Romanos 1.14
Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.
As grandes decisões da vida são tomadas no coração. Paulo emprega a primeira pessoa do singular, "eu". Não invoca a decisão de um comitê. Não diz que leva a efeito o plano de sua igreja local.
Muito menos servia de porta-voz de um programa denominacional. Por isso é que Paulo orou e lutou. Compreendia o propósito de Deus de evangelizar o mundo. Pela graça de Deus resolveu cumprir a sua parte. Cada crente deve fazer o mesmo.
A seriedade e a oportunidade do assunto nos sugerem meditação mais profunda nos seguintes aspectos de nossa responsabilidade pessoal:
1. É intransferível
É mais fácil à natureza humana chamar a si as facilidades e os privilégios, deixando a outros os encargos e as responsabilidades. O trabalho missionário não é apenas um dever, mas também inaudito privilégio.
E é como dever e como privilégio, que não temos o direito de transferi-lo a outras pessoas, isentando-nos de qualquer participação. A propósito disso, podemos fazer as seguintes observações:
1. Erro que muitos cometem
Na mente de muitos irmãos floresce a ideia infeliz de que a evangelização é dever do pastor e do evangelista.
A respeito dessa verdade constrangedora, assim se expressa o Rev. Dr. D. James Kennedy, pastor da Igreja Presbiteriana de Coral Ridge, na Flórida: "Satanás tem alcançado tanto êxito com este estratagema que se calcula que provavelmente 95% dos membros de nossas igrejas nunca levaram qualquer pessoa a Cristo."
Assim, o exército de Cristo tem sido mais do que dizimado, e a resposta da congregação tem sido: "Deixe que o pastor faça". Sou grato que hoje há uma tendência óbvia em direção contrária, à medida que mais e mais leigos e igrejas estão reconhecendo e aceitando sua responsabilidade de testemunhar.
Caro irmão, há uma pergunta solene e direta que lhe queremos fazer. Quantas pessoas já foram salvas por seu intermédio? Ou será que isso não tem entrado em suas cogitações? Lembre-se de que você é responsável pela salvação de alguém!
2. Exemplos desafiadores
No texto básico de nossa lição, o vulto majestoso do Apóstolo se ergue diante de nós, inspirando-nos e desafiando-nos, com a sua admirável consciência de responsabilidade pessoal.
Falando da evangelização, ele a encara como obrigação que pesa sobre os seus ombros. Sua linguagem é toda regida pelo pronome da 1ª pessoa singular: eu.
Os versículos 15 a 27 são testemunhos eloquentes e declarações inflamadas de um homem que tem acentuada consciência de sua responsabilidade pessoal, na urgente tarefa de ganhar almas para Cristo. Infelizmente, porém, encontramos esse mesmo sentimento de responsabilidade pessoal a serviço de outras causas que não a do Evangelho.
O autor do livro "O Cristianismo e a Revolução Social" nos fala de uma senhora, sua conhecida, que, durante o seu tempo de estudante, conseguiu conquistar para o comunismo nada menos de 200 estudantes universitários.
Observemos que apenas uma jovem estudante, imbuída de responsabilidade para com a sua ideologia, conseguiu resultados tão grandes em poucos anos de escola, junto aos seus colegas.
Esse fato nos desafia e nos entristece, mormente quando sabemos de crentes que, ao longo dos anos de estudos e de profissão, jamais se incomodaram em levar ao menos uma pessoa a Cristo. A respeito de tais crentes se cumpre a declaração do Senhor, segundo a qual "os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz" (Lc 16.8).
O crente precisa entender que sua responsabilidade não pode ser transferida, e que ele não pode se omitir nesta luta sem tréguas em favor do reino de Deus. Daí a conveniência de meditar na atitude dos israelitas acomodados e na resposta de Moisés, conforme o registro em Nm 32.1-6.
2. Exige consagração
Abordando assunto de tamanha relevância, precisamos ser simples nas definições, para que não paire sobre o nosso espírito a menor sombra de dúvidas.
Consagração é a entrega total de tudo que somos e que possuímos nas mãos do Espírito Santo; é colocar tudo no altar de Deus. Isto significa dizer SIM a Deus, e NÃO a nós mesmos. Exemplo dessa entrega, encontramos na experiência inspiradora do Rev. Oswald Smith. Deixemos que ele nos fale:
"Nunca esquecerei o período de minha vida em que desejei mais que tudo, ser usado por Deus. Cavalgando meu mulo pelas lindas gargantas dos montes de Kentucky, ou andando de cá para lá dentro de minha pequena e solitária casinhola entre os montanheses, clamei a Deus, na agonia de minha alma:
Senhor, usa-me, Faze de mim um ganhador de almas. Envia-me como um evangelista. Faz-me ver o reavivamento. Não permitas que me acomode a um ministério ordinário, livra-me de nada conseguir.
Tenho só uma vida a ser vivida, e quero investi-la toda na Tua Causa. Faz-me viver para outros. Capacita-me a ganhar pessoas perdidas para o Senhor Jesus Cristo. Que Tua bênção repouse sobre o meu ministério".
Esta foi, igualmente, a consagração do Apóstolo, chegando até a subestimar a própria vida (At 20.24). Somente assim, inteiramente consagrados ao Senhor, submissos à Sua Vontade, poderemos executar com eficiência a tarefa que nos está proposta.
3. Pode ser cumprida de várias formas
Evidentemente, não se espera que todos os crentes cumpram sua responsabilidade de modo igual. Nem todos podem ser pregadores; nem todos podem ser cantores ou músicos. Há no reino de Deus, os mais diversos meios de alguém cumprir sua missão evangelística. Examinemos alguns:
1. A oração eficaz
Observemos o qualificativo eficaz. Não se trata da oração rotineira e às vezes displicente, feita ao levantar ou ao deitar. Oração eficaz é aquela que custa um preço, que persegue um objetivo definido e que não desiste enquanto não obtém a resposta.
No século passado, quando Deus levantou, no poder do Espírito, o notável evangelista D. L. Moody, nos Estados Unidos, sua fama atravessou os mares e chegou à Europa. Naquela mesma época, vivia na Inglaterra uma senhora muito crente, que não obstante ser paralítica, revelava extraordinário interesse pela salvação dos pecadores.
Ouvindo falar de Moody, compreendeu a bênção que seria a visita daquele evangelista à Inglaterra. Resolveu orar por isso, e Deus lhe respondeu. Moody foi à Inglaterra em função das orações daquela senhora que soube prevalecer diante de Deus em favor dos milhares que precisavam da salvação.
2. A contribuição generosa
A Bíblia diz que "a quem dá liberalmente ainda se lhe acrescenta mais e mais... A alma generosa prospera, e quem dá a beber será dessedentado" (Pv 11.24,25). No trabalho missionário é igual a participação tanto do que vai, como o daquele que possibilita a ida. A propósito disso, ouçamos o Dr. Oswald Smith, mais uma vez:
"Suponhamos que uma criança caísse num poço. Quem receberia a recompensa pelo salvamento da criança, a pessoa que segurou a corda ou a que desceu para apanhar a criança no fundo do poço?
Deus diz que ambos participarão igualmente. Aquele que fica em cima e torna possível a descida do outro, merece ser tão recompensado quanto o que desceu.
É possível que não possais descer; é possível que nunca vísseis uma terra estrangeira; apesar disso, podeis segurar a corda. Podeis tornar possível a ida de alguém.
Podeis mandar um substituto; se o fizerdes, se oferecerdes o vosso dinheiro para isso, vossa recompensa será tão grande como a recompensa daqueles que foram.
Todos devem fazer parte da brigada dos baldes, quando se apaga um incêndio. Não é necessário que vós mesmos lanceis a água ao fogo, ocupando o primeiro lugar na fila: Basta que fiqueis no meio da fila, recebendo e passando a água. O importante é que tomeis parte ativa no esforço. Estais fazendo alguma coisa, ou não passais de espectadores?
Nosso lema deve ser este: "Cada cristão um missionário".
Conclusão
"Amor é a responsabilidade de um Eu por um Tu". Deus se responsabilizou por nosso futuro, pela nossa felicidade, quando nos enviou Jesus. A luz desta verdade sublime, podemos avaliar a grandeza de nossa responsabilidade pessoal.
Lista de estudos da série
1. Não é só um prédio: Descubra o verdadeiro propósito da Igreja – Estudo Bíblico sobre a Missão da Igreja2. Mais que palavras: Proclame a mensagem do amor de Deus que salva – Estudo Bíblico sobre o Evangelho
3. Fé inabalável: Como construir uma certeza que resiste a qualquer dúvida – Estudo Bíblico sobre Convicção Cristã
4. Não na sua força: Receba o poder do alto para testemunhar com autoridade – Estudo Bíblico sobre o Poder do Espírito Santo
5. O fogo de Deus: Acenda em seu coração o amor que move o céu pelas almas perdidas – Estudo Bíblico sobre Paixão por Almas
6. O método de Deus: Descubra como Jesus preparou seus discípulos para mudar o mundo – Estudo Bíblico sobre Métodos Evangelísticos
7. Quebrando fronteiras: Leve o Evangelho da sua rua até os confins da Terra – Estudo Bíblico sobre o Alcance Missionário
8. A hora é agora: Como aproveitar cada oportunidade para falar de Jesus – Estudo Bíblico sobre Oportunidades de Evangelismo
9. Contagem regressiva: Por que a tarefa de evangelizar não pode esperar para amanhã – Estudo Bíblico sobre a Urgência da Pregação
10. O mapa da salvação: O papel insubstituível da Bíblia na obra missionária – Estudo Bíblico sobre a Bíblia em Missões
11. A colheita celestial: Descubra os frutos eternos do seu trabalho para Deus – Estudo Bíblico sobre os Resultados do Evangelismo
12. A tarefa é sua: Entenda por que a Grande Comissão começa com você – Estudo Bíblico sobre Responsabilidade Pessoal