Para começar, vamos ver três histórias curtas e diferentes:
A cidadezinha do interior do Nordeste
Em um "cantão" do Nordeste, em uma cidadezinha que nem aparece no mapa, algo extraordinário aconteceu. O evangelho ainda não havia chegado ali, quando um grupo de crentes finalmente apareceu anunciando a nova mensagem que ia contra todos os princípios dos líderes religiosos e políticos da cidade.
Foi planejado um grande boicote aos novos crentes, mas a mensagem de libertação foi mais forte do que os conceitos e preconceitos existentes. Muitos se converteram em apenas duas semanas de contato com os crentes que ali chegaram. Em pouco tempo, aquela igreja cresceu e começou a espalhar pela cidade a novidade da vida em Jesus.
Uma cidade lá na Indonésia
Um missionário que saiu aqui do Brasil só para trabalhar com crianças na Indonésia começou o seu trabalho e, em pouco tempo, tinha sob seus cuidados várias crianças e adolescentes. Muitos haviam perdido suas famílias em diversos confrontos armados.
Na Indonésia os cristãos são perseguidos. O missionário viu crianças e adolescentes morrerem afirmando que amavam a Jesus. Mas ele continua seu trabalho ali. Deus o tem mantido lá, juntamente com a sua esposa e os 54 filhos que adotaram em dez anos de ministério.
Qualquer grande cidade do nosso país
Em algum lugar do país, pessoas entram e saem de suas igrejas sem pânico. Têm liberdade e podem fazer qualquer coisa sem que ninguém as persiga. A música que entoam é a mais envolvente que existe, é moderna (nada de caretice).
O pastor pode pregar sem medo, pois ninguém vai impedi-lo de falar. O culto é livre. Muitos se convertem, mas demora um pouco a se acostumarem com as doutrinas dos evangélicos. Pode-se dizer que vivem em paz com todos.
1. A espera
Jesus já havia morrido e ressuscitado. Desde sua morte os apóstolos haviam ficado assustados, acuados, com medo do que poderia acontecer a eles.
Mas Jesus não se esqueceu dos seus discípulos e amigos, ele voltou para os que escolheu (At 1.3-11). Eles estiveram juntos durante 40 dias. Jesus disse que eles ficassem em Jerusalém até que o Espírito Santo se manifestasse(At 1.4).
Está aí algo difícil para nós: esperar. Somos inquietos. Ficar esperando? Essa não parecia ser uma boa ideia. Quem ficou em Jerusalém aguardando? Lucas fala de três grupos distintos, você pode identificá-los em Atos 1.13,14.
São eles: os 11 apóstolos (Judas já não estava com eles), as mulheres, e os irmãos de Jesus. Estes foram perseverantes, pois viram Jesus vivo, com provas de que esteve morto, mas ressuscitou.
Antes da vinda do Espírito, os seguidores de Jesus escolheram um outro apóstolo para substituir Judas Iscariotes, que havia traído Jesus e se matado. O número dos que estavam reunidos era de "umas cento e vinte pessoas" (At 1.15) e escolheram Matias.
2. O fim da espera e seus frutos (e quantos frutos!)
Passados alguns dias, enquanto os discípulos estavam reunidos em oração, o Espírito Santo se manifestou. Aqueles irmãos que estavam ali aguardando viram milagres acontecer, e começaram a falar em outras línguas, e pessoas se converteram.
De repente, aquele grupo de 120 pessoas passou para aproximadamente 3000, 25 vezes mais. Já imaginou se a sua classe de adolescentes aumentasse 25 vezes em poucos minutos? Agora? Que loucura.
Mas não foi uma loucura, foi uma bênção. Alí começava a Igreja Primitiva. Os textos básicos da lição, Atos 2.42-47 e também Atos 4.32-35, deixam uma imagem tão boa da nova igreja. Eles perseveravam, isso é, permaneciam firmes; estavam juntos louvando a Deus, orando; eles dividiam tudo o que tinham; e Deus os abençoava a cada dia.
Eles eram admirados pelos de fora.
É claro que um grupo assim acabaria preocupando os líderes religiosos da época. Ao contrário dos novos cristãos, aqueles líderes não tinham sentimentos tão agradáveis:
- Eles estavam ressentidos por verem o evangelho crescer (At 4.1-4);
- Maquinavam o mal e faziam ameaças (At 4-15- 18,29);
- Tinham inveja (At 5.17,18); eram medrosos (At 5.26,28);
- Dominadores e opressores (At 5.40);
- Caluniadores e mentirosos (At 6.11,13).
Eles conspiravam contra os cristãos com ódio, rancor e sem nenhuma misericórdia. Eles tentaram de todas as formas impedir o crescimento da igreja. Tentaram difamar a mensagem e chegaram a matar um inocente, Estevão, que foi o primeiro mártir da igreja.
3. Perseguição gera medo?
Não. Gera evangelização.
O sofrimento com a morte de Estevão parece suficiente, mas o capítulo 8 narra uma perseguição tão forte que provocou mudanças drásticas na vida da igreja.
Até este momento a igreja permanecia em Jerusalém, mas Jesus havia dito para eles aguardarem o Espírito Santo e tomarem outro rumo: eles deveriam levar o evangelho para toda Judéia, Samaria e até os confins da terra (At 1.8).
Logo após a grande perseguição que se levantou contra a igreja, narrada em Atos 8.1-3, os cristãos, exceto os apóstolos, foram dispersos para a Judéia e Samaria.
Isso significa que se espalharam por toda a região. Eram mais de três mil convertidos espalhados nestas duas regiões. Isso significa aproximadamente três mil missionários pregando o evangelho.
A perseguição pode trazer sofrimento, tristeza e medo; mas, nestes primeiros cristãos, ela foi positiva para o crescimento da igreja.
Embora fossem frágeis e tivessem medo, eles eram consolados e fortalecidos pelo Espírito Santo (9.31), nada era tão importante quanto fazer a vontade de Deus (4.19,20 e 5.29).
Eram perseguidos pelos judeus, pelos líderes religiosos e pelos governantes da época, como foi o caso de Herodes, que matou Tiago, irmão de João, e pensava fazer o mesmo a Pedro (At 12.1-8).
Nesta caminhada difícil, homens foram se convertendo, o evangelho foi pregado por toda parte. Mesmo tendo sido um dos maiores perseguidores e tendo consentido na morte de Estevão, Saulo (o mesmo Paulo) se converteu ao evangelho e não pôde resistir ao chamado. O próprio Jesus falou com ele.
Por meio de Paulo o evangelho chegaria mais longe. Lembram-se de Atos 1.8? Até aqui as notícias são de que o evangelho havia sido pregado em Jerusalém, nas regiões da Judéia e Samaria, mas faltava um item. Qual? Os confins da terra.
Veja o que o Livro de Atos narra sobre as missões de Paulo: 13.1-3; 15.36-41; 18.24-28; 23.11; e 28.31. Ele foi levado a muitos lugares, foi preso, açoitado, perseguido, fugitivo, etc., mas não deixou de pregar.
Ele foi instrumento de Deus para falar com homens poderosos de sua época e o Senhor The disse: "... Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma”.
4. Como a história chegou aqui?
No início da Igreja Primitiva, quanto mais ela era perseguida, mais firme e fiel se tornava, mais aumentava em número. Eles sofriam com as perseguições, mas isso não era motivo para desistirem, ao contrário, dava força para continuarem anunciando o evangelho.
No século 40, finalmente a igreja deixou de ser perseguida e se tornou a religião oficial do Império. Puxa, que alívio! Acabou toda aquela perseguição? Acabou aquele negócio de morrer por causa do evangelho?
Realmente acabou tudo isso, mas, aos poucos, a comunhão, o partir do pão, a fidelidade, o amor, foram esfriando e também acabaram. A igreja ficou cheia de pessoas sem compromisso, sem razão para estarem ali.
Como era a religião oficial do império, quem não aderisse poderia perder privilégios e regalias; então, qualquer um que nem sabia sobre Cristo e sua obra, vinha para igreja. A igreja foi perdendo a sua razão, perdendo o motivo da fé: Jesus Cristo.
Isso durou 12 séculos, até que a Reforma aconteceu. Muitos homens tentaram trazer a igreja de volta para o Caminho (At 24.14), mas foram perseguidos e alguns deles foram mortos.
Finalmente, em 1517, Martinho Lutero conseguiu proclamar a mensagem de libertação. Aos poucos a mensagem de Cristo Salvador e Libertador se espalhou e muitos homens de Deus se levantaram para proclamá-lo, da mesma forma que foi com os primeiros cristãos, pois também foram perseguidos, mas não desistiram.
Enquanto o Brasil acabava de ser descoberto a Reforma ganhava forças (temos quase a mesma idade).
5. Conclusão
Nosso mundo, nossa igreja, 5 séculos depois da Reforma...
Não seria possível descrever aqui a igreja do século 21, mas você, com a sua classe, pode fazer a análise. As três histórias narradas no início da lição são atuais. Cabe a você ver qual é a sua realidade, em qual das situações você se encaixa.
Você vive em uma igreja acomodada, em uma igreja perseguida, em uma igreja em expansão? O que glorifica a Deus? O que é mais importante para sua vida? É necessário batalhar pela proclamação do evangelho e reagir às perseguições locais e aos ataques inflamados do diabo como a Igreja Primitiva reagiu: com oração.
Aplicação
Você viu no decorrer da lição que homens e mulheres deixaram de viver suas próprias vidas para viver a vida cristã, vida de comunhão, oração, louvor, perseguição e evangelização.
Nunca desanimaram, mas continuaram firmes e, por isso, o evangelho chegou aos nossos dias. Independentemente de homens e religiões, o evangelho vai continuar e a igreja de Cristo vai permanecer. E você:
- Tem se enchido do Espírito Santo, orado e buscado a comunhão?
- Participa ativamente na sua igreja, dividindo e compartilhando com os demais aquilo que Deus tem lhe dado?
- Acha a sua igreja muito distante do que era a Igreja Primitiva? O que você pode fazer para ajudá-la? Tem orado por ela constantemente?
- Está pronto a pregar o evangelho no meio de amigos que possam achá-lo careta (isso é um tipo de perseguição)?
Autor: LEANDRO ANTÔNIO DE LIMA