2 Tm 1.12
Porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia.
Certa jovem universitária, de família protestante, nos Estados Unidos, confrontou-se em termos de fé com duas colegas, uma espírita e outra materialista, que facilmente a tumultuaram.
Chegando à sua casa, em pânico, a jovem ligou o telefone para o pastor da Igreja que frequentava e lhe fez um pedido dramático e embaraçoso: "Pastor, pelo amor de Deus, me ajude, diga-me em que é que eu creio."
Por convicção entendemos a certeza obtida através de fatos ou razões que não deixam dúvidas e que são de nosso conhecimento. E na gloriosa tarefa de ganhar almas para Cristo, esta certeza é de importância decisiva. Apreciemos alguns dos seus aspectos mais expressivos:
I. Fundamentos da convicção
A convicção para ter validade deve apoiar-se em bases sólidas, originando-se de verdades inquestionáveis. A luz de nosso texto básico, verificamos que a convicção cristã do Apóstolo se fundamentava nos seguintes elementos:
1. A pessoa de Cristo
Para o Apóstolo, Jesus Cristo não era apenas um vulto histórico, de existência comprovada; era, sobretudo, o Vencedor da morte e Doador da vida, mediante o Evangelho (2 Tm 2.10). Foi esta, igualmente, a convicção que fez vibrar a alma de todos os demais Apóstolos, pregadores e mártires do Cristianismo.
Logo após encontrar-se com Jesus e convencer-se de sua legitimidade messiânica, Filipe encontrou Natanael e lhe falou do grande achado. Ante a contestação de Natanael, Filipe não discutiu, convidou-o a uma experiência pessoal: Vem e vê! (Jo 1.43-46).
Esta é a nota dominante do Cristianismo. Precisamos ter a convicção de que em Jesus Cristo se encontram as promessas e os recursos de Deus para as necessidades do ser humano. E essa convicção resulta de alguns fatos mui importantes:
a) As declarações do próprio Cristo a seu respeito. Ele não diz ter, mas ser a bênção de que necessita o espírito humano: Jo 6.35; 8.12; 10.7; 11.25; 14.6.
b) As promessas que Ele faz: Mt 11. 28; Jo 6.39; 10.28; 14.27. É evidente que até hoje nenhum homem se julgou capaz de fazer tais promessas, pois elas ultrapassam, em tudo, as possibilidades humanas.
c) A experiência dos seus seguidores. O exercício da fé na pessoa, na palavra e nos feitos de Jesus Cristo tem proporcionado aos seus seguidores experiências consoladoras e comprovativas: At 4.11-13; 5.30-32; Ef 1.3-7; 2.14.
Além dessas afirmações, todas elas calcadas na experiência dos primeiros seguidores, temos, ao longo da História, "uma grande nuvem de testemunhas" que dia a dia confirma a veracidade indiscutível da pessoa e da ação benfazeja do Senhor Jesus, como Salvador exclusivo da humanidade (At 4.12; 1 Tm 2.5).
E na tarefa missionária, temos de ter essa convicção; temos de saber o que Cristo é e o que Ele faz. Sem isso, fracassaremos.
Prosseguindo no exame das declarações paulinas, verificamos que sua convicção também repousa sobre outro fundamento igualmente significativo:
2. A veracidade e importância da palavra divina
O obreiro que não tem de que se envergonhar, o crente que se esforça na conquista de almas, há de manejar bem a Palavra da Verdade, movido por uma profunda certeza, a respeito dos seguintes pontos:
a) A Bíblia como revelação de Deus. "Através das páginas das Escrituras Sagradas se pode ouvir uma voz penetrante, dotada de acentos divinos". O Deus Soberano, o Criador Onipotente que se manifesta na exuberância da criação, é também o Pai, o Amigo e o Senhor, cuja pessoa e vontade são reveladas nas Escrituras.
Nenhum livro na terra, além da Bíblia, nos fala com tanta clareza e exatidão a respeito da eternidade, da justiça, da sabedoria, da santidade, do poder e do amor de Deus.
b) A Bíblia como fonte de nossa fé. Só existem cristãos porque existe a Bíblia. Segundo Emil Brunner, a Bíblia é o terreno donde procede toda a fé cristã, pois sem a Bíblia nada saberíamos de Jesus Cristo, cujo nome, em realidade, levamos.
Inspirada pelo Espírito Santo de Deus (2 Pe 1.21), a Escritura Sagrada contém toda a verdade a respeito da origem do homem, de sua finalidade na terra e de seu destino eterno. É ela quem nos comunica o plano glorioso de nossa redenção, em Cristo.
c) A Bíblia como luz para o caminho. Blaise Pascal, o ilustre pensador francês, disse com muito acerto que Deus tem, para com a humanidade, a obrigação moral de não conduzi-la pelos caminhos do erro.
Por isso mesmo, o Apóstolo recomenda a Timóteo manter o padrão das sãs palavras que dele ouvira. Isso porque na desorientação moral e espiritual do mundo, a Palavra de Deus é o único fanal capaz de conduzir os homens ao porto desejado, iluminando-lhes a caminhada.
Por essas e outras razões, a evangelização do mundo requer dos seus encarregados não apenas o conhecimento, mas, sobretudo, a convicção a respeito da veracidade e da importância da Palavra de Deus.
II. Os efeitos da convicção
Um cidadão que se dizia ateu, e que ouvia, regularmente, determinado pregador, foi interrogado a respeito dessa atitude, e respondeu da seguinte forma: "Aquele homem fala com tanta convicção que vale a pena ser ouvido até mesmo por um ateu".
A convicção sempre produz resultados notáveis, tanto sobre aqueles que a possuem, como sobre os que os rodeiam. Analisemos alguns:
1. Entusiasmo na proclamação
José Ingenieros, em seu livro "As Forças Morais", declara com muito acerto, que sem entusiasmo não se pode servir a formosos ideais. E só a convicção outorgada pelo Espírito Santo pode gerar entusiasmo na proclamação do Evangelho.
Quando Pedro e João foram pressionados pelo Sinédrio (Tribunal superior ou Conselho Supremo dos judeus, onde se decidiam as questões de Estado e de religião), para não mais falarem no nome de Jesus, responderam com a alma em chamas que não podiam deixar de falar das coisas que viram e ouviram (At 4.18-20). A vivência com o Senhor lhes dera convicção; e esta lhes acendia na alma a chama crepitante do entusiasmo, na propagação da fé.
E esta é a nossa necessidade nos dias que passam. A causa do Senhor precisa de homens e mulheres, jovens e anciãos tocados pelo fogo do altar (Is 6.6-7) para terem entusiasmo na comunicação do Evangelho.
2. Coragem para o sacrifício
Diz o Apóstolo, em nosso texto, que Deus não nos tem dado espírito de covardia... E esta verdade soberana tem sido comprovada em todas as épocas, na História da Igreja, desde os seus primórdios.
Ameaçada pela intolerância religiosa dos judeus, a Igreja de Jerusalém fez uma oração triunfante, na qual pediu coragem, intrepidez para continuar anunciando a Palavra do Senhor (At 4.29). Paulo declara aos presbíteros de Éfeso que em nada considera a vida preciosa para ele mesmo (At 20.24). E como se isso não bastasse, convida a Timóteo a participar dos sofrimentos, a favor do Evangelho, segundo o poder de Deus (2 Tm 1.8).
3. Eficiência no testemunho
Em At 2.41, lemos do extraordinário resultado da pregação de Pedro, no dia de Pentecoste. O testemunho do Apóstolo, transpira convicção. E esta certeza do que dizia penetrou como espada do Espírito o coração dos milhares que naquele dia creram.
Outro exemplo notável encontramos em Estevão. Os inimigos, não podendo sobrepor-se à sabedoria do Espírito com que ele falava, subornaram falsas testemunhas, que, cinicamente, o acusaram. Mataram o ilustre Diácono mas não conseguiram ofuscar o brilho do seu testemunho, nem eliminar seus resultados positivos.
A evangelização do mundo carece de homens e mulheres que tenham na alma a âncora da convicção e da fé nos atos de Deus. Só esse tipo de crente é capaz de, nas mãos do Espírito, causar impressões salvadoras que resultem na conversão dos pecadores e na glorificação de Deus.
Conclusão
Há alguns anos, na Inglaterra, um assassino condenado - Charles Peace - estava sendo conduzido ao cadafalso, para a execução. A seu lado estava um clérigo que lhe falava.
Passados alguns momentos, Charles Peace, de súbito, falou: "O Senhor crê realmente no que me está dizendo?" "Sem dúvida", respondeu o clérigo, um tanto abalado pela veemência da pergunta.
"Não, o senhor não crê", retrucou Peace, com voz pesada. "Se eu cresse no que o senhor afirma crer, correria ou mesmo rastejaria por toda a Inglaterra e pelos campos, ainda que estivessem cheios de cacos de vidro, para falar a homens e mulheres a respeito da minha fé. Não, o senhor mesmo não crê naquilo que professa!"
É provável que Charles Peace não estivesse muito longe da verdade. Será que os homens poderiam apontar para você, dizendo: "O senhor mesmo não crê no que professa?" Milhões de indivíduos perdidos, no dia do juízo, poderão lançar sobre nós a culpa de sua sorte. É necessário vivermos na prática da fé que professamos. Nossa convicção precisa render lucros para o Reino de Deus!
Lista de estudos da série
1. Não é só um prédio: Descubra o verdadeiro propósito da Igreja – Estudo Bíblico sobre a Missão da Igreja2. Mais que palavras: Proclame a mensagem do amor de Deus que salva – Estudo Bíblico sobre o Evangelho
3. Fé inabalável: Como construir uma certeza que resiste a qualquer dúvida – Estudo Bíblico sobre Convicção Cristã
4. Não na sua força: Receba o poder do alto para testemunhar com autoridade – Estudo Bíblico sobre o Poder do Espírito Santo
5. O fogo de Deus: Acenda em seu coração o amor que move o céu pelas almas perdidas – Estudo Bíblico sobre Paixão por Almas
6. O método de Deus: Descubra como Jesus preparou seus discípulos para mudar o mundo – Estudo Bíblico sobre Métodos Evangelísticos
7. Quebrando fronteiras: Leve o Evangelho da sua rua até os confins da Terra – Estudo Bíblico sobre o Alcance Missionário
8. A hora é agora: Como aproveitar cada oportunidade para falar de Jesus – Estudo Bíblico sobre Oportunidades de Evangelismo
9. Contagem regressiva: Por que a tarefa de evangelizar não pode esperar para amanhã – Estudo Bíblico sobre a Urgência da Pregação
10. O mapa da salvação: O papel insubstituível da Bíblia na obra missionária – Estudo Bíblico sobre a Bíblia em Missões
11. A colheita celestial: Descubra os frutos eternos do seu trabalho para Deus – Estudo Bíblico sobre os Resultados do Evangelismo
12. A tarefa é sua: Entenda por que a Grande Comissão começa com você – Estudo Bíblico sobre Responsabilidade Pessoal