna (Jo 3.15,16; 5.24; 10.27,28). Os Apóstolos compreenderam a grandeza do tema e a ele também se dedicaram (At 13.46-48; Rm 2.7; 6.22,23; 1 Tm 1.16; 1 Jo 2.25; Jd 21).

2. Manifesta as necessidades básicas da alma

Criado para viver sempre, o homem se tornou vulnerável à morte física por causa do pecado (Rm 5.12). Pela mesma razão, sua alma ficou sob o peso da condenação eterna, que nada mais é que a morte espiritual, resultante do afastamento de Deus no tempo e na eternidade (Ef 2.1- 3; Ap 21.8). Embora atingida pelo pecado, a alma não se pode satisfazer com as coisas terrenas e muito menos ser salva através de bens materiais (Lc 12.18-20; Mt 16.26).

3. Dá significado à vida terrena

Esta mensagem, quando transmitida no poder do Espírito, ao invés de ignorar as necessidades temporais do homem possibilita-lhe recursos mais amplos para o seu atendimento (Mt 6.30-33; Fp4.19). Por outro lado, a experiência tem provado que "a vida presente se degenera, quando o homem ignora a vida futura; e sempre que o homem centraliza seus interesses e esforços na civilização, ela apodrece, pois os valores espirituais do homem estão acima da própria civilização."

Conclusão

Consciente da mensagem que tem a transmitir, a Igreja (todos os crentes) deve se empenhar com alegria, no cumprimento de sua missão. Vale ressaltar também que esta mensagem é duplamente responsabilizadora, nos termos de Ez 33.1 -6; Mc 16.15,16.


Lista de estudos da série

1. Não é só um prédio: Descubra o verdadeiro propósito da Igreja – Estudo Bíblico sobre a Missão da Igreja

2. Mais que palavras: Proclame a mensagem do amor de Deus que salva – Estudo Bíblico sobre o Evangelho

3. Fé inabalável: Como construir uma certeza que resiste a qualquer dúvida – Estudo Bíblico sobre Convicção Cristã

4. Não na sua força: Receba o poder do alto para testemunhar com autoridade – Estudo Bíblico sobre o Poder do Espírito Santo

5. O fogo de Deus: Acenda em seu coração o amor que move o céu pelas almas perdidas – Estudo Bíblico sobre Paixão por Almas

6. O método de Deus: Descubra como Jesus preparou seus discípulos para mudar o mundo – Estudo Bíblico sobre Métodos Evangelísticos

7. Quebrando fronteiras: Leve o Evangelho da sua rua até os confins da Terra – Estudo Bíblico sobre o Alcance Missionário

8. A hora é agora: Como aproveitar cada oportunidade para falar de Jesus – Estudo Bíblico sobre Oportunidades de Evangelismo

9. Contagem regressiva: Por que a tarefa de evangelizar não pode esperar para amanhã – Estudo Bíblico sobre a Urgência da Pregação

10. O mapa da salvação: O papel insubstituível da Bíblia na obra missionária – Estudo Bíblico sobre a Bíblia em Missões

11. A colheita celestial: Descubra os frutos eternos do seu trabalho para Deus – Estudo Bíblico sobre os Resultados do Evangelismo

12. A tarefa é sua: Entenda por que a Grande Comissão começa com você – Estudo Bíblico sobre Responsabilidade Pessoal

Semeando Vida

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