Texto Básico: Atos 13-14
Viagens de férias são tão boas. Imagine um pacote completo pelo sul do país. Andando por Santa Catarina, passando por Joinville e Camboriú e chegando a Florianópolis, uma ilha maravilhosa, cercada por cerca de 100 praias.
E seguindo para o estado do Rio Grande do Sul, com suas cidades em estilo europeu, conhecendo sua bela capital, Porto Alegre, considerada uma das melhores cidades do Brasil.
Barnabé e Paulo partiram numa viagem que passava pelas ilhas de Chipre, seguia para a Pisídia e percorria toda Galácia, que ficava na Ásia Menor.
A grande diferença é que isso não era um pacote turístico e nem sempre eles saíam da cidade caminhando tranquilamente, como bons turistas, fotografando tudo; pelo contrário, normalmente saíam fugidos.
Mesmo assim, perseguidos, apedrejados, fugitivos, saíam de cada cidade com a alegria e a sensação de terem saído do melhor passeio de suas vidas, pois muitas pessoas tinham ouvido e crido em Jesus Cristo.
1. Uma igreja perseguida
Onde quer que os missionários chegassem, o primeiro lugar que visitavam era a sinagoga. Ali os judeus tinham a liberdade de estudar as Escrituras do Antigo Testamento e expor assuntos diversos.
O chefe da sinagoga sempre dava esta oportunidade (veja Lc 4-18; At 13.15; Mc 6.2 e At 14.1). Até os nossos dias os judeus se reúnem em sinagogas. Todo homem judeu poderia receber permissão para falar na sinagoga.
Em Antioquia da Pisídia eles foram muito bem recebidos (At 13.14,15). Paulo, cheio do Espírito Santo, falou sobre a obra salvadora de Cristo.
Foi uma mensagem totalmente diferente de tudo que eles costumavam ouvir, era uma nova mensagem. Todos gostaram tanto que queriam ouvir novamente as mesmas palavras.
Puxa, que recepção agradável. Muitos dos judeus e dos prosélitos creram e seguiram Barnabé e Paulo. Foi um bom começo na Galácia, mas nem tudo é tão simples assim.
No sábado seguinte a recepção não foi a mesma, isso porque os judeus tiveram inveja de Paulo e Barnabé (At 13.45). Perceba que o problema foi a inveja, não a mensagem.
Paulo e Barnabé saíram da sinagoga para falar aos gentios, já que os judeus se encheram de inveja e blasfemavam.
No meio dos gentios, muitos creram e se alegraram com a mensagem cristã, mas aqueles judeus invejosos não se contentaram em atrapalhar só na sinagoga, mas deram um jeito de impedir o trabalho no meio dos gentios.
Com a difamação, Paulo e Barnabé acabaram sendo expulsos da cidade, mas a igreja de Antioquia da Pisídia estava trasbordante de alegria e do Espírito. Esta foi a primeira perseguição na Galácia.
A próxima cidade foi Icônio. Ali os apóstolos pregaram e muitos creram também. Os judeus incrédulos levantaram perseguição contra a igreja, mesmo assim os apóstolos decidiram continuar.
Dessa vez o plano dos perseguidores foi mais duro, eles queriam matar os missionários. Paulo e Barnabé fugiram, mas a igreja permaneceu. Mais à frente, Lucas conta que eles voltaram a essa cidade, confirmando os discípulos e promovendo a eleição de presbíteros (At 14.21-23).
Dali eles fugiram para Listra. Ali, um paralítico foi curado. O povo, tomado pela idolatria, quis adorá-los. Eles rasgaram suas vestes (isto significa que sentiram uma grande tristeza pelo que estava acontecendo) e conseguiram, com dificuldade, impedir que o povo os adorasse.
Mas logo sobreveio a perseguição. Os judeus de Antioquia e Icônio vieram e agitaram o povo para que apedrejassem os apóstolos, o que por fim aconteceu. Paulo foi apedrejado e colocado para fora da cidade, como se estivesse morto. Foi socorrido pelos discípulos e partiu, mas não parou.
Ele foi pregar em Derbe, onde fez muitos discípulos. Depois ele voltou às cidades por onde havia passado. Voltou para estabelecer a liderança daquelas igrejas.
Talvez, na primeira tentativa de perseguição, muitos de nós teríamos abandonado o barco. Afinal, em Antioquia da Panfília tudo era tão bom. Aquela igreja tinha alcançado um bom crescimento.
O melhor seria ter ficado lá no cantinho daquela igreja que já conhecia o ministério dos apóstolos e onde tudo era mais calmo. Mas Deus os havia enviado e eles sabiam que aquele sofrimento era momentâneo e redundaria em louvor, glória e honra a Deus (2Pe 1.6,7).
2. Falta de conhecimento de Deus incita a heresia
Nossa memória costuma ser muito curta. Principalmente com relação às obras de Deus. Vamos refrescar nossa memória.
Quando o povo de Israel saiu do Egito, exatamente por causa das obras que Deus havia realizado, pareceu se esquecer quem ele era assim que se deparou com o Mar Vermelho.
O mesmo aconteceu quando sentiram falta da comida, falta da água. Providenciaram até uma imagem para dizer que era seu Deus, só porque Moisés demorou um pouco para descer do monte.
Não foi diferente com as igrejas da Galácia. Eles passaram por muitas provações, ajudaram os apóstolos que pregaram no meio deles, sofreram perseguições, mas logo se esqueceram da liberdade que temos em Cristo. Veja Gálatas 1.6. Paulo se admira da rapidez com que eles se esqueceram disso.
Começaram a buscar outras coisas como garantia de salvação, dando ouvidos àqueles que queriam perverter sua fé. Tentaram difamar Paulo. Queriam desacreditá-lo para assim pregar suas doutrinas hereges (G1 4-17)
Quais eram essas doutrinas? Alguns judeus da circuncisão começaram a pregar a justificação pela lei e a afirmar que a circuncisão era necessária para a salvação.
Como Paulo rebateu essas heresias? Ele mostrou aos gálatas que em Cristo o preço foi pago. Mostrou que nele foi cumprida a aliança feita com Abraão, representada em seu filho Isaque, que era filho de Sara, mulher livre (G1 4-21-31).
Falou também que Cristo veio para trazer liberdade (G1 5.1), essa é a mensagem do evangelho, a liberdade de toda culpa por meio de Cristo, sem a necessidade de nenhum outro sacrifício (G1 3.11; 5.2).
Paulo, entristecido pelo deslize dos gálatas, afirma que nada, nem a circuncisão nem a incircuncisão, tem proveito para a salvação, mas sim a fé que atua pelo amor (G13.11,20; 5.6).
3. Heresia provoca contenda
Se num belo dia você pega um adulto brincando com terra e colocando na boca, você vai ficar preocupado com a saúde mental dessa pessoa, não vai? Seria muito estranho pegar um adulto fazendo coisas próprias de criança, como usar mamadeiras, colocar tudo na boca, etc.
Parece que isso aconteceu com as igrejas da Galácia, pois já estavam a um bom tempo estabelecidas como igrejas, e estavam mudando de comportamento. Os gálatas passaram por grandes provações no curto período que Paulo esteve com eles.
Mas, com o passar do tempo, parece que toda a doutrina foi caindo no esquecimento. O conhecimento de Deus deu lugar a práticas escravizantes. Por isso, muitas contendas começaram a surgir no meio deles.
Paulo chama a atenção dos gálatas para tudo que eles já haviam passado, lembra como eles agiram no começo (G1 3.3,4) e pergunta se tudo aquilo foi em vão para eles. A intenção de Paulo na carta aos gálatas é trazê-los ao juízo novamente. Queria lembrá-los que não depende da lei, mas da fé em Cristo.
O que você faria com aquele adulto comendo terra? Creio que pelo menos tentaria trazê-lo ao mundo real. Foi essa a atitude de Paulo, orientar os gálatas para que não se afundassem nessas falsas doutrinas e heresias.
Paulo dá uma dica muito simples de como evitar todas as contendas e toda confusão por causa das heresias: “andai no Espírito” (G1 5.16), essa era chave para a solucionar o problema, andar no Espírito.
4. Conclusão
Paulo não pregou na região da Galácia e abandonou as igrejas que ali se formaram. Ele voltou a todas as cidades confirmando os discípulos e estabelecendo líderes para as igrejas. Teve preocupação em manter a igreja organizada. Infelizmente, existiam aqueles que queriam unir à fé suas próprias crendices e isso causou grande transtorno na vida da igreja.
A igreja de Cristo deve se unir para combater perseguições e tudo que se levanta contra a propagação do evangelho, como os cristãos da Galácia fizeram nas perseguições contra os apóstolos.
Outra lição que podemos tirar das igrejas da Galácia é que muitas vezes, deixamos infiltrar em nossas vidas ideias e conversas que alteram doutrinas. Andando no Espírito, conhecendo a Palavra, evitamos os desvios para heresias e evitamos contendas, discórdias entre irmãos. Pois teremos o mesmo pensamento.
Aplicação
Aquele que é salvo por Cristo apresenta em sua vida o fruto do Espírito (G1 5.22,23). Note que é “o” fruto, não são “os” frutos. Todas as características apresentadas - amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio - fazem parte de um só fruto.
Ninguém compra meia mexerica, ou só um gomo dela, a fruta vem inteira. Assim deve ser a vida do cristão, completa.
- Que tipo de fruto você tem produzido?
- Você está pronto a defender a fé cristã contra possíveis heresias e perseguições?
- Agora você sabe como evitar as contendas, está disposto a viver de acordo com outros de sua congregação, mesmo quando parecem ser tão diferentes?
Autor: LEANDRO ANTÔNIO DE LIMA