Texto Básico: Apocalipse 3.1-6; 14-2
Sardes e Laodicéia são as duas cartas que nos faltam, pois a igreja de Éfeso já teve uma lição especialmente para si. Sardes era uma cidade famosa por sua riqueza.
Mas riquezas deterioram. Mais tarde a cidade foi dominada pelo exército persa e depois pelo exército romano.
Quando as cidades concorreram para ver onde seria construído o segundo templo de César, tentaram convencer de que Sardes era o melhor local, baseados na glória passada da cidade.
Laodicéia era um posto na rota das caravanas que iam de Éfeso para o norte da Síria. A lã de ovelha negra (penteada e tecida no local) e a produção de um cataplasma/colírio muito procurado para curar doenças nos olhos também eram fontes de riqueza econômica.
A cidade era conhecida como centro banqueiro e próspera no negócio de câmbio. A história conta que a cidade foi destruída por um grande terremoto em 60 d.C., mas foi reconstruída com recursos dos cidadãos.
1. Sem elogios
O primeiro homicídio foi causado por falta de elogio. Vamos ver Gênesis 4.1-16. Caim e Abel ofereceram sacrifícios ao Senhor.
O de Abel foi agradável, mas veja o que o versículo 4 diz: “ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira Caim, e descaiu-lhe o semblante” e, mais adiante, “Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou” (v. 8).
Por que Deus não se agradou de Caim? Porque ele não ofereceu do melhor, porque ele não escolheu das primícias, como Abel. E deu no que deu.
Essas duas igrejas não receberam elogios, que todas as outras receberam; mesmo as que receberam críticas, também receberam elogios. Mas Laodicéia e Sardes ficaram sem um elogio sequer. Não havia nada de bom para falar delas.
Deve ser muito triste quando uma igreja perde a expressão, perde a beleza de servir ao Senhor. A igreja está aqui como representante dele, para expressar o seu amor, para brilhar como luz, como candeeiro no meio das trevas (Ap 1.12,20).
Essa é a primeira lição que podemos tirar das duas igrejas: não fique sem elogios de Deus¹. Assim como Abel, ofereça o que você tem de melhor, ofereça as primícias, nunca o resto.
E se você sente que já desagradou a Deus, não faça como Caim, ouça a repreensão que diz: "Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo" (Gn 4.7).
Caim não quis ouvir a repreensão, não quis aceitar mudar o rumo, antes, seguiu em seu pecado e, como dizem as Escrituras, “um abismo chama outro abismo”.
2. Críticas
Duas igrejas do Apocalipse ficaram sem críticas, enquanto Sardes e Laodicéia só tiveram críticas. Por estarem inseridas em cidades muito ricas, as igrejas se acomodaram nas riquezas da cidade.
O que ele diz de Sardes?
"Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto... não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus” (v. 1,2b).
Essa igreja achava que estava ativa, achava que só o fato de existir e fazer uma obra aqui, outra acolá, fazia dela uma igreja viva para Deus. Aquela igreja achava que estava viva, mas estava morta. Ela estava apoiada nas posses que a cidade tinha, mas não em Deus.
E Laodicéia?
"Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és momo e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (vs. 15-17).
Nossa! A igreja é morna.
Você já bebeu água morna? Na verdade, qualquer coisa morna é ruim: um refrigerante, um café, um chá, uma sopa, um suco.
A igreja de Laodicéia também estava se apoiando nas riquezas da cidade, achava que não precisava de nada, mas, na verdade, era infeliz, miserável, pobre, cega e nua. Por que tudo isso?
Porque a cidade vivia se gabando de sua riqueza: eles tinham remédio para os olhos, mas eram cegos; faziam roupas, mas estavam nus. E é chamada “morna”, porque a água que Laodicéia vinha de outra cidade, através de tubos e, quando chegava, estava morna, impossível de beber. Assim era a igreja.
Será que não encontramos muitas igrejas nessa mesma situação hoje? E será que nós mesmos não estamos “mornos"?
3. Instruções
Instruções para Sardes: seja vigilante; fortaleça o que resta de bom; lembra do que recebeu e ouviu e guarda essas coisas; se arrependa (vs. 2,3).
A cidade de Sardes foi tomada duas vezes por falta de vigilância, por falta de reparos nas estruturas da fortaleza.
E Jesus diz à igreja de Sardes para ser vigilante, para tomar conta das entradas, para vigiar a fortaleza, não deixar que a estrutura seja abalada. Caso contrário, ele virá como ladrão e não haverá como a igreja escapar, pois ninguém saberá quando nem como ele virá (v. 3).
Instruções para Laodicéia: compre ouro do Senhor, para se enriquecer; vestes brancas para cobrir a nudez; e colírio para que possa ver; seja zelosa, e se arrependa (vs. 18,19).
E, muito importante nessa carta, ele diz que repreende a quem ama, isso significa que está chamando a atenção porque, apesar de estar morna, a igreja é amada dele.
Laodicéia era muito rica, mas a igreja não podia se acomodar a essa riqueza, pois ninguém depende do dinheiro, da posse de bens, para alcançar a salvação. Quando Jesus diz para comprar ouro refinado dele, ele está dizendo que nele está toda riqueza.
Vestes brancas para cobrir a nudez; os laodicenses achavam que estavam muito bem vestidos pelas suas roupas, feitas com sua própria lã, de suas ovelhas negras; e pensavam que estavam enxergando bem, afinal tinham colírios produzidos por eles mesmos.
Nada disso fazia sentido, já que continuavam nus, pobres e cegos, não enxergavam nada da vida espiritual; acreditavam nos seus rituais, quem sabe?
4. Promessas ao vencedor
Na igreja de Sardes havia alguns poucos que não se contaminaram. Esses poucos já tinham garantida as suas roupas brancas e a companhia de Jesus (v. 4).
Promessa para Sardes: “O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei seu nome do livro da vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos” (v. 5).
Promessa para Laodicéia: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono” (v. 21).
Deus promete roupa branca para o vencedor de Sardes, promete pureza, não haverá a mácula da ganância, da arrogância, mas haverá pureza e a certeza de que nunca essa brancura acabará, nem o seu nome será tirado do livro da vida.
E para o vencedor de Laodicéia que, provavelmente, era um simplório, contrário à mania de riqueza dos demais, esse ganharia um lugar ao lado do Pai.
Vencer o orgulho da riqueza é muito difícil, por isso muitas igrejas têm sofrido a agonia da ausência de Deus, porque estão mais apegadas aos bens do que a Deus. Mas aqueles que resistirem, terão uma herança maravilhosa: se sentarão no trono dele, assim como Jesus se sentou após a sua vitória.
5. Conclusão
As cartas às sete igrejas do Apocalipse acabam aqui. Essas cartas são alertas para muitas igrejas, mas, principalmente, são alertas para cada um de nós.
Jesus enviou as cartas, por meio de João, porque amava as igrejas, até mesmo essas duas, pois ele diz: “eu repreendo e disciplino a quantos amo". As sete igrejas estão representando todas as igrejas de hoje.
Tudo o que foi profetizado nas cartas realmente aconteceu a cada uma, porém as cartas são, ainda hoje, profecias para as nossas igrejas.
Aplicação
- Fazendo uma análise da sua vida, Deus tem olhado para você e encontrado elogios para fazer ou só críticas?
- A sua vida com Cristo tem sido ativa ou é aquela coisa morna que nem você aguenta mais?
- Se "sim”, você está disposto a atender às instruções e se arrepender, se tornar zeloso da obra de Deus em sua vida? Se “não”, você tem tomado cuidado para conservar o que tem de bom?
Autor: LEANDRO ANTÔNIO DE LIMA