Não na sua força: Receba o poder do alto para testemunhar com autoridade – Estudo Bíblico sobre o Poder do Espírito Santo

Zc 4.6
Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.

Certa vez um pai aflito recorreu a Jesus, em favor do filho endemoninhado; já havia rogado aos discípulos do Senhor, e estes nada puderam fazer (Mc 9.17,18). "E eles não puderam ..."

Essa declaração soa como que humilhante atestado de fracasso! Ouvi de ilustre pregador uma frase que me causou profunda impressão. Ei-la: "Nossa época exige crentes fortes; mas, infelizmente, está caracterizada por crentes fracos". Não é uma acusação, mas um diagnóstico.

O nosso mal, diz o Dr. Stanley Jones, não é o anticristianismo, é o subcristianismo. E a cura deste mal, e a superação do fracasso, está numa vida cheia de poder.

Antes de iniciarem a grande obra missionária, os discípulos receberam poder. Esta é também a condição para a Igreja, para todos os crentes interessados na salvação das almas. Examinemos, pois, alguns aspectos deste momentoso assunto:

I. Sua natureza

Constantemente, estamos ouvindo referências aos mais diversos tipos de poderes que se manifestam em nossa época: poder econômico, poder militar, poder atômico, poder negro, poder jovem, poder político, etc. Entretanto, não é de nenhum desses que a Igreja carece; não foi a nenhum desses que Jesus Cristo se referiu.

Em ambos os textos (Lc 24.49 e At 1.8), o Senhor caracteriza bem o tipo de poder que Seus discípulos receberiam:

1. Poder do alto

Tiago diz que "toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes ..." (Tg 1.17).

O escritor sagrado, na poesia cantante do Salmo 121, eleva os seus olhos para as alturas de Deus, na mais firme convicção de que do alto emana o poder que o ampara, guia e protege.

Vem de Deus; é promessa do Pai, o poder que transfigura o Apóstolo acovardado e negador, no pregoeiro destemido e desassombrado de após Pentecoste. E conveniente atentar para 1 Co 2.4,5 e 2 Co 4.7.

2. É poder do espírito santo

"Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo..."

O Espírito Santo, prometido por Jesus, e enviado pelo Pai (Jo 14.16), tem, entre outras funções, a de qualificar o servo do Senhor para a obra de evangelização, para o serviço de testemunho. Nenhum outro ser (anjo ou homem) pode desempenhar tal função.

A Igreja precisa estar atenta à missão gloriosa da terceira Pessoa da Santíssima Trindade, pois sua atuação na terra depende do poder que o Espírito lhe outorga.

Foi assim com Gideão, no remoto passado dos Juizes (Jz 6.34); foi também este o ensino comunicado a Zorobabel, principal edificador do segundo templo de Jerusalém (Zc 4.6); Paulo estava absolutamente convencido dessa verdade soberana, quando ensinou aos crentes a necessidade de se encherem do Espírito Santo (Ef 5.18).

A essa altura, é oportuna a indagação: Qual o poder que está predominando em nossa vida e na vida de nossa Igreja? Poder do dinheiro, do intelectualismo, da carne ou o Poder do Espírito?

Diz bem o Rev. Dr. Oswald Smith, que a Bíblia faz diferença entre o fato de se "ter" o Espírito Santo, o que realmente se dá com todos os crentes, e o fato de estar "cheio" do Espírito, o que acontece com muito poucos.

II. Sua indispensabilidade

Não é por acaso que o Senhor Jesus se refere duas vezes à necessidade de os discípulos receberem o Poder. Também, não é por acaso que as Sagradas Escrituras, em outros lugares, enfatizam o mesmo ensinamento. Esse Poder é de fato indispensável à vida do crente e da Igreja, pelas seguintes razões, entre outras:

1. A tarefa a ser cumprida

O Senhor lhes dera uma missão de caráter eminentemente espiritual: Pregar, em seu nome, o arrependimento para a remissão de pecados, a todas as nações (Lc 24.47); proclamar uma mensagem capaz de levar os pecadores a abandonarem os seus pecados convertendo-se ao Senhor (At 14.15; 26.15-18). Missão de tamanha grandeza jamais seria cumprida sem que eles fossem revestidos do Poder do Espírito.

Sendo esta a missão da Igreja e de cada crente, na atualidade, segue-se, de igual forma, a mesma necessidade do Poder. "É lamentável termos de dizer que a grande massa dos cristãos professos, segundo parece, nunca se impressionou com essa verdade".

É necessário entender que todo crente tem sobre os ombros a grande responsabilidade de ganhar para Cristo o maior número possível de almas. E essa tarefa requer unção e poder do Espírito. A proclamação evangélica não pode estar separada do Espírito Santo.

Se Ele não aplica a Palavra em poder, vã é a tentativa de anunciá-la. A eloquência humana ou a virtude persuasiva de falar não é nada mais que o pano que cobre a urna que contém o corpo inanimado.

Se o Espírito vivificador estiver ausente, o profeta pode pregar aos ossos espalhados sobre o campo, mas é necessário o sopro do céu para fazer reviver os mortos.

2. Os obstáculos no caminho

Desde os primeiros dias de sua história, a Igreja enfrentou barreiras e superou obstáculos. Logo de saída, conspiraram contra ela a intolerância religiosa e fanática dos judeus, o poder militar e pagão dos romanos e o intelectualismo dos gregos. Apesar disso, a Igreja triunfou de modo tão esplendoroso que, no final do século, a mensagem salvadora já se fazia ouvir em diferentes regiões do mundo.

A luta, porém, continua. O inimigo não desiste em seus propósitos. Os obstáculos continuam a ser criados na vida da Igreja e dos indivíduos. Os piores, entretanto, são aqueles que estão dentro de nossa vida e de nossa congregação. Precisamos fazer nossa a oração do salmista (Sl 139.23,24).

3. A necessidade de crescimento

Não basta nascer na família de Deus; é preciso crescer também na graça e no conhecimento do Senhor (2 Pe 3.18). Verifica-se uma diferença flagrante na vida dos discípulos após o Pentecoste.

Aqueles que, no domingo da ressurreição, estavam encurralados, de portas trancadas, com medo dos judeus (Jo 20.19), são os mesmos que após a unção do Espírito, se erguem altaneiros diante do Sinédrio, responsabilizando-o pela crucificação de Cristo, proclamando o Senhor como pedra angular e fonte única da salvação (At 4.10-12). Houve crescimento em espiritualidade e número (At 2.41,47; 5.14).

O plano de Deus é ainda o mesmo para os nossos dias. Ele deseja ver a Igreja se multiplicando em número, formando outras comunidades, mas caminhando no temor do Senhor, e no conforto do Espírito Santo (At 9.31).

Ele é a vida do crente, e este, por sua vez, a vida da igreja. Sem Ele não há evangelização e nem crescimento da Igreja. Ele é a dinâmica espiritual que produz tanto a qualidade quanto a quantidade, na verdadeira evangelização e no verdadeiro crescimento da Igreja do Novo Testamento.

III. Como obtê-lo

Convém deixar claro que, na abordagem desse assunto, não estamos discutindo se o crente tem ou não o Espírito Santo. Indiscutivelmente, todo crente o possui; sem o Espírito Santo em nós, jamais seríamos cristãos, pois "se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Rm 8.9).

O Espírito Santo é quem nos regenera e nos liga a Cristo (Tt 3.5). Entretanto, é igualmente incontestável que, na maioria dos crentes, O Espírito não se manifesta em poder, "porque eles nunca fizeram entrega de si mesmos ao Espírito para que Este os governasse e dirigisse em todas as coisas".

Embora o Poder seja concedido pelo Espírito Santo, há uma participação humana em sua recepção. Há um preço que deve ser pago. Destaquemos alguns aspectos:

1. Submissão incondicional

O Senhor lhes dera uma ordem difícil e crucial: ficar em Jerusalém. Aquele era o lugar menos desejado por eles para ficar; entretanto ficaram, em submissão plena à vontade do Mestre.

Filipe desenvolvia frutífero trabalho evangelístico entre as multidões de Samaria, quando o anjo do Senhor ordenou-lhe ir para a banda do sul, a um caminho deserto, e ele foi sem discutir (At 8.26). Saulo, prostrado no pó, dirigiu ao Senhor a pergunta capital: "Que farei?... "

O Senhor lhe disse, e ele obedeceu (At 22.10,11). De todos esses exemplos de submissão resultaram bênçãos abundantes. Esta, amados irmãos, é nossa obrigação: submissão ao Senhor, ainda que Sua vontade contrarie nossas opiniões.

Será que o Espírito Santo controla todo o nosso ser, preferências, atitudes e palavras? Será que o Espírito reina e governa em cada área de nossa responsabilidade?

É imperioso recordar aqui as palavras de Roberto Summer: "O Espírito Santo não é um poder para nós usarmos, e sim uma pessoa que toma conta de nossas vidas e realiza por meio de nós o seu ministério."

A plena submissão é o passo inicial duma vida cheia do Poder. É do plano do Senhor que demos maior atenção à leitura e meditação em seu Livro Santo; que reservemos tempo para estar a sós com Ele; que nos consagremos mais ao trabalho de Sua Causa; que amemos mais a nossos irmãos.

Estamos agindo assim? Lembremo-nos de que "tudo que os discípulos foram solicitados a fazer, foi permitir que o Espírito Santo tivesse as rédeas completas de suas vidas".

2. Oração confiante

Os discípulos ficaram em Jerusalém, aguardando a promessa, mas ficaram em oração (At 1.12-14). "A oração é o meio de receber o que já é nosso pela fé. A oração oferece a oportunidade ao Senhor para a Maravilhosa concessão".

Se temos o Espírito, supliquemos o revestimento do poder, que nos é concedido pela ação do próprio Espírito. "Tudo que vale a pena possuir, vale a pena pedir". A ordem contida em Ef 5.18...

"é um mandamento apostólico. Isso merece meditação e merece cuidado. Os cristãos desta geração estão no dever de buscar e achar a bênção do Senhor, se quiserem ver seus filhos salvos e identificados no serviço do mestre. Um Cristianismo divorciado do dom do Espírito não glorifica a Cristo. É antes matriz geradora de incrédulos e formais".

Conclusão

Bem sabemos que muito mais pode ser dito a respeito deste assunto. Limitados, porém, pelo espaço de nossas revistas, sugerimos aos irmãos a leitura de dois livros: "Verdadeira Espiritualidade" (Editora Fiel) e “Evangelização Teocêntrica" (PES).

Que sobre nós venha a bênção do Senhor em porção dobrada, conforme o pedido de Eliseu (2 Rs 2.9).


Lista de estudos da série

1. Não é só um prédio: Descubra o verdadeiro propósito da Igreja – Estudo Bíblico sobre a Missão da Igreja

2. Mais que palavras: Proclame a mensagem do amor de Deus que salva – Estudo Bíblico sobre o Evangelho

3. Fé inabalável: Como construir uma certeza que resiste a qualquer dúvida – Estudo Bíblico sobre Convicção Cristã

4. Não na sua força: Receba o poder do alto para testemunhar com autoridade – Estudo Bíblico sobre o Poder do Espírito Santo

5. O fogo de Deus: Acenda em seu coração o amor que move o céu pelas almas perdidas – Estudo Bíblico sobre Paixão por Almas

6. O método de Deus: Descubra como Jesus preparou seus discípulos para mudar o mundo – Estudo Bíblico sobre Métodos Evangelísticos

7. Quebrando fronteiras: Leve o Evangelho da sua rua até os confins da Terra – Estudo Bíblico sobre o Alcance Missionário

8. A hora é agora: Como aproveitar cada oportunidade para falar de Jesus – Estudo Bíblico sobre Oportunidades de Evangelismo

9. Contagem regressiva: Por que a tarefa de evangelizar não pode esperar para amanhã – Estudo Bíblico sobre a Urgência da Pregação

10. O mapa da salvação: O papel insubstituível da Bíblia na obra missionária – Estudo Bíblico sobre a Bíblia em Missões

11. A colheita celestial: Descubra os frutos eternos do seu trabalho para Deus – Estudo Bíblico sobre os Resultados do Evangelismo

12. A tarefa é sua: Entenda por que a Grande Comissão começa com você – Estudo Bíblico sobre Responsabilidade Pessoal

Semeando Vida

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