Mc 16.15
Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.
O Dr. Vissert Hooft declara, com muito acerto, em uma das suas obras, que a Igreja está lançada em um mundo no qual todas as forças estão agindo. Claro está, que a Igreja não pode ocupar a posição de mera observadora diante das forças que furiosamente agem sobre o comportamento e o destino dos homens.
A igreja, como povo de Deus, tem uma missão a cumprir neste mundo conturbado. É nosso dever conhecer bem esta missão, determinar-lhe o valor e cumpri-la com dignidade e alegria.
I. É a missão definida nas escrituras
"Para que a Igreja tenha êxito em sua grande missão no mundo, deve trabalhar sob a direção das Sagradas Escrituras".
Quando nos tornamos membros comungantes da Igreja, declaramos aceitar a Bíblia como nossa única regra de fé e de prática.
Convém notar que entre as verdades expressas nas Sagradas Escrituras estão aquelas que se relacionam com a tarefa ou missão da Igreja, no mundo. Por isso mesmo, não há mais necessidade de gastar tempo ou dinheiro em reuniões e congressos para se descobrir qual a missão da Igreja.
Admite-se o estudo e o debate que enfatizem a missão claramente definida nas Escrituras; aceita-se como louvável todo esforço para despertar e inspirar os crentes, quanto ao pleno cumprimento dessa missão.
Em nossos textos básicos, o Apóstolo Paulo sintetiza todo o pensamento neotestamentário a respeito do assunto. Destaquemos algumas características:
1. Missão reconciliadora
Há nestes versículos três afirmações de extraordinário significado:
a) "... e nos deu o ministério da reconciliação". Observemos que, após reconciliar-nos consigo mesmo, por meio de Jesus Cristo, o Senhor nos transforma em instrumentos benfazejos, concedendo-nos o ministério da reconciliação. A palavra ministério é diaconia, no grego, língua do Novo Testamento, significando serviço, tarefa, administração.
Conclui-se, portanto, que a Igreja do Senhor tem como serviço ou tarefa - a reconciliação do homem com Deus. Notemos que esta missão é dada por Deus à Igreja e não a um sistema político, econômico ou filosófico.
b) "... e nos confiou a palavra da reconciliação". Nesta declaração apostólica se manifestam duas verdades de profunda significação: Deus confia em seus servos; a missão concedida à Igreja representa um ato de confiança que não pode ser desmerecido, nem atraiçoado. A segunda verdade é que a reconciliação só se efetua mediante a Palavra de Deus, anunciada e aceita pela fé (Rm 10.17).
Daí se deduz que a pregação do Evangelho não visa primeiro reformas políticas ou sociais; tudo isso virá como resultado da reforma do homem, que se reconciliou com Deus, mediante a Palavra viva e eficaz (Jo 6.63; Hb 4.12).
c) "... Em nome de Cristo, pois. rogamos que vos reconcilieis com Deus". Após definir os crentes como embaixadores e porta-vozes de Deus, o Apóstolo coroa o ensino quanto à tarefa reconciliadora da Igreja, destacando o empenho com que a missão deve ser cumprida. Há um interesse vivo e apaixonante nas palavras do versículo 20. E assim que o crente deve buscar a salvação do pecador.
Mas além de Reconciliadora, a Missão da Igreja é definida nas Sagradas Escrituras com um outro qualificativo também sublime:
2. Missão reveladora
Ο Αpóstolo se refere às insondáveis riquezas de Cristo, ao ministério oculto em Deus e à multiforme sabedoria. O coro da mensagem dirigida por Paulo aos cristãos espalhados pelo mundo romano era que o segredo do propósito de Deus, até aqui escondido de toda a humanidade, fora agora revelado.
O objetivo da sua carta era informá-los de que tinha brilhado uma luz nas trevas da condição do homem e de que o enigma trágico da vida humana tinha sido decifrado por uma Revelação Divina.
A esta revelação, ou antes ao Segredo Revelado, chamou ele "Mistério". Ele, Paulo, fora por Deus constituído como "mordomo" ou "executor" deste "Mistério", para tornar de todos os homens conhecido o "plano", "o plano do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou" (Ef 3.9).
O cumprimento desta função especial como "Executor", de que tinha sido encarregado, para ver se o conhecimento do "Mistério" fosse difundido pelo mundo inteiro, Paulo o relacionou intimamente com o seu ofício de "Ministro do Evangelho", a quem Deus tinha separado "para pregar aos gentios as incompreensíveis riquezas de Cristo" (3.7-8). Para ele e para sua missão apostólica, o "Mistério", o "Evangelho" e "Cristo", estão in- separavelmente unidos.
São apropriadas algumas observações, antes de irmos mais adiante, a respeito do termo "Mistério", como é aqui empregado por Paulo. É importante ter em mente que o seu uso do termo nada tem que ver com o emprego moderno do mesmo.
Hoje em dia, entendemos por "Mistério" alguma coisa estranha, inescrutável, enigmática, algo que necessita de ser decifrado e para o qual é indispensável uma chave. Assim é que falamos acerca de "novelas de mistério". Ora, Paulo significava por "Mistério" exatamente o contrário do que entendemos nós.
Para ele, "Mistério" era um segredo, antes escondido e agora desvendado. O "Mistério", portanto, era o "segredo revelado", uma verdade divina, supremamente importante, que Deus tinha antes mantido em segredo, mas agora tornada conhecida.
E cabe à Igreja revelar aos homens, no poder do Espírito Santo, essas riquezas insondáveis de Cristo, traduzidas na bênção da paz, da alegria e da eterna esperança.
Pelo exposto acima podemos verificar ser a missão da Igreja a mais importante de todas as missões na terra. Reconciliando o homem com Deus por meio de Jesus Cristo, a Igreja glorifica ao Senhor e abençoa a humanidade.
E esta é a verdade que, despontando no Gênesis (12.2), percorre toda a Bíblia. Deus nos abençoa para que sejamos uma bênção para o mundo. Esta missão abençoadora traz consigo outra significação notável:
II. É permanente em sua eficácia
A mensagem que reconcilia e revela o mistério de Deus e as riquezas de Cristo não envelhece nem é superada. Verifiquemos duas razões, entre outras, que justificam a eficiência perene da missão da Igreja:
1. As constantes necessidades humanas
A partir da hora em que o pecado entrou no mundo, a alma humana ficou enferma, desorientada e aflita.
E à medida que avançamos no tempo, os problemas se agravam e as necessidades se avolumam. Vejamos apenas um exemplo: A necessidade de paz! Basta dar uma olhada nos jornais ou ouvir os noticiários para que constatemos o estado de angústia em que vivem os indivíduos e as nações.
Em 1967, foi publicado no Brasil o livro "Quem me Dera Ter Paz". Seu autor, o psicólogo evangélico, Dr. Henry R. Brandt, assim se pronuncia em seu prefácio: "Este livro é o resultado de muitos anos de experiências como orientador espiritual.
Nele procuro apresentar minhas ideias sobre saúde mental, sobre o conhecimento de si mesmo e paz interior, em termos de pessoas reais com problemas reais, muitas das quais lutaram por conseguir a paz e que a encontraram somente por meio de Cristo e Sua Palavra. Se você ainda não recebeu Cristo como Salvador, não está em paz com Deus.
Você é um inimigo de Deus (Rm 5.6,10), precisando da reconciliação com Ele (2 Co 5.20b). Precisa reconhecer seus pecados e confiar em Cristo como Salvador. Precisa vir a Jesus Cristo, a única fonte verdadeira de paz duradoura (Ef 2.14)".
Observemos que o Dr. Brandt afirma que a paz só é conseguida por meio de Cristo e sua Palavra. Vale a pena consultar Jo 14.27 e Sl 119.165. Esta é apenas uma das múltiplas necessidades humanas que só a bênção do Evangelho pode satisfazer! Por tudo isso, cresce em importância a missão da Igreja.
2. A precariedade de outros recursos
Ante a grandeza dos problemas humanos, várias soluções têm sido propostas: educação, reforma social, organização, prosperidade econômica, etc.
Respeitada a validade desses elementos em seus devidos limites, sabemos que eles não atendem às necessidades fundamentais e básicas do espírito humano.
O homem instruído, dotado de conhecimento, mas vazio de Deus, pode se tornar uma fera potenciada pela instrução. A ciência tem-se tornado também uma ameaça e um perigo.
Somos informados que nos países mais desenvolvidos se verificam, atualmente, os mais altos índices de crimes e suicídios. A Organização das Nações Unidas (ONU) não tem podido manter a paz entre os povos a ela filiados.
Os recursos humanos são precários e ineficazes. Só mesmo a mensagem da cruz sangrenta assegura, por meio de Jesus Cristo, o atendimento ao clamor de um mundo agonizante.
E para esta realidade indiscutível, precisamos estar alerta, pois a nós compete transmitir aos homens a palavra de reconciliação, de esperança e de certeza em Cristo.
Conclusão
Satanás, o arqui-inimigo da humanidade, tem-se empenhado, profundamente, na tentativa de desviar a Igreja de seu alvo e missão.
Lamentavelmente, tem conseguido perturbar alguns líderes desavisados, levando-os a crer que a missão da Igreja deve ser hoje apenas na dimensão horizontal, na melhoria das condições de vida.
Além disso, o inimigo tem lançado mão de outros recursos como mundanismo que compromete, ecumenismo que neutraliza e comodismo que esfria a fé.
Mt 6.33
E, porém, necessário resistir a essas tentações, firmados nas palavras do Senhor Jesus: "Buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, e as demais cousas vos serão acrescentadas".
Lista de estudos da série
1. Não é só um prédio: Descubra o verdadeiro propósito da Igreja – Estudo Bíblico sobre a Missão da Igreja2. Mais que palavras: Proclame a mensagem do amor de Deus que salva – Estudo Bíblico sobre o Evangelho
3. Fé inabalável: Como construir uma certeza que resiste a qualquer dúvida – Estudo Bíblico sobre Convicção Cristã
4. Não na sua força: Receba o poder do alto para testemunhar com autoridade – Estudo Bíblico sobre o Poder do Espírito Santo
5. O fogo de Deus: Acenda em seu coração o amor que move o céu pelas almas perdidas – Estudo Bíblico sobre Paixão por Almas
6. O método de Deus: Descubra como Jesus preparou seus discípulos para mudar o mundo – Estudo Bíblico sobre Métodos Evangelísticos
7. Quebrando fronteiras: Leve o Evangelho da sua rua até os confins da Terra – Estudo Bíblico sobre o Alcance Missionário
8. A hora é agora: Como aproveitar cada oportunidade para falar de Jesus – Estudo Bíblico sobre Oportunidades de Evangelismo
9. Contagem regressiva: Por que a tarefa de evangelizar não pode esperar para amanhã – Estudo Bíblico sobre a Urgência da Pregação
10. O mapa da salvação: O papel insubstituível da Bíblia na obra missionária – Estudo Bíblico sobre a Bíblia em Missões
11. A colheita celestial: Descubra os frutos eternos do seu trabalho para Deus – Estudo Bíblico sobre os Resultados do Evangelismo